O Capital Cultural E A Produção Das Desigualdades Escolares Contemporâneas
Por: Kevinny Almeida • 22/3/2023 • Pesquisas Acadêmicas • 1.288 Palavras (6 Páginas) • 122 Visualizações
O CAPITAL CULTURAL E A PRODUÇÃO DAS
DESIGUALDADES ESCOLARES CONTEMPORÂNEAS
Maria Alice Nogueira
NOME: Kevinny Carvalho Garcia[a]
O conceito à prova de novas realidades sociais
As considerações desenvolvidas devem servir de pano de fundo para a atualidade do conceito de capital cultural e para a análise de questões sociológicas em diversos grupos sociais. (NOGUEIRA; AGUIAR, 2008 P.7)
A massificação escolar e seus efeitos
Sabe-se que uma série de mutações modernas - econômicas, políticas e culturais - provocaram mudanças significativas nos sistemas educacionais da maioria dos países ocidentais. A mudança mais profunda diz respeito à massificação escolar iniciada no final da Segunda Guerra Mundial, que consiste na generalização ou pelo menos num forte aumento da cobertura dos diferentes níveis de ensino e na expansão das escolas. Isso se estende às mídias sociais, embora de forma desigual. Na França, alguns autores falaram recentemente sobre a "difusão do ensino secundário", que começou nas décadas de 1980 e 1990 e afeta principalmente o ensino secundário e superior. O que nos interessa aqui é que esta segunda vaga conduz a uma forte diversificação dos percursos escolares dos jovens e a uma mistura de hierarquias escolares, obrigando os participantes no mundo escolar a “repensar a sua posição”. Este fenômeno crescente, que mudou fundamentalmente o ambiente educacional atual, se desenvolve em diferentes dimensões, em sistemas que antes eram reservados a determinados grupos sociais. traz consigo novas programações culturais oriundas da cultura popular, da indústria cultural, das culturas juvenis, entre as quais se destacam:
- A emergência de novas linguagens, por exemplo a cultura digital-eletrônica, que contrastamos com a cultura escolar tradicional, como fonte de desmotivação e de dispersão dos alunos.
- Necessidade de multilinguismo, exigências da era da globalização, novo estilo de vida e mercado de trabalho, aquisição de idiomas e habilidades específicas de comunicação.
- A necessidade de empregabilidade para desenvolver atitudes cosmopolitas a favor da mobilidade geográfica. Trata-se do desenvolvimento do que ele chama de "capital de mobilidade", que inclui traços de personalidade como autonomia, abertura, adaptabilidade, tolerância à subordinação, exigidos pelo "mundo dos cidadãos”. (NOGUEIRA; AGUIAR, 2008 P.8)
Tudo isso tem levado ao surgimento de novas formas de capital cultural, como a cultura digital ou o capital cultural internacional, embora esteja associado a alta cultura. Entretanto, há aqui uma exceção muito importante, que diz a respeito às práticas legítimas de leitura realizadas e exigidas pelas escolas, que ainda são muito rentáveis no mercado escolar. As formas culturais estão intimamente relacionadas à escrita e às habilidades de linguagem que formam a base da socialização na escola e podem aumentar o sucesso na aquisição de conhecimento.
Em sintase, tudo indica que a elite escolar é cada vez menos constituída por 'herdeiros' e cada vez mais por 'iniciados', e os pódios escolares de hoje são ocupados por mais gente do que por disciplinas eruditas. Aqueles que possuem informações relevantes e recursos estratégicos no mundo escolar para poder navegar particularmente bem no labirinto do sistema educacional moderno principalmente a instabilidade e a vulnerabilidade da oferta de emprego qualificado, colocando, para os indivíduos, grandes desafios em relação à empregabilidade.
No plano político, a chamada orientação neoliberal, a desregulamentação e o encolhimento do Estado nas décadas de 1980 e 1990 levaram a uma reforma dos serviços de interesse geral com ênfase nos mercados e na livre escolha dos usuários. No campo da educação, o fenômeno de melhoria geral no desempenho acadêmico teve o efeito mais notável de aumentar a competição nas escolas e a demanda moderna por carreiras escolares mais longas.
Dubet nota que com a massiva expansão das escolas, as famílias procuram “com razão” para os seus filhos o percurso escolar, a instituição de ensino e até a sala de aula que consideram mais eficaz. Em todos os ambientes sociais, o investimento em educação aumenta, embora de formas e graus diversos e com efeitos diversos. (NOGUEIRA; AGUIAR, 2008 p.8-9.)
A resposta das famílias à massificação escolar
Para os pais de alunos, trata-se de dar aos filhos as melhores hipóteses de sucesso, de preferência nas áreas de maior prestígio do sistema educativo. Aos quais são destacados.
- Escolha da escola para crianças. A onde os pais estão investindo cada vez mais em informações ricas e variadas sobre o desempenho do sistema escolar em suas atividades de escolha.
- Estratégias de acompanhamento intensivo da vida escolar das crianças, desde o acompanhamento das atividades dos professores e participação na gestão escolar até ajudando em casa com os deveres de casa e outras atividades exigidas pela escola.
- Trata-se de um conjunto de materiais transcolares e de dispositivos de outsourcing de apoio aos pais (tutoria, aulas de línguas e artes, gabinetes psicoeducativos, tutoria e apoio aos trabalhos de casa empresas, coaching, etc.)
- Há uma demanda crescente por estratégias de internacionalização da educação infantil, geralmente por meio de moedas, que hoje cobrem todos os níveis de ensino. Essas trocas são aplicadas principalmente como "tropismos" em países desenvolvidos e de língua inglesa.
Como se viu nas últimas décadas do século XX, a emergência das chamadas reformas neoliberais conduziu a uma passagem de regimes meritocráticos para regimes custodiais em que o sucesso académico de alunos assenta cada vez mais nos seus méritos e notas. Esforços individuais e, cada vez mais, recursos financeiros e habilidades estratégicas dos pais são usados para tornar as escolas mais competitivas.
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