O filme explora a relação entre professor e aluno

Filme explora relação entre professor e aluno

Longe de salas informatizadas e brinquedos sofisticados, ainda existem no interior da França escolas nas quais em apenas uma sala se reúnem, sob a tutela do mesmo educador, todas as crianças da região. Juntos, alunos de 4 a 10 anos, compartilham uma educação intimista, voltada a um aprendizado coletivo.

Apesar da diferença etária, a serenidade do professor e a influência da família criam um ambiente lúdico, onde cada criança constrói seu próprio conhecimento frente às atividades curriculares que extrapolam os limites da sala de aula. Essas escolas não apenas mostram que a educação depende dos educadores que a compõe, como também que a criatividade deve ser o instrumento mestre de toda a vivência escolar.

Essa prática pode ser vista no documentário “Ser e Ter”, merecidamente um dos selecionados oficiais do Festival de Cannes, 2002. Esta semana, o filme será exibido durante o ciclo do francês Nicolas Philibert, no CineSesc, em São Paulo. No evento, além de assistirem à produção, os espectadores poderão conhecer um pouco mais do diretor, que comparecerá pessoalmente.

Neste sensível documentário, o diretor faz um verdadeiro elogio à aprendizagem coletiva e ao respeito pelo outro, quando nos coloca no lugar de crianças em pleno processo de formação do conhecimento e da identidade pessoal. Trata-se da metodologia pedagógica de Georges Lopez, professor que conduz as crianças, com paciência até a adolescência; participando de suas discussões e escutado os problemas de cada um. Vê-se aí, a face mais modelar de como se pode trabalhar com a heterogeneidade discente.

Embora esteja em desuso atualmente, esse tipo de prática escolar guarda segredos que os professores de hoje procuram desesperadamente. Os relatos emocionantes do cotidiano escolar, por vezes hilários, mostrados no filme, podem ser muito mais esclarecedores do que palestras realizadas em grandes feiras sobre educação.

Desta forma, no frigir dos ovos, a produção tem um saldo bastante positivo. Ao resgatar a história do educador Georges Lopez, Philibert presta um serviço a muitos professores que parecem ter esquecido as bases da convivência escolar. Mesmo aqueles que não gostem da produção, não podem negar a importância do filme como um olhar mais do que necessário para a educação.

FILMES DE NICOLAS PHILIBERT – Mostra com filmes do diriridos por Nicolas Philibert. Sexta, às 15h30, sábado, às 19h, domingo, às 21h30, A Cidade Louvre/90, dur. 85 min.; sexta, às 17h30, domingo, às 14h30, Um Animal, os Animais/94, dur. 59 min.; sexta, às 19h, sábado, às 15h, domingo, às 16h, O País dos Surdos/92, dur. 99 min.; sexta, às 21h, sábado, às 17h, Ao Menos Isso/96, dur. 105 min. Domingo, às 18h, Ser e Ter/2002, dur. 104 min., em seguida encontro com o diretor. De 6.ª a dom. Grátis. CineSesc (R. Augusta, 2.075. 3082- 0213). Até domingo.

(Rodrigo Zavala – 26/09/2003)