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Narrativas de subjetividade na escola primária

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Por:   •  3/12/2014  •  Tese  •  6.036 Palavras (25 Páginas)  •  283 Visualizações

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Narrativas en torno a las subjetividades en la escuela primaria

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ENTREVISTA

PERSPECTIVA, Florianópolis, v. 25, n. 1, 171-206, jan./jun. 2007 http://www.perspectiva.ufsc.br

Educação e os estudos atuais sobre letramento

Entrevista concedida por Maria de Lourdes Dionísio* , da Universidade do Minho, a Nilcéa Lemos Pelandré e Adriana Fischer.

Palavras-chave: Dionísio, Maria de Lourdes; entrevistas. Key words: Dionísio, Maria de Lourdes; interviews.

Revista Perspectiva: Professora Maria de Lourdes, o fenômeno do letramento vem sendo discutido no Brasil desde os anos 1980, provavelmente com particularidades que diferem das abordagens sobre essa temática em Portugal. No Brasil, em algumas discussões, ele parece estar relacionado unicamente à alfabetização. Na sua concepção, qual o sentido do termo letramento? Em que ele difere da alfabetização? A partir das suas observações e investigações, os sentidos do letramento são os mesmos no Brasil e em Portugal?

Maria de Lourdes Dionísio: Está sendo divulgada uma posição do Barton1, com certa responsabilidade, na divulgação dos estudos sobre letramento, que no Brasil exclusivamente é conhecido. A profa. Magda Soares2 já se refere e sempre se referiu – David Barton, Mary Hamilton, Street3. Diria eu que é uma posição bem reconhecida, que é relativa ao sentido do letramento. Indica que qualquer tentativa de dizer o que é o letramento ou arranjar uma definição no dicionário é uma tentativa gorada. Isso significa que, certamente, não será fácil uma resposta linear a o que é o letramento. Em todo caso, parece ser consensual, em algumas comunidades de investigação, pensarem o letramento como um conjunto de práticas sociais que envolvem o texto escrito. Esta perspectiva é diferente

* Doutora em Educação pela Universidade do Minho (Braga – Portugal). Professora associada no Departamento de Metodologias de Educação da Universidade do Minho. Diretora da Revista Portuguesa de Educação (Universidade do Minho). Representante de Portugal no Comitê Europeu (IDEC) da International Reading Association. Membro do grupo de trabalho PISA/PIRLS task force da International Reading Association. Presi- dente do órgão diretivo da Littera – Associação Portuguesa para a Literacia. Entrevista concedida a Nilcéa Lemos Pelandré e Adriana Fischer, na UFSC, Florianópolis, em novembro de 2006.

PERSPECTIVA, Florianópolis, v. 25, n. 1, 209-224, jan./jun. 2007 http://www.perspectiva.ufsc.br

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de perspectivas exclusivamente cognitivistas, digamos assim, que defendem que o letramento é um conjunto de capacidades para usar o escrito. O ponto onde me situo é: ver a literacia como um conjunto de práticas sociais, que envolvem o texto escrito, não do ponto restrito da linguagem, mas de qualquer texto. Portanto, aí vamos enveredar por um letramento que é plural, envolve, integra outras linguagens que não é apenas a linguagem verbal através dos textos. Então, o sentido plural localiza essas práticas na vida das pessoas, práticas que são realizadas com finalidades para atingir os seus fins específicos de vida, e não um conjunto de competências que estão armazenadas na cabeça das pessoas.

A alfabetização: esse é um termo que penso que é bem marcado culturalmente no Brasil. Nós, em Portugal, não usamos o termo alfabetização. Já usamos e até reservamos para contextos muito específicos e até, muitas vezes, na educação de adultos, na alfabetização de adultos. Raramente se fala da alfabetização para os níveis iniciais, para os momentos iniciais de aprendizagem da leitura e da escrita. Alfabetização era um conceito que ocorria e que ocorre em certas situações. Por exemplo, quando estamos a nos referir à formação de adultos que não sabem ler nem escrever, e, portanto, esse processo de lhes ensinar a ler e a escrever tem sido designado como alfabetização. Portanto, não é problema em Portugal essa distinção. Aliás, quando essa palavra letramento, na sua forma literacia, apareceu em Portugal, houve algum movimento de dizer que não necessitávamos, uma vez que já tínhamos a palavra alfabetização, que já cobria o que se pretendia com o letramento. Na verdade, era uma concepção ainda restrita de letramento, quando se dizia que era o mesmo que alfabetização. Portanto, não tenho uma grande reflexão, ou parece não existir uma grande reflexão, afinal. Mas para mim é óbvio que, se considerarmos a alfabetização como o processo de dotar os indivíduos dos códigos relativos ao escrito, para os momentos reservados de aprendizado do código escrito, podemos falar em alfabetização – é aprender o código escrito. O letramento, como foi dito atrás, não é a mesma coisa. É uma prática. Pode também ser um processo. É uma prática em que as pessoas usam os textos. Então, esta é a diferença para mim. O letramento não tem, necessariamente, a ver com a escola, como mostram os trabalhos da equipe de Lancaster4, não tem a ver necessariamente com a escola. A alfabetização, parece-me, que tem a ver com a escola.

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Educação e os estudos atuais sobre letramento

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Agora, quando me perguntam se os sentidos são os mesmos em Portugal e no Brasil, eu penso que, da posição que eu adotei, relativo à literacia/letramento, alfabetização, eu penso que sim, que os sentidos são os mesmos. Quando aqui, pelo que tenho lido, pelos diálogos que tenho mantido com os colegas do Brasil, os sentidos são os mesmos. Letramento como práticas sociais, que envolvem o texto, que envolvem a leitura e a escrita. E alfabetização – práticas de escolarização, práticas em que se introduzem as crianças ou os adultos num determinado código.

Agora, o que me parece ser distinto e não me parece a ver com Brasil ou Portugal é que letramento ou literacia, e aqui falo sob ponto de vista europeu, nem sempre é entendido como práticas sociais que envolvem a palavra, o texto escrito. Então, é situado naquele lugar cognitivista de um conjunto de capacidades que os sujeitos podem medir, pesar e que são relativos ao conjunto do escrito. Com todos os problemas que essa perspectiva tem,

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