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Resenha do Filme Tempos Modernos

Por:   •  18/12/2020  •  Resenha  •  1.879 Palavras (8 Páginas)  •  321 Visualizações

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  • Contextualização do período apresentado no filme Tempos Modernos

O filme Tempos Modernos relata a vida de um trabalhador comum, um homem que está em busca de se estabelecer tanto profissionalmente quanto como indivíduo em uma sociedade cheia de inovações tecnológicas, contradições e dramas sociais na década de 1930 nos Estados Unidos da América, logo após a crise de 1929. A obra cheia de reviravoltas em que o diretor Charles Chaplin expõe seu ponto de vista em relação à economia, à vida das classes trabalhadoras e a opressão da sociedade de consumo. Nessa época, houve uma recessão no capitalismo, a quebra da bolsa de valores de Nova York e outras tensões sociais que culminaram em grandes taxas de desemprego, fome e miséria. E simultaneamente a isso, havia também um crescimento tecnológico importante, a chamada "modernidade", representadas pelas fábricas em que estavam desenvolvendo sistemas de produção com base no sistema de linha de montagem (fordismo e taylorismo) e especialização do trabalho a fim de otimizar o tempo de trabalho e produção dos operários(a).

O personagem Carlitos, figura cômica carregada de inocência e também conhecida como "o vagabundo” representava a sociedade enfrentando as autoridades, pregando em seu silêncio mensagens de igualdade, buscando a felicidade na forma de um amor impossível ou simplesmente em um simples prato de comida.

O filme Tempos Modernos inicia-se com uma frase: “tempos modernos, uma história sobre a indústria, a iniciativa privada e a humanidade em busca de felicidade, em que representa sobre o mundo capitalista, retratado pelo filme, a vida é regida pelo relógio onde o descanso é cronometrado, onde não passamos de números. Tal impressão é confirmada pelos títulos provisórios: “as massas” e “54632”, ambos retratando de forma contundente a realidade do trabalho operário massificador e impessoal da época que ainda persiste nos dias atuais. Os títulos previamente descartados eram ainda mais explícitos neste aspecto. Homens sem identidade, sem emoções, homens tratados como números.

Ainda em seu início o filme traz uma intrigante fusão de imagens: um grande grupo de ovelhas caminhando que se transformam em operários a caminho do trabalho. Com esta metáfora Chaplin expõe a dura realidade vivida pelos trabalhadores desta época, pessoas sem sonhos, perspectivas, ou mesmo poder de pensar ou decidir, fazendo e agindo automaticamente.

Neste filme o homem tem seu emprego, mas é explorado e só resta a ele fugir desta realidade opressora buscando a felicidade no campo idealizado, em uma vida de simplicidade, retratada no filme através da imaginação dos personagens que criam uma imagem do paraíso onde existe casa e comida, sempre ao alcance das mãos. Esta imagem idealizada estava muito distante da realidade, pois o campo foi o primeiro a sentir os efeitos da grande crise de 1929.

A burguesia submeteu o campo à cidade. Criou grandes centros urbanos, aumentou exponencialmente a população das cidades em relação à dos campos e, com isso, arrancou uma grande parte da população rural. A primeira expressão da crise ocorre no campo, na medida em que as exportações diminuíam, os grandes proprietários não conseguiam saldar as dívidas realizadas no período da euforia, e assim eram forçados a pagar altas taxas para armazenar seus grãos, acumulando dívidas que os levaram, em massa, à falência.

Carlitos surge pela primeira vez como operário em uma fábrica, num emprego repetitivo e automatizado onde ninguém precisa pensar, em que o trabalho é cansativo e alienante e sua única função é rosquear pares de parafusos. Os intervalos de descanso são descontados do salário e até para ir ao banheiro os empregados “batem o ponto”, pois a empresa não paga pelos momentos em que os operários não estão em seus postos. Dentro do banheiro a imagem do chefe aparece em uma grande tela mostrando sua grandeza e importância diante da pequenez e insignificância do trabalhador.

 O mesmo não se adapta à atividade repetitiva e às exigências do chefe, no qual é dono dos meios de produção, sempre cobrando por produtividade e desempenho afim de conseguir cada vez mais lucro às custas dos trabalhadores ocasionando a exploração dos mesmos.

Percebesse que no filme, até aqui, Carlitos e seus companheiros exercem um trabalho repetitivo e extenuante, onde cada um faz um mesmo movimento continuamente (apertar parafusos, martelar chapas, entre outros). Esta repetição é criticada de forma irônica quando o personagem sofre um surto e repete o mesmo ato (de apertar parafusos) nas mais diferentes situações. Esta especialização também faz com que a personagem tenha uma grande dificuldade de conseguir outro emprego, tendo em vista a sua limitação profissional.

Além da automatização humana, Chaplin também critica a super exploração do trabalhador. Tal fato fica evidente na cena em que Carlitos, cobaia do experimento, é obrigado a testar uma máquina de alimentação, que segundo seus inventores iria facilitar a hora do almoço dos funcionários. Essa invenção tecnológica era um aparato que prometia alimentar os operários enquanto eles continuavam executando suas tarefas nas fábricas, ou seja, a ideia era a de alimentar o operário permitindo que ele continuasse a trabalhar sem parar, mas o teste dá errado.

O absurdo da cena a torna cômica, mas sem os exageros. Durante o teste a máquina tenta alimentá-lo com parafusos, mas ele não engole. Logo após essa cena, Carlitos fica desnorteado com o trabalho e acaba sendo "engolido" pela máquina e entrando nas suas engrenagens numa antológica sequência cheia de significados, o que mostra a desumanização do homem na época, quase como se fosse uma peça mecânica. A máquina criada pelo homem para facilitar a sua vida, para dar a ele a chance de ter mais momentos de lazer, de estar mais próximo de sua família agora o está consumindo. A ganância, a busca pelo lucro cada vez maior tornam as pessoas insensíveis diante de seu

próximo e a máquina então engole o homem, a sua dignidade e até a sua própria vontade de viver.

Após o ocorrido, Carlitos sofre uma crise nervosa, causada pela extrema repetição única na execução de sua função na linha de montagem, e ele é obrigado a deixar a fábrica e é internado em um hospital.

Percebesse que no filme, até aqui, Carlitos e seus companheiros exercem um trabalho repetitivo e extenuante, onde cada um faz um mesmo movimento continuamente (apertar parafusos, martelar chapas, entre outros). Esta repetição é criticada de forma irônica quando a personagem sofre um surto e repete o mesmo ato (de apertar parafusos) nas mais diferentes situações. Esta especialização também faz com que a personagem tenha uma grande dificuldade de conseguir outro emprego, tendo em vista a sua limitação profissional.

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