Resenha de Texto “A produção da ‘cidade latino-americana” de Adrián Gorelik

[pic 1]                UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO - FAUrb

TEORIA E HISTÓRIA VI - ARQUITETURA LATINO AMERICANA E BRASILEIRA

Daniela Bilhalva de Farias

Resenha de Texto

“A produção da ‘cidade latino-americana” de Adrián Gorelik

        O texto analisa historicamente a categoria “cidade latino-americana” como construção cultural urbana, onde o autor coloca que a ideia desta funcionou como um pensamento social do imaginário intelectual e político das regiões da América Latina.

        Inicia-se debatendo sobre a expressão do termo “cidades latino-americanas” que possui uma multiplicidade de diferentes realidades urbanas, então se discute como se pode colocar em uma mesma categoria cidades tão distintas entre si, como Ouro Preto e Buenos Aires; o que seria inadequado definir uma representação genérica de características da “cidade latino-americana, sendo que estas se distinguem tanto. No entanto, a cidade latino-americana existe, de uma forma livre das propriedades mais gerais, e sim da forma como construção cultural, a qual se detém também por remeter à ideia de “invenção”, como se as cidades da  América Latina não tivessem sofrido contribuições das mais diversas origens e de realidades urbanas implementadas em sua história.

A conjuntura histórica da cidade latino-americana se dá  de forma particular. Quando se fala em cidade latino-americana se remete logo, de modo geral, as grandes metrópoles e seus problemas, como pobreza e marginalidade, encortiçamento dos centros histórico, desequilíbrios regionais, entre outros; quando, por outro lado, se desenvolve nos últimos anos, uma quantidade significante de estudos que faz uma quebra nas comparações e generalizações das cidades.

O autor faz uma contextualização histórica quando toma como exemplo a cidade de Caracas, na Venezuela, para o leitor entender mais o significado da simultaneidade dos processos de processos de definição da cidade como problema demográfico, social e político; onde o texto se torna confuso devido a quantidade de informações decorrentes nesta contextualização; no entanto serve para comparar o processo radical do sistema urbano e territorial venezuelano, que desencadearam a formação de uma internacional latino-americana de especialistas em ciências sociais e estudos urbanos; com as já metrópoles importantes na década de 50, Buenos Aires, São Paulo, Montevidéu, que representam o marco de “explosão urbana” no continente.         

Buscava-se uma planificação inteligente e cautelosa das políticas públicas e regionais dos países latino-americanos como uma forma de “aplicação da aprendizagem” a partir dos exemplos das realidades e experiências dos países desenvolvidos perante o crescimento exacerbado das cidades e o preço que pagavam com a ocorrência de guerras e de sofrimento humano; onde então se deposita no continente latino-americano um imaginário social que poderia evitar problemas, chamado pelos norte-americanos como “laboratório social”.

O ciclo da cidade latino-americana se dá primeiramente à transição da sociedade industrial para a moderna; onde se objetivava o desenvolvimento urbano e regional, com políticas ativas de planificação territorial. A segunda fase vem como um produto do desdobramento lógico dessa primeira fase, que foi a considerada mais produtiva pelo autor, marcada por polêmicas e conflitos devido à intensidade política da agenda urbana. O fim do ciclo se deu quando esse sistema de desenvolvimento decaiu, dando espaço à uma ruptura de pensamento social, com um contato estreito ao período de pós-planificação na Europa. Um novo ciclo que busca a recolocar o problema da modernidade em novos termos, que rompem com os princípios antigos da planificação e da sociologia, ciclo este que vai dar uma nova direção para o atual auge dos estudos sobre a cidade.  

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