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O Mundo Do Conto De Fadas

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Por:   •  4/9/2014  •  2.719 Palavras (11 Páginas)  •  816 Visualizações

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O MUNDO DO CONTO DE FADAS

“Dentro de cada um de nós existem: histórias maravilhosas que podem melhorar as nossas vidas e as vidas dos que vivem em nosso redor; histórias que evocam recordações que nos alegram e fazem sorrir ou que nos entristecem; histórias fabulosas que podem desafiar o intelecto; histórias magníficas à espera de sair cá para fora, se deixarmos. Agora, mais do que nunca, acredito que as histórias podem ajudar-nos a enfrentar as dificuldades da vida e contribuir para a nossa transformação numa sociedade melhor, numa humanidade melhor e num mundo melhor. Quando se conta uma história maravilhosa, a magia acontece.”

(Stuart Avery Gold Ping, uma rã à procura de

um novo lago Lisboa, Editorial Presença, 2006).

Existia um menino com poucas condições financeiras, e sonhava ser ator. Tinha como distração predileta assistir histórias populares que eram encenadas por seu pai, um sapateiro, onde passava seu teatro confeccionado com material de papelão. Após a morte de seu pai, o sonho ficou distante,porque seria ele o responsável pelo sustento de sua familia. Certo dia, o garoto partiu para bem longe e passando fome e frio até que conheceu um homem que pagou seus estudos e viagens pelo mundo. O garoto não se tornou ator, mas ficou rico e famoso escrevendo histórias infantis, conhecido como dinamarquês Hans Christian Andersen (1805-1875), escreveu vários contos, como O Patinho Feio. Também é autor de cerca de 160 contos e seis romances, além de poesias e de uma autobiografia. Sua obra foi traduzida para mais de 100 línguas.

Seus contos teem como característica a leveza na poesia e na melancolia com que trata o sofrimento infantil. Os escritores que o antecederam, como o francês Charles Perrault (1628-1703) e os irmãos alemães Jakob (1785-1863) e Wilhelm Grimm (1786-1859), apenas registravam no papel as histórias já contadas oralmente pelo povo, como Chapeuzinho Vermelho. Andersen é definitivamente o primeiro escritor infantil. O aniversário de 200 anos do autor é uma oportunidade de desenvolver um projeto de leitura na escola e de explorar as características dos contos de fadas — gênero literário que dá ao leitor oportunidade de encontrar significado para a vida.

O conto de fadas é marcado por animais que falam, fadas madrinhas, reis e rainhas tambem não podem faltar, assim como a introdução "era uma vez". As narrativas se passam em um lugar distante — "muito longe daqui" — e têm personagens com nomes comuns ou apelidos, como João e Chapeuzinho Vermelho. Esses elementos facilitam a memorização e tornam a narrativa apropriada à oralidade. "No conto maravilhoso, o leitor é transportado para um mundo onde tudo é possível: tapetes voam e galinhas põem ovos de ouro. Essa é a magia da fantasia", explica Lilian Mangerona Corneta Rotta, mestre em literatura pela Universidade Estadual Paulista.

De acordo com Bruno Bettelheim, o conto de fadas tem um efeito terapêutico na medida em que a criança encontra uma solução para as suas dúvidas através da contemplação do que a história parece implicar acerca dos seus conflitos pessoais nesse momento da vida.

O conto de fadas não informa sobre questões do mundo exterior, mas sim sobre processos interiores que ocorrem no âmago do sentir e do pensar.

E as crianças entendem bem a linguagem dos símbolos dos contos. São elas que inventam no seu dia-a-dia o jogo do “faz de conta” e tantos outros que as divertem e distraem em tempos vividos entre a imaginação e a realidade.

São elas que necessitam de contrapontos para situarem a sua própria vivência e o seu equilíbrio. Talvez por isso não se deva “explicar” à criança o sentido dos contos de fadas. As imagens e as acções são “as palavras explicativas” dos contos de fadas.

Quem não se lembra da aflição que sentiu ao ouvir contar que, “de repente, a menina se viu perdida na floresta”? A criança que escuta atentamente a história logo se sente e imagina também perdida naquela mesma floresta imensa e desconhecida.

Quem conta a história vê-se envolvido em todo este processo. Um adulto que goste de contar histórias não escapa ao seu próprio fascínio e descobre a cada momento, a cada pausa, o efeito que as suas palavras e a sua expressão provocam nele mesmo e na criança que ouve, de olhos maravilhados. As fadas dos contos podem ser fadas boas ou fadas más.

A fada é sempre, para qualquer criança, uma certa imagem da sua própria mãe. Em primeira análise, porque é ela quem a acorda de manhã, lhe dá de comer e de beber, a veste e a embala. Mas esta “fada” que a criança pressente na sua mãe, nem sempre lhe aparece com cara radiante! Quando a criança se porta mal, a mãe zanga-se com ela. E na ansiedade da vida de todos os dias, quantas vezes a mãe, cansada e desiludida, não se zanga com ela um pouco injustamente!

A criança revolta-se. E quando se é criança, qualquer pequena revolta pode ser profundamente violenta. A mãe pode aparecer de repente como a fada má. Fada má e fada boa ao mesmo tempo podem ser imagens projectadas.

Diz ainda Bettelheim que a divisão de uma pessoa em duas, a fim de manter a boa imagem inalterada, surge a muitas crianças como solução para um conjunto de relações demasiado difíceis de digerir ou compreender.

Quando uma criança se irrita com a mãe que ela adora, sabendo muito bem que não deveria irritar-se, está sem o saber a transformá-la em fada má ou em bruxa, ao mesmo tempo em que preserva no seu íntimo, a imagem da sua mãe inteiramente boa ou fada benfazeja. A fantasia da bruxa serviu-lhe para escoar toda a sensação de raiva que sentia, e para deixar liberta a imagem da mãe.

A criança, aliás, “divide” as pessoas que a rodeiam em boas e em más. “Divide-se” a ela própria, quando não se assume como culpada de coisas que fez e que a desgostam: chega a afirmar que não foi ela quem fez isto ou aquilo (que realmente fez).

É a preservação do lado bom contra o lado mau. A fada má, a bruxa, a madrasta das histórias de fadas, são tão necessárias como a fada boa, o pai compreensivo, a mãe adorada, o príncipe encantado.

Os contos de fadas garantem à criança que as dificuldades podem ser vencidas, as florestas atravessadas, os caminhos de espinhos desbravados e os perigos mudados, por mais pequeno e insignificante que seja quem pretende vencer na vida. E a criança, desprotegida por natureza, sente que também ela pode ser capaz de vencer os seus secretos medos, as suas evidentes ignorâncias.

Assim, aprende a aceitar melhor as pequeninas desilusões que vai encontrando no seu dia-a-dia,

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