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A Adrian Forty

Por:   •  5/7/2022  •  Resenha  •  1.055 Palavras (5 Páginas)  •  76 Visualizações

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FORTY, Adrian. O Lar. In: FORTY, Adrian. Objetos de desejo: design e sociedade desde 1750. São Paulo: Cosac Naify, 2007. Pp. 131- 165.

O LIVRO COMO ATMOSFERA[1]

Jessica Vieira Goulart[2]

Nº USP: 11236928

O estudo da história do design se mostra como algo bastante recente, posto que o reconhecimento e a definição dessa área ganharam corpo apenas na contemporaneidade. Em vista disso, poucas são as obras voltadas a esse assunto tão essencial e complexo, o qual despende muito trabalho e cuidado por parte do autor. Entretanto, apesar da baixa quantidade de obras, algumas se destacam nesse meio, como o livro “Objetos de desejo: design e sociedade desde 1750” de Adrian Forty – professor emérito de História da Arquitetura no The Bartlett, Faculdade de Ambiente Construído da University College London – , o qual se coloca como referência elementar no estudo da história do design e sua relação na sociedade.

O livro busca entender, em seu aspecto mais amplo, a relação entre design e sociedade. Porém, este trabalho busca focar apenas no quinto capítulo da obra, “O Lar”, no qual Forty busca analisar o consenso sobre como deve ser o lar, assim como o surgimento do design de artigos domésticos, o qual se submete à essa ideia, mas também a molda. Nesse cenário, o autor parte desde o período da revolução industrial, mais precisamente meados do século XIX até metade do século XX, analisando como o design, voltado para o lar, se alterou e ditou mudanças em conjunto à sociedade desse período.

Ao desenvolver esse assunto, o autor transita sobre pontos importantes do desenvolvimento histórico-cultural do design, mais especificamente voltado ao desenho de artigos domésticos. Nesse contexto, ao se referir à revolução industrial e à divisão social do trabalho no começo do capítulo, o autor interage com um desses pontos, sendo, nesse caso, o surgimento - de certa forma legitimado, haja visto que se considera a criação da tipografia móvel por Gutemberg o ponto inicial da história do design -, do design de produtos, posto que se passa a distinguir os setores de projeto e o de produção. Ademais, com a revolução industrial, além da divisão do trabalho, surge o conceito de lar burguês, visto que, após essa mudança, o trabalho é transferido para fora das casas, de modo que estas se transformam em um local de refúgio, uma antítese do mundo industrial. Assim, se constrói uma necessidade de artigos voltados para o meio doméstico, de modo que o design surge como instrumento de diversificação de produtos e de sua adequação ao conceito de lar burguês, o qual possuía inspiração no meio aristocrático, visto que havia um desejo de aspiração da burguesia emergente. Para esse caso, o autor utiliza o desenvolvimento do design da máquina de costura como exemplo desse processo, no qual a máquina de costura passa a ganhar um aspecto menos industrial e mais composto nesse ideal de lar, de modo que ela seja finalmente consumida pelos lares da burguesia.

No ponto em se refere ao estudo e descrição da história do design, Forty se atenta à iconografia, a qual se mostra como parte fundamental dessa análise, visto que os produtos provenientes do desenvolvimento do design abrigam os resultados concretos dessa história, ou seja, abrigam a cultura material daquele período. Nesse sentido, ao demonstrar, por exemplo, as máquinas de costura (Pp. 132-134), ou a passagem do estilo “aristocrático” ao estilo da “mobília de arte” (p. 155), o autor permite ao leitor que compreenda, de maneira mais abrangente, a história do design, haja visto que esta é composta, com igual peso, de texto e de sua iconografia, os quais não podem ser desvinculados. Além disso, Forty também expressa, durante o capítulo, o design como fenômeno cultural, haja visto que essa relação deve ser destacada quando se trabalha com a história do design, a qual está fortemente vinculada com o desenvolvimento da sociedade. Esse tema não está apenas presente nos artefatos provenientes do design, como também em outras formas de representação cultural da sociedade, como na literatura (p.131), nas propagandas (p.139) e nas revistas voltadas aos artigos domésticos (p. 144). Ao fazer uso desse tipo de arquivo, o autor não apenas está legitimando seu discurso, como também gerando uma atmosfera, na qual o leitor é imerso.

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