O rapaz do campo que vivia na cidade
Por: Inês Naruse • 25/9/2016 • Abstract • 657 Palavras (3 Páginas) • 310 Visualizações
O rapaz do campo que vivia na cidade
Ele estava debruçado na janela a observar a cidade. Um meio que lhe era estranho, cheio de agitação num vai e vem de pessoas que por ali passavam, de carro ou a pé. Tudo lhe parecia tão aborrecido lá fora, mas a realidade era a mesma cá dentro. Os pais atarefados com as preocupações habituais e as mesmas lamentações, o almoço feito á pressa pela mãe enquanto esta se queixava que iria chegar tarde ao trabalho, o pai com os seus queixumes da empresa de negócios de que fazia parte. Tudo era muito regular e cinzento. Nada mudava e dia após dia ele ia ficando mais solitário. A doença já não ajudava e apesar dos esforços dos pais para o fazer sentir-se bem, ele não se sentia de todo. Ele não gostava desta vida, desta rotina. Então, um dia, quando os primeiros raios de luz atingiram a janela do seu quarto, ele levantou-se. Preparou-se como em qualquer outro dia de que ele não gostava e pegou numa mochila. Uma mochila grande, com espaço sufeciente para levar as suas coisas mais importantes. Tomou o pequeno-almoço juntamente com os pais sem dizer palavra ou som. E quando tudo já estava calmo e tinha a certeza de que os seus pais estariam já longe, pôs a sua mochila grande ás costas deixando um envelope na mesa principal, com uma carta de despedida. Depois de tomada essa decisão, ele não podia voltar atrás com a sua palavra. Então foi seguindo pela rua agitada que lhe aborrecia e desconcentrava dos seus profundos pensamentos. Já tinha tudo planeado. Já não era a primeira vez que pensara em partir, sendo que já tinha bilhetes para o lugar onde sempre desejara viver. Foi de comboio que ele chegou á pequena terra onde tinha passado parte da sua infância com o seu avô. Ele tinha um encanto muito especial pelo avô. Era ele, o avô Miguel, que lhe ensinará a apreciar a natureza e a ter gosto pelo campo. Contente por estar de volta após todo este tempo, sorriu verificando que nada havia mudado desde que partira para a cidade. Não pode perder mais tempo, ele mal podia esperar por ver o Avô Miguel, por ouvir as suas histórias sábias e ternas sobre a sua vida de miúdo e como tudo era tão mais honesto na sua época. O avô Miguel sorriu ao ver o neto soltando uma pequena gargalhada enquanto o abraçava.
- Há quanto tempo...- relembrava o avô Miguel.
- Pois é. Mas tu sabes bem porque voltei avô. Tu sabes bem, que eu não viveria naquela cidade da barafunda e de agitação durante muito mais tempo. Sabes bem, que eu gosto é de estar aqui no campo junto a ti.
- Pois sei, pois sei. Mas a tua mãe nunca gostou do campo. Quando ela era pequena tentei ensina-la a gostar disto, desta vida honesta onde depois de um dia árduo de trabalho ao sol chegamos á noite felizes e cansados, mas sobretudo orgulhosos pelo o que fizemos. Eu posso não perceber nada das coisas que vos ensinam hoje na escola, nem das tecnologias atuais, mas a minha experiencia de vida e o meu campo é sufeciente para mim, e estou feliz assim.
- Como eu te compreendo, avô Miguel. Mas não te massacres mais. De agora em diante, viveremos juntos aqui no campo, trabalharemos os dois ao sol, jantaremos os dois devagar, cansados e felizes, e agradeceremos todos os dias por sermos tâo sortudos em termos comida, casa e uma vida honesta.
- Obrigado, meu neto. Agradeco-te imenso o que estás a fazer por mim.
- De nada avô, mas só se me contar aquela história sobre a sua infância.
- Claro que conto, se for preciso, conto-a mais que uma vez, mas isso será noutra história porque agora esta, chegou ao fim.
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