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Unidade 1 Escreva Bem

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Por:   •  26/6/2014  •  2.357 Palavras (10 Páginas)  •  393 Visualizações

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Web Aula 1

Unidade 1 – Linguagem, língua e fala

AS DIFERENTES GRAMÁTICAS

Você já ouviu alguém sem qualquer escolaridade falando? Já ouviu algo do tipo “cê tá ligado, mano?”, ou “qualé a tua, mermão?”, ou “nóis qué muitcho fala co sinhô dos pobre qui mora nas redondeza”??? Falar assim não demonstra sempre que a pessoa não tem escolaridade. Também, não ter escolaridade não pressupõe que as pessoas falem assim.

Contudo, o que pode ser “geral” é a opinião sobre esses modos de falar: “ele não sabe português”, “ele não sabe falar”, “ele fala errado”, “ele fala feio”.

Vamos analisar friamente cada uma das opiniões?

“Ele não sabe português” nos faz pensar que o que essas pessoas falaram e que, garanto, você também entendeu, que a pessoa não está falando português, não é mesmo? Então, se ele não fala português, que língua é essa? Só posso concluir que seja uma língua que também nós falamos. É claro que essas enunciações são língua portuguesa!

“Ele não sabe falar”. Ué, como não sabe? O que ele fez não foi o resultado de uma fala? É claro que é uma fala! e ele soube falar, não soube?

“Ele fala errado”. Aí nós já podemos estar começando a entrar em concordância. “Podemos estar começando a entrar”... que construção horrível! Mas, deixemos esse assunto para outro momento... só advirto que não é muito aconselhável (de acordo com a gramática normativa da língua portuguesa) encadear assim “um monte” de verbos. Mas, por que talvez estejamos entrando em concordância? Porque essas pessoas não falaram certo, não é mesmo? Mas, o que é o certo? Quem instituiu o que é o certo? Sabemos que a gramática (normativa) é a base para que nós falemos e escrevamos “certo” e não “errado”. E por que, professor, as aspas em “certo” e “errado”? É justamente esse um dos nossos assuntos dessa Aula Web. Segure sua ansiedade mais um pouquinho.

“Ele fala feio”. E desde quando a beleza é unanimidade? Desde nunca! Ou desde sempre! Quantas pessoas lindas para umas pessoas não são tão lindas assim para outras? E quantos feios para uns são muito bonitos para outros? Com base em que, então, essas pessoas falaram feio? Espera! Mais uma autoanálise. O “correto” seria “Com base em que, então, essas pessoas falaram FEIAMENTE?” Feiamente?!?!?! Que feio!!! Viu só? O que é gramaticalmente correto nem sempre é a coisa mais linda que existe!

Ironias à parte, a ideia nessas quatro explicações é mostrar que todos os enunciados acima são perfeitamente legítimos dentro do território brasileiro. Todos comunicam com excelência em praticamente qualquer contexto. Só que nem todos são aconselháveis em qualquer contexto. É preciso usar a variação da língua portuguesa de acordo com a situação de comunicação em que ela vá acontecer! Bakhtin (um famoso teórico russo da área textual) diz, inclusive, que é a própria situação de comunicação que “escolhe” a variação linguística a ser usada. Interessante, não? Assim, estar em uma igreja, durante um serviço religioso solene, deve determinar o modo como as pessoas lá se comportam, inclusive linguisticamente. O mesmo acontece com um estádio de futebol lotado, durante a final de um campeonato entre dois times grandes e rivais: não se veste de qualquer jeito, não se comporta de qualquer jeito, não se fala (xinga?) de qualquer jeito.

É por isso que precisamos determinar alguns conceitos, para que, daqui em diante, tudo fique muito claro em nossas considerações sobre essas “coisas” da língua portuguesa.

Assim sendo, assista ao vídeo seguinte, no qual trataremos dos seguintes assuntos: conceitos de linguagem (linguagem verbal e não verbal), língua e fala. Assim que assistir, vá para a próxima página.

DIFERENÇAS ENTRE A FALA E A ESCRITA

E então? Conseguiu estabelecer com segurança as diferenças entre língua, linguagem e fala? Nem é tão difícil assim, não é mesmo?

Então, já que falamos em língua e fala e já consideramos algumas confusões que são feitas com relação a esses assuntos (gramática, língua, fala), vamos nos deter um pouco nas diferenças entre a fala e a escrita. Vamos nessa?

Pense bem nesse enunciado: “Impor-se-á a necessidade de se observar com cautela as palavras a serem usadas, minha jovem.”

O que pode haver de diferente neste enunciado? Da gramática não há nada de diferente, não é? Agora, se formos comparar com o português nosso de cada dia, aí não dá para negar que é BEM diferente!

Isso será respondido no assunto que trataremos agora, que se relaciona às várias maneiras de se dizer alguma coisa. Aproveite e reflita um pouco sobre a importância de conhecer a língua em todos os seus aspectos e não somente no gramatical.

Numa conversa com um gerente de loja, por exemplo, é importante escolher bem as palavras e procurar ser formal. Veja o exemplo de uma conversa formal, no vídeo seguinte.

Agora, vamos ver como esse texto falado formalmente, que você acabou de assistir, pode ser transformado em um texto escrito formalmente. Será que é só transcrevê-lo? Ou seja, será que é só ir pondo no papel a conversa, do jeitinho que ela foi falada, ou é preciso adaptações? Se você respondeu que é preciso adaptar, você acertou! Uma conversa transcrita literalmente é como um script de teatro, em que o autor escreve exatamente o que os atores têm que falar, inclusive o modo como devem fazê-lo. Mas, ainda, no caso do teatro, o texto escrito aparece ao ator antes de o ator falar. No nosso caso, o da conversa com o gerente, a enunciação oral surge antes da enunciação escrita.

Tendo visto esses dois vídeos, creio que a pergunta seguinte fica bastante fácil de ser respondida, não é mesmo? “Será que escrever é simplesmente transferir para o papel aquilo que falamos?” Já vimos que não! Vimos, também, que um teatro é escrito antes de ser falado e assim também deve ser um discurso, por exemplo.

Dessa forma, você note, no vídeo seguinte, como um discurso é naturalmente (e na maioria das vezes) escrito antes de ser enunciado. E a enunciação não é natural como a de um diálogo (por mais preparado para ele que estejamos); ela é bastante artificial, com pausas diferentes das pausas de um diálogo, com entonação também diferente, com expressões corporais e faciais da mesma forma diferentes. Bom vídeo para você!

DIFERENÇAS ENTRE A FALA E A ESCRITA (continuação)

Você

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