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RESENHAR - Texto Cópia e Pastiche

Por:   •  19/9/2019  •  Resenha  •  1.356 Palavras (6 Páginas)  •  1.209 Visualizações

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DINIZ, Debora. MUNHOZ, Ana Terra Meija. Cópia e Pastiche: plágio na comunicação cientifica. Revista Argumentum, Vitória (ES), ano 3, v. 1, p.11-28, jan./jun., 2011.

          Debora Diniz é antropóloga, professora da Universidade de Brasília e pesquisadora da Anis – Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero. Escreveu, com Ana Terra Meija Munhoz, o livro Plágio: Palavras Escondidas (LetrasLivres e Fiocruz, 2014).

          Ana Terra Meija Munhoz é linguista, especialista em gramática avançada, produção e revisão textual pelo Centro de Estudos em Educação, Linguagem e Literatura (CEELL) e pesquisadora da Anis – Instituro de Bioética, Direitos Humanos e Gênero.

          O artigo analisado trata do tema plágio na área cientifica, onde as autoras abordam diversos exemplos de plágio, com ênfase na cópia e no pastiche. Trata-se de uma crítica aos reprodutores ilegais de conteúdos de outros autores. A base de toda a argumentação das autoras é a ênfase no fato de a cópia e o pastiche serem práticas totalmente foras da moral e ética no ambiente acadêmico, que mostra que aqueles que as fazem são míseros preguiçosos intelectuais. O artigo é repleto de referências de autores que fizeram trabalhos na área da ética e traz exemplos concretos de que o plágio está fortemente presente na vida acadêmica.

          A obra é dividida em tópicos para que o leitor possa compreender cada etapa com eficiência. No início do texto o plágio é abordado como um fenômeno acadêmico que todos já tiveram acesso, de pesquisas escolares à teses de doutorado. Essa prática é muito antiga, a própria palavra “plagiador” remonta aos tempos de escravidão, onde esse indivíduo roubava escravos, e posteriormente “plagiador” era o indivíduo que copiava poemas. Atualmente esse fenômeno vem sendo facilitado (tanto a sua prática, quanto a sua descoberta) através das mídias sociais.

          Na comunicação cientifica, diferentemente das produções literárias, as regras são muito rígidas em relação às práticas de plágio. Na literatura, ideias semelhantes podem ser consideradas inspirações, a cópia criativa pode somar ao conteúdo original ideias que se casam. Já na comunicação cientifica, há regras para citação de palavras alheias, paráfrase, estética e ética do texto. Nesse conjunto de regras a comunicação cientifica se mostra contra o plágio.

          No próximo tópico, intitulado de “A Voz do Autor” é abordado como se espera que seja um autor do campo cientifico. Para as autoras, no meio acadêmico não se espera que um autor se preocupe intensamente com questões estéticas (como é o caso das produções literárias), mas que sejam capazes de se comunicar através do estilo acadêmico, respeitando regras para fichamentos, resenhas, teses, dissertações, entre outros. Entretanto, com essas questões muitos autores do meio acadêmico acabam por se tornarem meros cumpridores de regras, reprodutores de métodos e técnicas, que não trazem belezas em seus textos. É importante frisar que até mesmo em textos acadêmicos é importante a originalidade e elegância nas criações, simultaneamente ao cumprimento do modelo normatizado para a comunicação cientifica.

          Posteriormente, o texto aborda a questão da “memória literária”. A memória literária é a capacidade de um autor de conhecer a cadeia de influências e as ideias anteriores às suas como ponto de partida. O autor deve buscar questões que ainda não foram respondidas, pois não é de interesse dos leitores algo que está saturado. Porém, para isso, ele precisa de fontes de pesquisa, o que, muitas vezes, acarreta o plágio. Todo escritor precisa de ideias e citações, mas é preciso utilizar esses métodos com as regras básicas de referência de textos. No artigo são citados exemplos de cópias autorizadas, como a citação direta (onde cita-se um trecho de determinada obra sem alteração de palavras, nem sinais de pontuação, respeitando a argumentação do autor original) e a paráfrase (onde usa-se um texto como inspiração para discorrer sobre determinado tema). Ambos os recursos indicam que o autor não é um plagiador, pois ele utiliza os textos como referência e não como autoria própria.

          Com o desenvolvimento da tecnologia tornou-se mais fácil identificar o plágio. Existem programas com a função de identificar textos com vestígios de outros textos. As pessoas descobertas por praticarem a cópia alegam erros na hora da formatação dos textos, como o esquecimento das aspas na citação direta, por exemplo. Para as autoras, há ainda, aqueles que tentam transferir o plágio do campo da moral para o campo da psicologia, onde o plagiador sofreria um instinto de repetir a criação literária de outros.

          No próximo tópico, “Pastiche e Plágio Intencional” o pastiche é conceituado como uma forma mais elaborada de plágio, onde o pasticheiro altera o texto de modo a fazer com que pareça que as palavras são suas. O processo de confecção do pastiche costuma ser demorado, já que é necessário um planejamento e organização maior para que ele seja encoberto.  O pastiche envolve até mesmo um mercado, onde pessoas especializadas da área de comunicação cientifica se debruçam a fazer pastiches por encomenda, como monografias e teses de doutorados. Para se identificar um pastiche é necessário um processo muito mais complexo, que um programa de computador não consegue fazer. Ou seja, o pastiche é identificado apenas pelos bons leitores, que sentem um aroma de deja vu ao ter contato com a obra. Os pasticheiros alegam ter se inspirado na obra original, porém eles desenvolvem a mesma ideia do autor, utilizam os mesmos argumentos e até mesmo os vícios de linguagem, o que deixa claro que é uma prática de plágio.

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