Preparação de CBAS
Tese: Preparação de CBAS. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: limavers • 6/1/2014 • Tese • 1.174 Palavras (5 Páginas) • 214 Visualizações
Já a década de 1960 representou um período de mudanças, inclusive na reformulação do código de 1947 para o de 1965, aprovado um ano após o golpe militar, sofrendo reflexos da ditadura. As mudanças no documento direcionam a importância de zelar pela família, visando à harmonia, o equilíbrio e a paz social (AGUIAR, 1995). Assim, carregado de caracteres da ideologia da autocracia burguesa (PAULO NETTO, 1991), o Código de 1965 consolida sua missão: conservar toda estrutura ideológica, a partir do contexto da autocracia burguesa, como forma ídeo-política do conservadorismo burguês.
Perpassando o período da ditadura, o movimento de reconceituação foi "um fenômeno tipicamente latino-americano na década de 1965, dominado pela contradição ao tradicionalismo profissional, implicou um questionamento global da profissão" (IAMAMOTO, 2007, p. 205-206).
Na década de 1970 dando continuidade a luta da categoria acontece o seminário de Teresópolis que discutiu a metodologia utilizada pelo Serviço Social, na perspectiva de uma atuação critica e contra o positivismo. Em 1975, revisado o código de 1965 aparecem os direitos do profissional, mas com a mesma visão Neotomista da igreja católica e com a postura ética do profissional em relação a seus colegas de profissão.
Cabe destacar aqui que o movimento de ruptura experimentou nos anos 1960/1970 seu tímido, mas importante início, só se concretizando com a erosão do sistema governamental vigente, ou seja, o início da queda do governo militar. Paulo Netto (2005, p. 17) descreve de forma clara e evidente a erosão do governo militar na segunda metade da década de 1970,
[...] quando a ditadura começa a experimentar a sua erosão, que se fazem sentir no Brasil as ressonâncias das tendências que, na Reconceituação, apontavam para uma crítica radical ao tradicionalismo e essas ressonâncias reverberam tanto mais quanto avançam as forças democráticas na cena política nacional, com claríssimas implicações no interior da categoria profissional.
Esta ressonância no meio profissional só é realmente fortalecida e legitimada com o enfraquecimento da ditadura militar, porém seu processo histórico ainda aponta o intento de romper com o tradicional desde o início dos anos de chumbo da ditadura, aflorando de forma mais aberta no final da metade dos anos 1970.
Efetivamente, os seminários, colóquios e congressos realizados pelas entidades de classe do Serviço Social (CFAS, CRAS, ABESS e ENESSO), foram pontos importantes do debate profissional, quando a categoria adensou-se na discussão do seu agir profissional, articulado com a CENEAS, questionando seu espaço sócio-ocupacional na divisão social e técnica do trabalho, inclusive discutindo seu piso salarial. No III CBAS, fica claro que a intenção de ruptura consolida-se no âmbito profissional, pois neste Congresso conhecido como o "Congresso da Virada", a categoria repudia veementemente a posição conservadora da Coordenação do evento, (CFAS apud GUIMARÃES, 1997, p. 41) enfatiza a avaliação do evento:
1. a preparação da III CBAS, que não garantiu a consulta aos assistentes sociais, através de discussões amplas e democráticas;
2. a forma de organização, que impediu a participação maciça dos profissionais, pois o preço cobrado para a inscrição do Congresso e as demais despesas (passagens, estadia e alimentação) não condizia com a realidade salarial da maioria dos assistentes sociais brasileiros;
3. a limitação à participação dos estudantes de Serviço Social, principalmente daqueles próximo à conclusão do Curso, que não só têm interesse e necessidade de discutir com a categoria como podem contribuir no debate sobre os rumos da profissão na realidade brasileira;
4. a definição do tema, considerando que os assistentes sociais não participaram da sua escolha, não podendo assegurar a linha, as diretrizes e o posicionamento que contribuam para a busca de uma posição política coerente com o momento histórico;
5. o repúdio ao convite de honra feito aos representantes do governo, principalmente ao Ministro do Trabalho, Murilo Macedo, que assume atitudes patronais e repressivas, tendo determinado a intervenção nos sindicatos, numa tentativa de impedir a emancipação dos trabalhadores. Tais medidas e outras punições atingiram duramente líderes sindicais, em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Distrito Federal, decorrentes da política governamental que reprime manifestações populares.
Neste momento a profissão mostra um amadurecimento e adensamento crítico depois de décadas de alienação, patrocinada pelo bloco no poder dominante, consegue superar-se, questionando de forma crítica e propositiva
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