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RESENHA DOM CASMURRO

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Por:   •  30/5/2014  •  1.817 Palavras (8 Páginas)  •  572 Visualizações

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DOM CASMURRO

AUTOR: Machado de Assis

Personagens:

- REDONDOS: Bentinho e Capitu.

Apresentam características fortíssimas com relação ao comportamento do ser humano revelando uma faceta íntima e subjetivas, difíceis de serem colocadas a prova e a julgamento e como diz o próprio Bentinho: “leitores das minhas entranhas”. São personagens bastante complexos o que coloca Machado de Assis no patamar da universalidade através de Bentinho a quem incumbiu a responsabilidade de se revelar a si mesmo e aos outros, com uma análise profunda de seus personagens que ora se aproxima de Deus ora do Diabo; ora do amor ora do ódio; ora da união ora da repulsa numa intensidade gigantesca que chega ao limiar da efemeridade e fugacidade da vida.

- PLANOS: Sr. José Dias, Tio Cosme, Prima Justina, D. Glória,

Escobar, Sancha, “Capituzinha” e Ezequiel

São personagens menos complexos, caracterizados com poucos atributos.

TEMPO: Cronológico – Linear

A história passa-se no século XIX, um tempo em que o homem tinha em mente a moralidade justificando toda e qualquer atitude. As pessoas eram julgadas pela aparência, de forma que a moral e os bons costumes se sobrepunham a toda e qualquer forma de julgamento. Uma cultura voltada para o cumprimento das regras sociais e culturais.

- ESPAÇO: Na cidade do rio de janeiro, mais especificamente,

à rua mata-cavalos

- NARRADOR: 1ª. pessoa – o personagem central da história é o próprio narrador por isso é classificado como protagonista.

ENREDO:

O desafio que se formou à cerca desse livro dividiu-se em duas correntes de leitores e críticos literários: “Capitu traiu ou não seu amigo e marido Bentinho”; há os que condenam Capitu e os que defendem a espantosa menina de “olhos oblíquos e dissimulados”.

Dom Casmurro é um livro que conta através de seu narrador-personagem Bentinho uma história comum de adultério que pela genialidade de seu autor não se “constitui apenas por um livro mas por vários que se escondem uns dentro dos outros de forma a permitir a cada leitor e a cada leitura uma impressão diferente que vai mudando de acordo com o tempo”.

Em 1857 na casa da Rua dos Mata-Cavalos a narrativa sobre a adolescência de dois amigos e vizinhos, Bentinho e Capitu, que eram impedidos de assumirem o seu namoro, pelo fato de D. Glória mãe de Bento Santiago ter feito uma promessa no momento de seu nascimento, que, se o mesmo vingasse iria para o seminário.

Com a morte do pai de Bentinho, quando o mesmo tinha nove anos, ficou morando na casa o Sr. José Dias, Tio Cosme e a prima Justina. Mas a idéia de sua mãe metê-lo no seminário continuava e era reforçada por José Dias sempre. Pois, o mesmo já havia desconfiado do “namorico” de Bentinho e Capitu. A mãe, nessa época, não falava mais do seminário por se sentir só e resolvera envelhecer antes da hora.

Bentinho e Capitu viviam sempre juntinhos, tentando escapar das desconfianças dos vizinhos e principalmente de José Dias, que demonstrava atento a qualquer atitude deles.

A história se desenrola num namoro às escondidas de adolescentes. Capitu se mostra uma menina altiva, esperta, bonita e aos olhos de Bentinho dissimulada, inteligente, observadora, capaz de se safar e sair facilmente de qualquer situação, colocando assim, Bentinho numa posição inferior, submisso ao seu amor; e Bentinho numa demonstração absurda de ciúme, o que o levou a algumas discussões e choros que acabavam em desculpas por parte de Capitu e faziam as pazes sempre. Bentinho era inseguro, filho obediente, incapaz de magoar à mãe e era fiel ao amor que sentia por Capitu. Ela e sua mãe eram as mulheres mais importantes de sua vida, mas se fosse para escolher entre as duas ficaria com Capitu num pacto de amor eterno selado por eles.

O romance psicológico, “descobria todos os mantos da superficialidade do ser humano”. Suas dúvidas, suas iras. Os sentimentos mais profundos e mais cruéis também. Os desejos e os anseios bons e ruins. Estão presentes nele tudo que se pode fazer por amor, com seus paradoxos e dúvidas com relação ao seu “eu” mais profundo, com perguntas reflexivas ou não. Bentinho demonstrava um grande sentimento de inferioridade por se comparar a Capitu que tinha coragem de dizer tudo o que vinha a mente e ele nem sequer ousou dizer a mãe do seu amor: suplicá-la que não o mandasse para o seminário; porque não se sentia capaz de abrir seu coração nem a sua mãe nem ao Sr. José Dias, que era querido por todos, e no momento era sua única salvação.

Não teve jeito foi para o seminário e chorava todos os dias de saudade de Capitu. E ela contradizia os sentimentos do amado manifestando-se sempre alegre e saltitante como se estivesse feliz por estar longe dele. Bentinho pediu ajuda ao José Dias para tirá-lo de lá. Fez amizade com Escobar, que era um homem de negócio e estava no seminário para estudar. Os dois trocaram confidências e Bentinho falou se Capitu. Nesses meses passados no seminário foram divididos entre a tristeza de estar longe de Capitu e a alegria dos fins de semana, quando iria encontrá-la. Ficava pensando e até perdia o sono imaginando uma maneira de sair de lá e poder se casar com ela.

Finalmente, depois de algumas tentativas em vão, por parte de José Dias, de convencer D. Glória a desistir da promessa, teve uma idéia que deu certo. Concluindo que naquelas alturas ela já estava bastante arrependida da promessa, que até ficou doente pela ausência do filho e principalmente em saber que Bentinho estava infeliz, José Dias resolveu lhe dizer que se o problema era a promessa tudo estaria resolvido, pois ela poderia bancar os estudos no seminário, para um garoto pobre, órfão, e ele se tornaria padre no lugar de Bentinho. E assim foi feito e Bentinho saiu do seminário e depois dos estudos casou-se com Capitu. Nos primeiros anos foram felizes e a sua amizade com Escobar se tornou sólida, pois o mesmo se casou com Sancha, a melhor amiga de Capitu. Bentinho se formou advogado e Escobar com seus negócios viviam sempre um na casa do outro. Escobar e Sancha foram os primeiros a ter uma filha e o outro casal morria de inveja deles por não ter recebido a graça de poder continuar as suas descendências através de um filho “feio, mirradinho que fosse”, segundo a fala de Bentinho. Depois de tantas rezas de Capitu finalmente veio o filho Ezequiel, que foi muito amado e bem-vindo por eles. O garotinho não era nem feio, nem mirradinho como pedia Bentinho nas suas orações; era bonito e forte.

Mas em nenhum momento dessa vida feliz que eles tinham, Bentinho deixava de demonstrar o seu caráter, a sua posição inferior de se colocar no mundo, os seus ciúmes e desconfianças que não cessavam nunca.

Escobar se mudou para uma casa próxima a de seu amigo, quando as visitas foram ficando mais constantes e as desconfianças em relação à Capitu aumentando. Ficou muito aborrecido com a presença de Escobar em sua casa que foi flagrada pela sua chegada inesperada, e também, o dinheiro que Capitu não soube explicar de onde veio, por se tratar de uma grande quantia e ela com desculpas de ter sido as economias que fizera do que recebia para as despesas da casa.

O ponto culminante dos fatos relatados pelo narrador-personagem estava cravado na semelhança do filho com Escobar, inclusive o seu comportamento e a cabeça boa para a aritmética que Bentinho invejava tanto no amigo. E agora o filho tão amado era motivo de repulsa, o que levou Bentinho a levar o filho a força para um colégio interno como fizera a sua mãe quando o mandou para o seminário. Nas visitas de fim de semana Bentinho chegava em casa mais tarde, depois que o filho estava dormindo.

O menino crescia e junto com ele, cada dia mais parecido com seu amigo.

Nesse momento já não dava mais para esconder o quanto Ezequiel era igual a Escobar tanto que todos de sua família, inclusive sua mãe, já o tratava diferentemente e não tinha mais a mesma afeição e simpatia por Capitu.

Escobar morre afogado num dia de mar bravio e Bentinho não gostou da atitude de Capitu no velório do amigo, pois achou que ela lançava olhares apaixonados para o defunto.

Capitu não agüentava mais as desconfianças e os maus tratos do marido, reforçados com a repulsa que sentia pelo filho que Capitu propôs ao homem que havia jurado amor eterno, a separação. Como Bentinho não podia demonstrar aos outros e a família a suposta infidelidade da esposa, resolveu ir para a Europa, não para um passeio, mas para definitivamente se separar de Capitu e seu filho, que não mais possuíam o amor de esposa e filho.

Deixou-os na Suíça com a desculpa de que Ezequiel precisava estudar e Capitu devia acompanhá-lo. Foram abandonados lá e Capitu escreveu várias vezes suplicando ao seu amado que fosse visitá-los e ele chegou a embarcar algumas vezes mas não foi vê-los.

Bentinho se tornou casmurro e um dia inesperado recebeu a visita de seu filho já adulto, vestindo luto pela morte da mãe que foi enterrada na Suíça. E o coração de Dom Casmurro há tempos estava duro e seco. Desejou que seu filho também estivesse morto como quando criança quis matá-lo oferecendo um café com veneno, não se comoveu nem com a morte de Capitu nem com a presença do filho que não via há anos e já os havia matado, a ele e a sua mãe, dentro de seu coração. Desejou que ele tivesse lepra. A morte do filho acabou acontecendo 11 meses depois numa viagem para fins de pesquisa científica, quando pegou febre tifóide e foi enterrado em Jerusalém.

Por fim, Bentinho se tornou definitivamente Dom Casmurro, sozinho e somente em companhia de suas lembranças.

Não li Dom Casmurro com a intenção de desvendar a rede de mistérios que foi relatada sob responsabilidade de seu narrador-personagem Bentinho, mas com o intuito de aprender a conhecer um pouco mais sobre a alma humana, até porque tomar partido de Capitu ou Bentinho eu estaria apenas batendo de frente com a genialidade do nosso maior escritor que é Machado de Assis. Contudo uma lição tirei com essa leitura, que é aprender a superar as dificuldades, aceitar o que não pode ser mudado e fazer sempre o possível para não “perder a ternura jamais”.

Dois caminhos apenas podem ser seguidos quando nos deparamos com obstáculos e provações divinas. Um pode nos levar ao crescimento interior e a um caminho mais suave de resignação e aceitação dos desígnios de Deus, com amor, luta e sempre acreditando nas soluções dos problemas sem permitir que montanhas gigantescas nos afastem do amor próprio e dê lugar para o ódio e a solidão. E o outro, é deixar crescer dentro de si o monstro da infelicidade concretizado a um desejo infantil de receber do mundo e dos outros coisas que não somos capazes de dar como fez Bentinho ao se tornar Dom Casmurro.

BIBLIOGRAFIA

- Dom Casmurro – Machado de Assis –

- Editora L&PM POCKET

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