PROJETO MULTIDISCIPLINAR

No panorama educacional, aparece com freqüência o uso dos termos teoria e prática, especialmente, no contexto de formação de professores, visto que eles expressam de forma substancial, o pensar (cognição) e o fazer (ação) tão presentes no processo ensino aprendizagem. Particularmente, ao se discutir a prática de ensino e o estágio – as suas concepções, os modos de organização e as suas relações com os demais componentes curriculares, a questão da relação teoria e prática emerge e as visões que se têm acerca dessa relação determinam as ênfases que serão dadas aos currículos e à prática educacional no processo de formação do professor. Portanto, para explicitar estes termos, existem inúmeros conceitos utilizados por alunos e professores advindos de diversas correntes filosóficas de pensamento, o que implica muitas vezes em ausência de clareza etimológica e epistemológica, que conduz a banalizações, ou seja, a um uso vazio de sentidos.

Ambos os termos derivam do grego, possuindo “teoria” o sentido de observar, contemplar, refletir, enquanto a palavra “prática”, provinda de “práxis”, relaciona-se ao agir e, principalmente, à ação inter-humana consciente (CANDAU e LELIS, 1999). Para compreender a origem, que compõe o amplo significado, de teoria e prática é preciso, mesmo que brevemente, buscar no movimento histórico da humanidade a explicação para a existência de uma teoria e de uma prática essencialmente humana. Deste modo, compreende-se, com base nos conhecimentos acumulados, o início da produção do conhecimento teórico que se encontra correlacionado à necessidade de se produzir os primeiros instrumentos de trabalho, assim como às exigências das primeiras práticas produtivas. Retrocedendo no tempo, foi com a sociedade escravista que teve lugar a divisão de classes, criando condições para que juntamente com o aperfeiçoamento dos instrumentos de produção fossem colocadas tarefas teóricas, intimamente ligadas pela ação produtiva. “Desde então até nossos dias, o progresso do conhecimento teórico, e inclusive as formas mais elevadas da atividade científica, aparece vinculado às necessidades práticas dos homens” (VÁZQUEZ, 2007, p. 244).

Analisando a importância que a teoria e a prática possuem no desenvolvimento das ações humanas, partimos para a utilização de ambas na formação docente. Assim, refletir sobre a formação do professor na atualidade implica pensar um processo amplo e difícil, especialmente, quando se discute a teoria e a prática durante os cursos de formação. Pimenta (2001) afirma que a denúncia está mesmo em que os cursos não têm a teoria e nem a prática.

A autora traz à tona a discussão, a respeito dos termos teoria e prática na tentativa de revisar tais conceitos para a mobilização de ações na área educacional. Para tanto, ela questiona a forma como os estágios vêm sendo desenvolvidos, não passando de uma prática instrumentalizadora, tornando o estágio burocratizado pela ausência de idealização.

O estágio, por muitas vezes, é encarado como a parte final de um curso, sobretudo nos cursos de licenciatura, e também se tem a idéia de que a prática seja o estágio, que utiliza a “teoria” adquirida durante todo o curso de formação. Sobre esse aspecto, Pimenta e Lima (2004), afirmam que:

A prática pela prática e o emprego de técnicas sem a devida reflexão