Simulado. Análise de texto
Resenha: Simulado. Análise de texto. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: tatianasmaia • 20/6/2014 • Resenha • 1.018 Palavras (5 Páginas) • 216 Visualizações
Simulado
1. Leia o texto abaixo:
Hoje é daqueles dias em que sinto uma vergonha enorme por ser homem
Leonardo Sakamoto (*)
Estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelou que 26% da população concorda total e parcialmente que “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”. E 58,5% concorda total e parcialmente que “se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros”. Quem se assustou com isso não conhece o país em que vive.
Para uma parcela considerável da sociedade, não se enquadram na categoria de “vagabundas” apenas mães e avós, que dormem o sono das santas católicas, enquanto quem é “da vida” povoa as ruas e a madrugada. Porque “mulher de bem” cuida da família, não sai sozinha ou à noite, não aceitaria nunca colocar um vestido acima do joelho e deixar as costas de fora, não bebe, fuma ou tem vícios detestáveis, não ama apenas por uma noite e não ri em público, escancarando os dentes a quem quer que seja.
“Mulher de bem” permanece em casa para servir o “homem de bem” e estar à sua disposição como empregada, psicóloga, enfermeira, cozinheira ou objeto sexual, a qualquer hora do dia e da noite. Por quê? Porque, na cabeça dessa parcela considerável da sociedade, elas pertencem a eles. Porque assim sempre foi, é assim que se ensinou e foi aprendido. É a tradição, oras! E o discurso da tradição, muitas vezes construído de cima para baixo para manter alguém subjugado a outro, não pode ser questionado.
Nesse sentido, quem ousa sair desse padrão pode ser vítima de alguns “corretivos sociais”. Reclamamos de estúpidos muçulmanos que, do alto de uma interpretação bisonha do Corão, atacam mulheres que resolveram ser independentes, mas acabamos por fazer o mesmo aqui. Não é a contundência de um vidro de ácido lançado no rosto de quem deixou a burca ou o shador em casa. Mas pode corroer tão fundo quanto e deixar marcas que podemos não perceber.
Corretivos sociais que aparecem na forma de “inocentes” brincadeiras, de comentários maldosos, de críticas abertas, de encoxadas humilhantes, de assédio psicológico ou físico, de tentativas e de estupros consumados. As formas de violência que não envolvem agressão física são também perversas porque, como tal, não são encaradas. “Não foi nada demais, apenas uma brincadeira” ou “Esqueça! Ele é jovem! Só está fazendo molecagem”.
Uma mulher que conversa de forma simpática em uma festa está à disposição. Uma mulher que se veste da forma como queira está à disposição. Um grupo de mulheres sem “seus homens”, andando na noite, está à disposição. Depois perguntam o porquê de Marchas das Vadias acontecerem ao redor do mundo para protestar pelo direito de viver da forma que melhor convier.
Torço para que a quantidade bizarra de histórias sobre rapazes que creem que moças são objetos à sua disposição seja consequência do aumento de informação circulando por conta do crescimento das ferramentas de redes sociais e não por causa de uma mudança no seu comportamento. Ou seja, fatos que já aconteciam antes e que, agora, deixaram a penumbra e ganharam visibilidade. Caso contrário, vou entrar em depressão profunda.
“Você não tem namorado. Se tivesse, ele não te deixava sair sozinha”. “Mulher minha só vai para festa comigo do lado”. “Não importa que você não queira, se não me der um beijo, eu não deixo você ir”. “A culpa não é minha, olha como você tá vestida!”. “Se saiu de casa usando só isso de roupa, é porque estava pedindo”. “Ei, mina, se liga! Se não queria ficar comigo, por que topou trocar ideia?”.
Como já trouxe aqui, o homem precisa começar a entender que tem direito ao afeto, às emoções, a sentir. Passar a ser homem e não macho. Começar a mexer na sua programação que, desde pequeno, o ensina a ser agressivo e a tratar mulheres como coisas. Raramente a ele é dado o direito que considere normal oferecer carinho e afeto em público. Legal é xingar, machucar, deixar claro
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