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Resenha Do Livro "Para Compreender A Ciência": Uma Perspectiva Histórica - ANDREY, Maria Amália Pie Abib... Et Al. 15ª Ed. - Rio De Janeiro: Garamond 2006.

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Por:   •  31/10/2014  •  5.920 Palavras (24 Páginas)  •  11.981 Visualizações

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FACULDADE CENTRAL DE CRISTALINA

DISCIPLINA: Pesquisa e Prática Pedagógica I

PERÍODO: 5º

PROFESSORA: Mª. Maria Aparecida Pereira Oliveira

ACADÊMICAS: Lucimar Soares

Luciene Soares dos Reis

Cinthia Bispo

Ana Paula

Susany

Resenha do Livro “Para Compreender a Ciência”: Uma Perspectiva Histórica – ANDREY, Maria Amália Pie Abib... et al. 15ª Ed. – Rio de Janeiro: Garamond 2006.

O livro “Para compreender a ciência”, propõe um estudo sobre a Grécia nos períodos: Homérico (séc. XII a VIII a.C.), Arcaico (séc. VII a VI a.C.), Clássico (séc. V a IV a.C.) e Helenístico (séc. IV a II a.C.).

As civilizações vêm se desenvolvendo de séculos em séculos, passando por várias transformações, modificações e especializações. A civilização grega originada no período homérico, caracterizada com a chegada dos dórios naquela região. Em 1700 a 110 a.C passou dessa origem para a civilização Micênica, onde baseava-se na agricultura e artesanato desenvolvidos e na utilização do bronze, governada por uma nobreza militar bem organizada, rica graças ao saque e posse de terras. O ser era Australopithecus e na última fase evolutiva Homo Sapiens, onde passou a desenvolver atividades agrícolas, artesanais, de pastoreio, organizarem-se em grupos, onde denominava-se clãs, isso se dava baseados em parentescos e em torno de uma planta ou animal que movimentava a economia do grupo. Os produtos eram trocados, eles utilizavam o escambo, onde, através deste processo econômico, desenvolveu-se a formação das cidades, vindo com isso a divisão das classes sociais e o crescimento de escravos, mostrada com traços marcados pela civilização grega. A identidade política e econômica da polis levou ao desenvolvimento da noção de cidadania e democracia, onde o cidadão era responsável pela participação nas decisões e organizações da sociedade.

Tudo naquela civilização funcionava em função dos deuses, de acordo com suas crenças, havia um deus para tudo o que eles fossem realizar, e se algo não ia bem, era por insastifação de algum de seus deuses. A civilização grega influenciou a sociedade em todos os sentidos, expondo um conflito mitológico e racional ainda hoje. A evolução razão, ciência e técnica tornaram-se primordial para esclarecimento do ser, porém, o mito das crenças, religiões, tradições, ainda é utilizado pelo mesmo se que tem ciência, razão e tecnologia, como ponte da resolução de seus problemas cotidianos.

Na tentativa de caracterizar as principais concepções filosóficas que se desenvolveram nesse período, em destaque estão os pensamentos de Tales, Anaximandro, Anaxímenes, Pitágoras, Parmênides, Heráclito e Demócrito.

Durante o período clássico, o desenvolvimento das várias regiões gregas foi desigual, tanto na organização econômica como política. Os escravos que se constituíam na maioria da população eram fundamentais para a economia, além disso, a cidade-estado contava com vários estrangeiros, dando origem a uma restrição do conceito de cidadão.

Do ponto de vista da produção de conhecimento, três pensadores marcaram esse período, Sócrates, Platão e Aristóteles. Todos eles influenciaram não apenas na história, mas também no desenvolvimento da filosofia e da ciência. Eles envolveram-se na busca de formas de ação que levariam o homem a produzir conhecimento, associada à crença de que pela via do conhecimento objetivo, seria possível formar cidadãos e transformar a cidade para que essa fosse melhor e mais justa, baseados na filosofia.

A possibilidade de preparar homens para a política por meio da argumentação e do raciocínio argumentados e rigorosos combinava-se, com a defesa que faziam de que as leis eram um conjunto de convenções humanas que poderiam ser transformadas dependendo do interesse humano e individual. As leis eram tidas como construções humanas, relativas a uma cultura, passivem de serem mudadas a depender dos interesses humanos e culturais, desse modo a justiça, a virtude ou as diferenças entre os homens, para alguns, não eram atribuídas a divindades.

Para Sócrates, o conhecimento das virtudes humanas, como coragem, justiça, dependiam do conhecimento da Virtude, do Bem, visto como algo imutável e universal. Segundo Sócrates, o conhecimento era autoconhecimento, porque os homens já os traziam em sua alma, necessitando apenas descobri-lo pelo esforço da busca em si mesmo. A filosofia trataria de coisas permanentes e essenciais, e não do mutável. A investigação que leva ao conhecimento, a ironia, só poderia ser praticada pelo diálogo, aonde por meio deste o aprendiz chegaria a descobrir em sua alma o conhecimento. Por isso o diálogo como forma de ensinar, como maneira de formar o homem, era tão fundamental, aberto e sem um fim predeterminado, o aprendiz descobria os erros do que pretendia conhecer, descobria a sua ignorância e, assim preparava-se para o verdadeiro conhecimento.

A preocupação de Platão com a construção do conhecimento e com a formação do cidadão explicitou-se em sua obra escrita e também esteve presente na fundação da Academia, fundada em 387 a.C., ela não era aberta a todo e qualquer cidadão. Platão acreditava que a obtenção de conhecimento e a sua transmissão não eram tarefas de e para todos os homens, mas apenas daqueles que por natureza tenham as condições para tanto. Ao afirmar que o conhecimento preexistia na alma humana, Platão não estava afirmando que todos os homens possuíam os mesmos conhecimentos, esse saber real era o conhecimento daquilo que era uno e imutável. Assim pode-se supor que para Platão o processo de conhecimento envolvia diferentes objetos e operações da alma necessárias à apreensão de tais objetivos.

Desde o período arcaico, duas questões centrais vinham sendo debatidas pelos pensadores gregos: a questão da unidade ou multiplicidade do universo e a questão de seu movimento ou não. Essas questões foram fundamentais também para Aristóteles, ele usou como parte de seu método de investigação a investigação histórica, mas apenas que considerava importante tornar claro que os problemas que abordava eram legítimos e que as respostas que fornecia superavam as anteriores. Para Aristóteles, essas eram questões importantes porque se propunha a construir um sistema explicativo e para isso propunha também um método para conhecer os fenômenos que o rodeava, ele não pensava que o conhecimento dos fenômenos da natureza física excluísse ou fosse incompatível com o conhecimento do homem ou da sociedade. Ao definir o que entendia por Ser, não apenas afirmava que os fenômenos da natureza têm uma essência que é própria de cada um deles, mas também traduzia de uma nova forma as questões relativas à unidade e multiplicidade e ao movimento e imutabilidade do ser, a palavra “ser” tinha para ele um sentido próprio.

As concepções aristocráticas de ser, de substância, de causa, estão presentes na explicação que forneceu para a Terra e o universo. O único movimento possível nessas esferas era o circular, já que só esse movimento tornava viável pensar que o universo fosse eterno e que fosse ao mesmo tempo finito. Os seres terrestres eram divididos em animados e inanimados, onde os animados eram os homens e inanimados os demais elementos da natureza. No homem, como em todo ser vivo, corpo e alma compunham uma unidade. A alma garantia a vida, a realização das funções vitais, era a forma, enquanto o corpo era a matéria que precisava dessa forma para tornar-se ato. E assim, como não se podia pensar em matéria destituída de forma, também o contrário era sem sentido. Então, todo ser vivo era portado de alma, nas plantas, a alma permitia-lhes a nutrição e a reprodução. Para Aristóteles tanto a faculdade de intuir verdades como as cognitivas, intelectivas, que lhe permitiam deliberar, deduzir, raciocinar, envolvia-se em uma só função.

A influência de Aristóteles não foi importante apenas no período imediatamente posterior a ele, ele foi responsável por um imenso avanço na discussão do processo de conhecimento, ele construiu um paradigma marcado por uma concepção de conhecimento eminentemente contemplativo, que se refere a verdades imutáveis sobre um mundo acabado, e finito, capaz de dar conta de todas as áreas do conhecimento, caracterizando-se pela construção da forma mais acabada de pensamento racional que o mundo grego foi capaz de elaborar.

As escolas filosóficas no período macedônico caracterizaram-se por abandonar a preocupação com a política e com a cidade voltando-se para o indivíduo. Uma preocupação com a salvação e a felicidade foi levantada, passaram a ser vistas como possíveis de serem obtidas de forma individual e subjetiva. Com isso, surgiram diferentes movimentos filosóficos desse período, dentro os quais três são destacados: o estoicismo, o epicurismo e o ceticismo, propondo cada um, caminhos diversos para tingir a salvação e a felicidade.

O estoicismo desenvolveu-se a partir de Zenão de Cicio (336 264 a.C.), Cleanto de Assos (264-232 a.C) e Crisipo (280-210 a.C.). A filosofia estóica propunha que a felicidade seria obtida por meio da reconciliação com a natureza, o que para eles significava obedecer a ordem dos acontecimentos que exprimem a vontade divina. O homem era o único entre os seres no qual estava presente a racionalidade como uma faculdade natural, por sua racionalidade, o homem era capaz de conhecer a razão universal, o que lhe permitia viver de acordo com a natureza, significando aderir à estrutura do mundo, sua sabedoria era submissa a Deus e à ordem necessária da natureza.

Como no estoicismo, o epicurismo propunha que a felicidade seria obtida se o homem vivesse de acordo com a natureza, mas o significado dessa postura é completamente diverso para ambos, uma vez que a concepção de natureza de cada uma dessas filosofias leva a ações fundamentais à vida. As crenças eram consideradas uma ação dos deuses sobre o mundo e os homens decorriam da ignorância das causas reais das coisas e eram originadas por meio dos temores que assolavam o homem. Ao recusarem atribuir a explicações da origem das coisas ou da existência humana a desígnios divinos, os epicuristas recusaram a ideia de que as coisas teriam sido criadas a partir do nada. Para os epicuristas, os homens deviam buscar o prazer de forma racional e reflexiva, o que deviam buscar a satisfação das necessidades que podiam ser satisfeitas e que eram insuprimíveis e não de quaisquer outras. Ao mesmo tempo, criavam uma ética baseada na noção de que o prazer estava associado à satisfação de necessidades naturais, o que os distanciava da noção de que buscavam a volúpia, o, e por outro lado, evitava a dor, suprindo mais do que a acrescentar.

O ceticismo originou-se por meio de Pirron (365-275 a.C.), onde mais uma vez o pensamento elaborado nesse período aparece tal como os estóicos e os epicuristas, os céticos preocupavam-se com a busca da felicidade e esta implicava na eliminação de tudo o que produzisse inquietação, levando a um estado de imperturbabilidade. Os argumentos nos quais o ceticismo se baseava para defender a suspensão dos juízos sobre as coisas não se restringiam à crítica aos sentidos, à possibilidade de por meio deles apreendermos as coisas em si, mas estendia-se à crítica da razão. Outros pensadores céticos propõem classificações e maneiras diferentes para se chegar à suspensão dos juízos. São diferenças como essas que levem autores como Abbagnano (1979) a afirmar que o ceticismo não se constitui propriamente em uma escola, mas sim em uma orientação presente em diferentes escolas e pensamento.

Os avanços da ciência, da literatura, da medicina eram considerados pelos reis egípcios como parte do tesouro real. A nova organização imperial, que unificou as cidades-estado, que ampliou mercados e o comércio, difundiu a cultura grega por todo o império. A investigação da natureza teve como marca um caráter muito mais especializado do que em qualquer período anterior. Outros estudiosos também se dedicaram ao calculo e à geometria, que desenvolveu e aplicou os métodos de Eudoxo para determinar o número π, a partir do estudo da relação entre o comprimento da circunferência e o seu diâmetro, dando início ao cálculo infinitesimal. Ao lado disso, a vinculação do Museu de Alexandria aos interesses do Estado fica evidenciada pelo fato de que grande parte das teorias e explicações aí desenvolvidas deu origem a aplicações técnicas voltadas para a execução de ritos religiosos nos quais tais técnicas utilizadas para manter a crença popular nos ritos, criando a possibilidade de se associar aos cultos religiosos a impressão da intervenção divina, mantendo, assim, a ideologia religiosa então predominante.

O conhecimento produzido pelos cientistas helenísticos demonstra a possibilidade de ocorrer uma antecipação do conhecimento em relação às necessidades mais gerais do contexto em que foi produzido.

Entre os séculos V ao XV inicia-se a Idade Média, onde ocorre a divisão do Império Romano em Império Romano Ocidental e Oriental. Nas sociedades orientais, a religião teve papel diferente das sociedades ocidentais, na civilização bizantina, onde o cristianismo foi declarado religião oficial do antigo Império Romano, era alvo de discussões e debates que a questionavam, e a Igreja estava subordinada ao Estado. Os muçulmanos, a predominância do islamismo, possibilitou a coexistência de outras crenças e não teve papel monopolizador do conhecimento, tendo um caráter mais prático e utilitário.

A Idade Média não pode ser vista como um todo homogêneo, uma vez que nela coexistiram diferentes organizações sociais, no entanto, a amplitude de civilizações e a diversidade de suas características quanto ao modo de produção, limitar-se-á o estudo da produção de conhecimento do período medieval à região ocidental, embora não se deva esquecer a influencia das contribuições orientais na sociedade feudal ocidental.

Nos séculos III e IV, o Império Romano encontrou-se numa crise devido a condições econômicas, sociais e políticas, contribuindo assim, a produção escravista e a constituição dos fundamentos do sistema feudal. Com a interrupção da política expansionista, a mão-de-obra escrava, tornou-se dispendiosa e escassa, tendo por base o escravismo. Visando a afastar-se dos conflitos que assolavam as cidades, os grandes proprietários deslocam-se para suas vilas, aí instalados, começam a arrendar partes de suas grandes propriedades a agricultores livres, que deviam, então, ceder ao proprietário uma parte da produção como forma de pagamento.

A ruralização, iniciada pelos romanos no século III, intensifica-se com as invasões dos povos germânicos, denominados “bárbaros” pelos romanos. Enquanto no Império Romano as relações de dependência estabeleciam-se com o Estado, entre os povos germânicos as relações de fidelidade eram pessoais, dando-se entre o chefe do clã e seus companheiros de guerra. De acordo com Silva (1984), existe uma contradição inerente ao processo de estabelecimento de laços de fidelidade: ao mesmo tempo em que garante uma relação de dependência entre receptor e doador, diminui o controle deste sobre a extensão territorial devido à fragmentação.

No feudalismo, a unidade econômica, político-jurídica e territorial era o feudo, eram produzidos os bens necessários à manutenção de seus habitantes, realizadas as trocas de bens e elaboradas as leis e obrigações que vigoravam. O essencial do feudalismo era o vínculo pessoal, que se dava de duas formas: por meio da relação entre suserano e vassalo ou entre senhor e servo. Somente ao final desse período é que ocorre certo desenvolvimento técnico, voltado sempre às atividades agrícolas, onde ocorreu o aperfeiçoamento dos instrumentos, a rotação trienal de terra e a expansão dos moinhos d’água.

Como no feudo, nas cidades havia uma forma de organização para a produção dos bens necessários, o aprendiz era o indivíduo estabelecia relações de dependência e obrigações, ele podia chegar a ser um mestre e ter aprendizes sob sua orientação, portanto embora houvesse profissões, dentro de cada uma delas não havia especializações. Em relação à produção científica, apesar do seu desenvolvimento ter sido maior até o século X, foi bastante limitada e caracterizada pelo papel que a Igreja desenvolveu durante a Idade Média.

A influencia e a força da Igreja cresceram bastante desde o Império Romano, e durante sua crise o cristianismo surgiu como um questionamento às ideias e valores da sociedade escravista, pregando a crença na igualdade de todos os homens, filhos do mesmo Pai, numa sociedade onde reinava a insegurança e que estava sujeita a ameaças, a Igreja oferecia segurança e proteção de que a população necessitava, a salvação era buscada cada vez mais por adeptos que doavam terras e pagavam tributos para alcançá-la.

A interferência da Igreja faz-se sentir também nas preocupações que predominavam na época: considerando que a própria Igreja constituía uma força do ponto de vista político-econômico, bem como da veiculação das ideias, não é de se estranhar que a preocupação dominante tenha sido basicamente a de discutir a vida espiritual do homem e seu destino, assim como a de justificar as doutrinas do cristianismo. Um outro marco característico do penso medieval foi a concepção hierárquica e estática do universo, concepção esta que permeou a formulação dos princípios políticos, éticos e morais predominantes no feudalismo da Europa Ocidental.

No ano 354 nascera uma dos grandes nomes que realizou grandes feitos nesta época de renovação, lutas, batalhas, vitórias e derrotas. Santo Agostinho, que se converteu ao cristianismo em 386, e morreu em 430. Afastando-se da preocupação com o universo físico, sua filosofia está voltada para a vida do homem e para a busca que deve encaminhar-se para o bem. Algumas ideias caracterizam o pensamento de Santo Agostinho: as noções de beatitude, graça, predestinação e iluminação divina, todas ligadas ao conceito de Deus, para ele, Deus é o criador de todas as coisas: é bom, sábio, fonte do inteligível e da verdade, realidade total, eterno e essência no mais alto grau.

Segundo Santo Agostinho, a verdade autentica é imutável e apreendida pela inteligência iluminada, é por meio da iluminação divina que o homem, por um processo interior, chega à verdade; não é o espírito que cria a verdade, cabe-lhe apenas descobrir e isso se dá através de Deus. Santo Agostinho defende ainda, a ideia da existência de outra realidade, celestial, que denomina cidade de Deus, a qual seria edificada pelos eleitos. Na cidade terrena, o homem é o cidadão, e a Igreja representa, encarna, a cidade de Deus, devendo governar e ter supremacia sobre o Estado, sendo os representantes de Deus na Terra, os chefes da Igreja não cometeriam erros, ao contrario dos governantes.

Alem das obras aristotélicas, que marcaram profundamente seu pensamento, identificam-se influências de Santo Agostinho, Alberto Magno e Platão. Não se pode esquecer também as Sagradas Escrituras como fonte constante na elaboração de suas ideias. a união entre matéria e forma constitui todo o universo, a matéria, comum a todos os corpos, é seu elemento potencial enquanto a forma é o que diferencia os corpos, constituindo-se em seu elemento ativo.

Segundo Santo Tomás de Aquino, a essência dos corpos é constituída por dois princípios físicos: matéria-prima e forma substancial. A união matéria e forma constituem tosos os corpos do universo, inclusive o homem, nele, o corpo está unido à alma. Na concepção de Santo Tomás, o conceito de alma não é exclusivo do homem, pois outros seres, como as plantas e os animais, possuem alma. A alma humana, no entanto, diferencia-se da dos outros seres por uma potencia que lhe é própria.

A imortalidade Ada alma é característica do ser humano, pois, embora outros seres possuam alma, estas perecem juntamente com o corpo, uma vez que dependem dele para exercer suas funções. Das funções da alma humana, a mais perfeita é a intelectiva, é por meio da atividade intelectiva que se pode chegar ao conhecimento. Da caracterização do processo de conhecimento como a relação entre sentidos e inteligência decorre a noção de verdade postulada por Santo Tomás de Aquino, que consiste na identidade da proposição com o real.

A noção de universo, de homem, de conhecimento e de aspectos morais e políticos, a presença de Deus é fundamental para o pensamento tomista, o que não é de se estranhar se atentarmos para o fato de que, para Tomás de Aquino, Deus é ato puro, é o criador do Universo, é imóvel, é eterno, é uno e bom.

A passagem do feudalismo ao capitalismo significou a substituição da terra pelo dinheiro, como símbolo de riqueza: foi o período em que um conjunto de fatores preparou a desagregação do sistema feudal e forneceu as condições para o surgimento do sistema capitalista. Essa evolução não foi natural, inexorável, e não se deu sem graves conflitos, muita violência no campo e nas cidades, luta pela tomada de poder. O capitalismo só é empregado na sociedade moderna, onde a produção maciça de mercadorias repousa sobre a exploração do trabalho assalariado, daquele que nada possui.

Os habitantes das cidades dedicavam-se fundamentalmente ao artesanato e ao comercio, e não produziam o alimento de que necessitavam para subsistir, o que gerou a divisão do trabalho entre cidade e campo, de onde provinha o alimento para os habitantes da cidade. Vários servos foram libertados dos feudos, porque o trabalho livre era mais produtivo para os senhores do que o trabalho servil. Um fator que contribuiu para a liberdade dos camponeses foi a peste negra, no século XIV, que, provocando enorme quantidade de mortes, valorizou o trabalho da mão-de-obra disponível. A expansão marítima e do sistema colonial, no final do século XV, produziu muitas riquezas, que levaram a um maior desenvolvimento do comercio.

Nesse processo de extraordinária expansão comercial, desenvolveram-se instituições financeiras, bancos, bolsas, e outros meios econômicos, tendo em vista subsistir as atividades mercantis. A indústria moderna teve início graças à presença de duas condições: a existência de capital acumulado e a existência de uma classe trabalhadora livre e sem propriedades. Enquanto o mercado era apenas local, o artesanato, com a estrutura de corporação que lhe servia de apoio, era suficiente para suprir as necessidades do comércio. Na nova visão de mundo, que substituira a visão medieval, o homem, no seu sentido mais genético, era a preocupação central. As relações Deus-homem, que eram enfatizadas pelo teocentrismo medieval, foram substituídas pelas relações entre o homem e a natureza.

Seguindo os novos caminhos traçados pelos pensadores que se destacaram nesse período de transição, foi-se firmando um novo conhecimento, uma nova ciência, que buscava leis, e leis naturais, que permitissem a compreensão do universo. A partir de então, estava aberto o caminho para o acelerado desenvolvimento que a ciência viria a ter nos períodos seguintes.

Em 15 de fevereiro de 1564, nasceu Galileu Galilei, em Pisa, um dos grandes nomes que muito contribuiu para o entendimento científico. Suas conclusões sobre o peso específico dos corpos e sobre centros de gravidade de sólidos causaram admiração e, além de serem responsáveis pela consideração que Galileu passou a receber. Ele desenvolveu estudos e experiências sobre movimentos naturais e violentos, tendo em vista chegar à lei da queda dos corpos, onde envolvia dois enunciados: a velocidade de um corpo que cai aumenta proporcionalmente ao tampo; e a elaboração da queda é a mesma pra todos os corpos. Em 1592 Galileu foi nomeado catedrático de matemática da Universidade de Pádua.

Vários estudos e conclusões de Galileu levaram-o a concepção aristotélica de universo que já vinha sendo questionada, como também uma consequente alteração na forma de abordar os fenômenos, demonstrando na pratica a não-validade do postulado aristotélico da impossibilidade de o mundo físico ser estudado quantitativamente. Outro fundamento do método empregado por Galileu constitui-se no uso da observação e experimentação para a construção do conhecimento. Com relação à observação, sua importância pode ser ilustrada pelo fato de Galileu ter construído um telescópio, utilizando-o como instrumento cientifico para observação.

No período compreendido entre a metade do século XVI e a metade do século XVII, em que se consolidou na Inglaterra a passagem do catolicismo ao protestantismo, esse país passou por um período de grandes mudanças no sistema produtivo; a rápida expansão industrial transformou-o na maior potência protestante da época, com grande força política e centro dos conflitos culturais que acompanharam o surgimento dos novos tempos.

No século XVI as antigas crenças e atitudes dominantes na Idade Média encontram-se abaladas, incitando a construção de uma corpo de conhecimento que soluciona a insatisfação frente às concepções geradas no período precedente. A ênfase que dá à razão não significa a opção por um conhecimento contemplativo, mas sim por um método único para buscar verdades que fossem principalmente úteis ao homem, possibilitando o controle sobre as conclusões, acerca do mundo físico e do funcionamento do corpo humano, obtidas a partir de seu método.

Num plano semelhante encontram-se as verdades da fé, que, como as máximas morais, são separadas das opiniões submetidas à dúvida. Em ambos os campos, não se elimina o papel da razão: na moral, a razão justifica agir diante de uma possível incerteza; na religião, é a razão que nos convence de que as verdades da fé nos são reveladas por Deus.

Em um período marcado por uma série de disputas e conturbações políticas na Inglaterra, viveu Thomas Hobbes (1588-1679). Essa crise deu-se pelo embate das forças parlamentaristas, que propugnavam uma monarquia parlamentar, e das forças da nobreza absolutista. Hobbes desenvolveu um vivo interesse pela filosofia, ele acreditava que todos os seres eram corporais, que o corpo era sujeito de toda ação e que todo corpo existia sempre em movimento. O conhecimento era possível porque, para Hobbes, os homens eram capazes de ter sensação, imaginação e entendimento. O mecanismo pelo qual, a partir das sensações, chegava-se à imaginação ou pensamento sobre os processos, segundo Hobbes, comuns aos animais e ao homem como indivíduo e como espécie.

Parece assim que, para Hobbes o conhecimento científico dependia de processos que eram habilidades naturais à espécie humana, mas não exclusivos do homem, como a sensação e o pensamento, e de processos, como o raciocínio e a linguagem, que eram possibilidades contidas apenas nos homens, mas que precisavam ser desenvolvidas. A ciência dependia, assim, de todos esses elementos para constituir-se e aí está, a razão pela qual se atribuem a Hobbes os epítetos de empirista e de racionalista.

O pensamento de Hobbes, ao mesmo tempo em que guarda relações com outros pensadores de seu tempo, sem dúvida, guarda relações, também, com as condições históricas em viveu. Suas preocupações com a política e as questões que aborda são coerentes com a Inglaterra de seu tempo: um período de mudanças, que exigia um Estado centralizado, capaz de criar as condições para desenvolver o modo de produção nascente. O sistema econômico nascente, ao exigir um novo modo de organização política, necessitava, também, de uma nova justificativa para sua organização, seu pensamento comprometido com a nova ordem, não podia usar como justificativa o velho referencial da tradição moral ou religiosa, substitui-o, então, pelo referencial filosófico.

No ano de 1642, nasceu Isaac Newton, com suas descobertas, contribuiu para o avanço do conhecimento em diferentes áreas: matemática, astronomia, leis do movimento dos corpos. Inventou também um telescópio de reflexão, no qual as estrelas eram vistas num espelho parabólico e que permitia superar limitações do telescópio construído com lentes. A amplitude e fecundidade de suas realizações colocam-no em lugar ímpar na história da ciência.

Uma das contribuições mais importante de Newton e que imprimiu uma marca no modo de fazer ciência a partir de então foi a intensa relação entre a matemática e a experimentação. Até sua época, o avanço no conhecimento de como o céu se comportava podia ser representado pelos pensamentos de Nicolau Copérnico (1473-1543). A maneira de Isaac Newton compreender o mundo só será entendida melhor se forem apreendidos os seus conceitos de tempo e de espaço absoluto. Isso garante no mínimo, a infinitude do universo newtoniano e corrobora suas explicações da mecânica celeste e sistema inercial.

Entre os séculos XVIII e XIX, destacaram-se duas grandes revoluções fundamentais que marcaram aquele século; uma delas foi a Revolução Industrial e a outra foi a Revolução Francesa. A Revolução Industrial foi um conjunto de transformações em diferentes aspectos da atividade econômica, que levou a uma afirmação do capitalismo como modo de produção dominante, com suas duas classes básicas: a burguesia e o proletariado. Com a mecanização da produção, a função do trabalhador fica limitada, ele perde o controle até do próprio ritmo do trabalho e da qualidade do produto. Como consequência desse processo de transformação nas formas de organização da produção, o capital industrial sobrepõe-se ao capital comercial, pois não depende mais da ação do comercio ara expandir mercados; ele é capaz de criar seus próprios mercados.

As transformações por que passou a organização social, das quais aqui tratamos, se deram inicialmente na Inglaterra e na França. Segundo Hobsbawm (1981), entre os séculos XII e a primeira metade do século XIX, grande parte do mundo transformou-se, a partir de uma base européia, ou, mais precisamente, de uma base franco-britânica. Com grandes transformações políticas, a Inglaterra promovia o desenvolvimento do modo de produção capitalista. Além disso, possuía amplo mercado interno, também potência comercial e colonial internacional.

A Revolução Francesa foi o maior acontecimento político do período. Ela não só marcou profundamente a configuração geral da França dos séculos XVIII e XIX como também a de toda Europa do mesmo período, na época em que se iniciou a Revolução, o país era governado por uma monarquia absolutista, essa monarquia lutava por uma organização das instituições que não tinham a menor uniformidade. A sociedade francesa era dividida, e essa divisão se dava em ordens ou estados de forma que pelo primeiro e segundo estados eram compostos, respectivamente, pela nobreza e pelo clero, antes da revolução a aristocracia e os nobres em geral formavam castas fechadas e hereditárias, cuidadosas de sua condição e também impedidas de exercerem funções não condizentes com elas, como atividades mercantis e industriais. A burguesia era a camada melhor situada, pois suas atividades mercantis e industriais traziam-lhe riqueza.

O mesmo não acontecia com a aristocracia, que, apesar de contar com a isenção de impostos, gastava muito, e sua condição nobre a impedia de exercer atividades ligadas à indústria e ao comércio. No plano político, a situação da burguesia não acompanhava sua ascensão econômica: por mais rica que fosse, não gozava de privilégios políticos próprios à aristocracia. A monarquia recebia, ataques tanto da burguesia como da aristocracia, apesar de, em última instancia, defender interesses aristocráticos. Os nobres, dominando as instancias de decisão, impediam essas reformas a eles desfavoráveis, pois tocavam em algumas de suas prerrogativas fiscais.

A crise também ocorreu no plano social, que não havia se alterado de acordo com a mudança pela qual a realidade passava. A pressão da aristocracia tornou-se cada vez mais efetiva. A Revolução iniciou-se pela tentativa aristocrática de captar o Estado. Os Estados Gerais foram convocados para 1789. Dada a situação geral e o fato de contar com o apoio popular, o terceiro estado conseguiu não só aumentar o número de seus deputados, como alterar o sistema de votação para um outro, no qual o voto se dava por indivíduo, conseguindo, dessa forma, transformar a instituição em Assembleia Constituinte.

O desencadeamento da guerra que a França manteve contra a Europa reiniciou o movimento revolucionário. A guerra era desejada tanto pela extrema direita como pelos liberais moderados, segundo Hobsbawm (1981). Os fracassos iniciais dos exércitos franceses foram atribuídos à tradição do rei, aumentando os anseios pela proclamação da republica. A princípio predominantes no governo, os girondinos foram derrubados pelos jacobinos, liderados por Robespierre e apoiados pelos sans culotters à frente do povo de Paris (1793).

Esse período de revolução, a que autores se referem como o terror, com a direçao da convenção por Robespierre, constitui-se num imenso esforço para livrar o país, numa situação extremamente crítica e ainda em guerra, da invasão estrangeira e preservar a revoluçao e o Estado nacional, o que foi conseguido por meio do terror e da ditadura, um regime duro, com rigoroso controle da economia. A Constituição elaborada no período era menos libera que a primeira e procurava expressar os interesses da alta burguesia, agora dominantes. Ao lado disso, o exército ganhava cada vez maior importância, já que mantinha a guerra fora da França e era cada vez mais necessário para manter a ordem interna.

Enquanto a Inglaterra havia feito a sua Revolução Industrial, consolidando o capitalismo como modo de produção dominante, o processo de industrialização da Alemanha e o consequente desenvolvimento do capitalismo nesse país foram bastante tardios. A maior parte dos artigos manufaturados era produzida por artesãos, e até meados do século XIX em apenas umas poucas regiões se desenvolveu a indústria moderna. Outras condições contribuíram para retardar o desenvolvimento do capitalismo industrial na Alemanha.

O progresso econômico alemão foi o fato de que as redes de comunicação com que contava a Alemanha, até a metade do século XIX, eram insuficientes para o transporte de mercadorias. Além desses fatores, o envolvimento da Alemanha em uma série de guerras deixou um saldo muito negativo.

Os séculos XVIII e XIX formam um período em que as grandes transformações pelas quais a humanidade passou marcam a configuração da nossa vida atual e também uma transformação no papel que a ciência desempenha ao desenvolvimento de um modo de produção. Se a Revolução Industrial não foi produto direto do avanço científico, o desenvolvimento do capitalismo foi determinando uma forte inter-relação entre a ciência e a produção, pois ambas cresceram juntas e se influenciaram mutuamente.

A ciência iria cada vez mais ser colocada a serviço da modificação da natureza. A partir do século XVIII, a ciência dedicou-se à solução dos problemas produtivos e foi sendo gradativamente enfatizada.

A teoria do conhecimento de Hume é essencialmente antidogmática, supõe como sendo essencial a liberdade de pensamento, investigação e associação e supõe a possibilidade do conhecimento em todos os homens e não apenas em alguns. O entendimento pode pensar a partir das próprias categorias estabelecendo união entre elas, ou pode pensar a partir de intuições, empíricas ou a priori. Assim o entendimento pode pensar por intermédio de seus conceitos puros, sem nenhuma limitação, o que resultaria em juízos possíveis, mas não necessariamente reais. Para ligar conceitos às intuições sensíveis, além de estabelecer sínteses, a imaginação deve traduzir os conceitos em operações aplicáveis à sensibilidade, determinando as condições temporais em que a categoria é aplicável aos objetos da experiência.

O século XIX foi um século de grande desenvolvimento do capitalismo e de mudanças radicais no mundo. Esse período poderia se dividido em dois grandes momentos. O primeiro até 1848 caracterizou-se pela expansão do capitalismo nos países industrializados, pelo seu impulso inicial nos países desenvolvidos. O momento revolucionário deste ano foi um fracasso, do lado dos trabalhadores, já do ponto de vista do sistema capitalista permitiu mudanças, de cunho político e econômico, que traziam soluções a vários problemas até então enfrentados.

Na segunda metade deste século o capitalismo encontra-se em novo desenvolvimento, com a expansão do sistema em nível mundial, com uma segunda fase de expansão da indústria nos países industrializados e com a formação de um sistema capitalista internacional.

Vale ressaltar mais uma vez, que a base da sociedade, da sua formação, das suas instituições e regras de funcionamento, das suas ideias, dos seus valores são as condições materiais. O trabalho torna-se categoria essencial que lhe permite não apenas explica o mundo e a sociedade, o passado e a constituição do homem como lhe permitem antever o futuro e propor uma prática transformadora ao homem, propor-lhe como tarefa construir uma nova sociedade.

O homem é um ser social e histórico e o que leva esses homem a transformar a natureza, e, nesse processo, a si mesmo, é a satisfação de suas necessidades. Segundo Marx, o conhecimento cientifico adquire o caráter de ferramenta a serviço da compreensão do mundo para sua transformação que deve ocorrer na direção que interessa àqueles que são os produtores reais da riqueza do homem. Com essa concepção perde-se, com Marx, a expectativa de se produzir conhecimento neutro, conhecimento que serve igual e universalmente a todos, conhecimento que mantenha o mundo como ele é.

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