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Retextualização nos textos do jornalismo on line

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Por:   •  19/2/2015  •  Pesquisas Acadêmicas  •  4.178 Palavras (17 Páginas)  •  277 Visualizações

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Retextualização nos textos do jornalismo on line

(I)responsabilidade Social

Retextualization in the texts of the on line journalism

(I) Social responsibility

XXXXXXXXXXX

Resumo: Uma prática muito comum na imprensa, as técnicas de retextualização, ou seja, a passagem do texto falado para o escrito, ou, ainda, do texto escrito (impresso) para outro também escrito (cibernético), são praticamente ignoradas por repórteres e editores. Este artigo quer mostrar a importância do cuidado na transcrição desses discursos, principalmente no uso de citações, e apontar os riscos que um procedimento vulgar podem acarretar na qualidade da notícia e na comprovação do discurso.

Palavras-chave: Retextualização, Discurso, Jornalismo, Escrita

Abstract: A very common practical in the press, the techniques of retextualization which is the passage of the text said into the writing or the text written (printed) into another also text written (cybernetics), is practically ignored by reporters and publishers. This article wants to show the importance of the care in the transcription of these speeches, mainly in the citation use, and point out the risks that a vulgar procedure can cause in the quality of the news and in the evidence of the speech.

Key-words: Retextualization, speech, press, writing

Estamos num universo em que existe cada vez mais informação e cada vez menos sentido - Jean Baudrillard

A prática jornalística pressupõe competências como dominar a norma culta da língua, saber o que veículo entende por notícia, ter um conhecimento vasto de fontes e outras. Há, entre essas habilidades uma muito aplicada, mas praticamente ignorada pela grande massa de repórteres e redatores: a Retextualização, ou seja, a passagem do texto falado para o escrito, ou ainda, do texto escrito (impresso) para outro também escrito (cibernético). Mais que uma questão de metalinguagem, já que o termo não é encontrado nos livros técnicos, manuais ou demais publicações do gênero, específicas para profissionais da Comunicação, esse desprezo pela transformação tem uma ligação estreita com a própria prática jornalística. Fazer a mutação de um código para outro é uma ação mecânica, quase instintiva. Não se dedica tempo, por exemplo, nos bancos universitários, a se teorizar ou a se promover um estudo sistemático de seu uso, que costuma ser visto como uma habilidade “inata” dos futuros repórteres.

A comunicação humana inclui práticas automáticas de retextualização, seja numa conversa informal entre amigos, no trabalho etc. No entanto, a operação não pode ser vista de maneira ingênua no discurso midiático. A comunicação, particularmente nesses veículos, é antes um ato de manipulação e retextualizar se torna uma ferramenta que pode revelar, entre outras coisas, a ideologia do jornal, seus interesses políticos ou mesmo erros graves de entendimento entre o que se ouve e o que se publica.

A retextualização (...) não é um processo mecânico, já que a passagem da fala para a escrita não se dá naturalmente no plano dos processos de textualização. Trata-se de um processo que envolve operações complexas que interferem tanto no código como no sentido e evidenciam uma série de aspectos nem sempre bem-compreendidos da relação oralidade-escrita. (MARCUSCHI, 2005: 46)

Além do aspecto semântico, a atividade deixa brecha para outra discussão no campo da imprensa. Trata-se da citação ou declaração textual, componente das matérias jornalísticas pelo qual o jornal dá voz aos seus interlocutores, para confirmar aquilo que é apresentando no texto ou refutar com propriedade informação de outros entrevistados. Pela citação um jornal pode evidenciar preferências, opiniões ou crenças, uma vez que ao oferecer espaço para esses entrevistados, estes ganham notoriedade ou desprezo entre os leitores. Por outro lado, escolher uma retextualização no discurso indireto pode manifestar que o veículo pretende ofuscar personagens que tenham discursos contrários à linha editorial da empresa. Fazer uma citação em jornalismo significa, ou pelo menos pretende significar, fazer uma transcrição na íntegra, conforme orienta o Manual da Redação do Jornal A Folha de São Paulo.

A reprodução das declarações deve ser literal. Só podem ser reproduzidas em aspas frases que tenham sido efetivamente ouvidas pelo jornalista, ao vivo ou em gravações. (...) seja fiel ao que foi dito, mas, se não for de relevância jornalística, elimine repetições de palavras ou expressões da linguagem oral. (2002:39)

Além desta orientação para as citações, os manuais jornalísticos também tratam da organização do discurso indireto. A orientação dá-se, principalmente, na escolha das palavras, que tendem a buscar a simplificação, não apenas da produção do redator, mas também na explicação dada pela fonte. O Manual de Redação do Jornal O Estado de São Paulo sugere que o autor da matéria não apenas faça a reprodução do texto oral, mas use palavras mais simples, que na ótica jornalística seriam de mais fácil assimilação e entendimento do leitor. O livro usa alguns exemplos como substituir “demanda” por “procura”, “patamar” por “nível”, “conscientização” por “convencimento” entre outras.

Nunca se esqueça de que o jornalista funciona como intermediário entre o fato ou a fonte de informação e o leitor. Você não deve limitar-se a transpor para o papel as declarações do entrevistado, por exemplo, faça-o de modo que qualquer leitor possa apreender o significado das declarações. (1997: 16)

Agora pensemos numa mídia on line, que pelo menos por enquanto, por ser um suporte recente, com pouco mais de dez anos, trabalha com os mesmo preceitos do jornal impresso, mas em “tempo real”. Para garantir esse efeito de temporalidade instantânea adota uma nova maneira de retextualizar, a cobertura em parceria, ou seja, um repórter acompanha e anota o que ouve, faz a cobertura pessoalmente no local onde acontece o fato; outro, na Redação, escreve o texto que vai ao ar. É a retextualização dupla, como aquelas brincadeira infantis do telefone sem-fio, que pode acatar uma serie de interpretações. É sobre essa prática que trata este artigo: analisar algumas formas de retextualização no jornalismo on line, conhecer diferentes escolhas de montagem do texto numa mesma

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