Resenha do Livro: O Quinze
Por: digolim • 11/9/2018 • Resenha • 1.864 Palavras (8 Páginas) • 493 Visualizações
Resumo
O quinze.
Este livro de Raquel de Queiroz foi escrito nos anos de 1929 e 1930.
O livro relata a vida de personagens em uma época em que aconteceu uma grande seca no sertão do Nordeste do Brasil, no ano de 1915, daí o título do livro, O Quinze.
A história se passa em cidades do sertão do Ceará, em regiões da Caatinga.
O livro começa em uma época do ano próximo ao dia de São José, dia 19 de março.
É a época do fim do verão e os habitantes daquela região esperam que comece a chover a partir de abril para poder diminuir a seca, que tem durado muito tempo.
A época que é narrada no livro é de uma grande seca, que já dura muito tempo. O gado tem sofrido muito, já está muito magro e há quase nenhuma vegetação para os animais comerem.
A população também vive dificuldades, pois a região depende da agricultura e da criação do gado para sobreviver. Sem água, tudo é um cenário desolador. O livro apresenta a força da natureza sobre a condição humana. Um cenário dominado por um sol muito forte, um calor inclemente, uma terra seca, muito pouca água nos açudes e rios quase secos. Pessoas tentando viver diante destas adversidades da natureza.
O livro conta duas histórias principais, que se alternam ao longo dos capítulos.
São dois núcleos de história e personagens que se cruzam ao longo da história.
Uma das histórias é vivida por Vicente e Conceição. Na realidade uma história de amor que não se realiza, pois são pessoas muito diferentes, apesar de se gostarem.
No outro núcleo, há a história do vaqueiro Chico Bento e sua família. Esta é a história mais dramática, pois esta família se torna retirante da seca, ou seja, eles fogem da seca e tentam migrar para uma região menos seca, com mais oportunidades, porém são muito castigados durante a viagem, pois seguem a pé ao longo do caminho e sofrem muito de sede e fome. Muitos acontecimentos trágicos ocorrem na trajetória desta família.
O livro começa contando a história de Conceição e sua avó, Dona Inácia. Ela é criada pela avó, pois não tinha mãe. Conceição chama dona Inácia de Mãe Nácia. Dona Inácia mora numa fazenda chamada de Logradouro, que fica próximo à cidade de Quixadá no Ceará. Conceição é professora na cidade de Fortaleza (capital do Ceará) e passa as férias com a avó. Ela fica tentando convencer sua avó a sair da fazenda onde mora e ir com ela para Fortaleza por uns tempos, porque o clima está muito seco no sertão e já não há condições favoráveis para viver devido à falta de chuva.
Dona Inácia é prima de Dona Idalina. Ela é casada com o Major e seus filhos são Vicente, Lourdinha, Alice e Paulo. Vicente é o personagem mais importante neste núcleo de história. Paulo é o irmão mais novo e foi estudar na capital. É bacharel em direito e vive na cidade.
Vicente ama o trabalho na fazenda. Acha que nasceu para isso. Não acha que os estudos sejam mais importantes do que cuidar da terra. É obstinado a cuidar do gado que está passando por sério risco nesta época de seca. Os seus animais estão muito magros e não tem alimento farto. O alimento do gado é muito racionado para durar o período das secas. O problema é que não se sabe quando a chuva virá e, na realidade, há uma sensação de luta contra o tempo para salvar os animais da morte, já que o gado está sofrendo muito. Muitas vezes, Vicente e os seus trabalhadores da fazenda precisam levantar vacas que caem e não tem forças para se sustentar. Um fato interessante é que cada vaca tem o seu nome próprio. São descritas quase como se fossem personagens do romance.
Vicente também tem interesse romântico por sua prima Conceição. Esse sentimento é recíproco, entretanto, eles são muito diferentes. Vicente é um homem forte, trabalhador, porém um pouco rude, só sabe lidar bem com os animais de sua fazenda. É um pouco tímido e nunca consegue dizer claramente para Conceição sobre sua afeição em relação a ela. Apesar disso, são muito próximos e, de certa forma, se consideram namorados. Conceição é uma moça muito educada e instruída. Consegue ler livros eruditos e alguns deles na língua francesa. É professora e está sempre pensando em aprender mais. Neste aspecto, ela é bem diferente de Vicente.
A seca continua castigando. Os meses passam e não chove. Conceição consegue convencer sua avó a ir para Fortaleza com ela. Vicente continua na cidade, pois, para ele a coisa mais importante é cuidar de seu gado e ajudá-los a sobreviver à seca.
Cada capítulo deste livro descreve alternadamente a história de Vicente e Conceição e a história do vaqueiro Chico Bento.
Chico Bento é o vaqueiro responsável pela fazenda Aroeiras. A proprietária desta fazenda é Dona Marocas. Ela toma a seguinte decisão: se não chover antes do dia de São José, Chico Bento deverá abrir a porteira e soltar todo o gado da fazenda. Desta forma, não teriam mais gastos com alimentação dos animais e eles seriam deixados à própria sorte. Além disso, Dona Marocas demitiria todos os funcionários da fazenda, incluindo Chico Bento. Ele ainda espera uma semana depois do dia de São José, mas infelizmente não chove. Consequentemente, ele tem que soltar todo o gado e também fica desempregado. Sem ter para onde ir, Chico Bento decide que vai para a região Norte com sua família. Ele ouvia falar de oportunidades na Amazônia. Antes de partir para o Norte, ele tem que chegar à Fortaleza, para de lá partir para o Norte de vapor (de barco à vapor). Como ele não tem dinheiro algum, tenta vender o que tem para conseguir viajar. Ele encontra Vicente e faz um negócio com ele, pois tinha três rezes (três vacas) de raça. Ele troca as rezes por um jumento com Vicente, que ainda paga um pouco de dinheiro a Chico Bento. Com o jumento ele viaja pra uma cidade próxima, pois disseram que o governo estaria dando passagens para viajar para o Norte. Lá ele tenta conseguir as passagens, mas a pessoa do governo responsável por isso não dá. Depois ele descobre que aquele funcionário na verdade estaria vendendo as passagens.
Sem dinheiro e sem opção nenhuma, Chico Bento resolve partir com sua família a pé mesmo. Tenta chegar ao seu destino parando para dormir e comendo aquilo que pode. Com o dinheiro que tem compra alguma comida (carne seca, farinha e café) para a viagem, que não dará para sustentá-los ao longo do caminho. Nesta caminhada, ele tentaria conseguir trabalhar por alguns trocados e seguir rumo ao destino.
Sua família é constituída de sua esposa, dona Cordulina, de vários filhos, entre eles, os que são citados pelo nome são Josias, Pedro e Manuel (que tem o apelido de Duquinha). Também viaja com eles a cunhada dele, irmã de Cordulina, conhecida como Dona Mocinha. O jumento é o animal que segue na viagem carregando os mantimentos e o filho pequeno numa cangalha (uma espécie de cesto). Logo no início da viagem, Mocinha, a irmã de Cordulina fica numa cidade pois consegue arranjar um emprego. A família segue sem ela.
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