A CLÍNICA DE PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL
Monografias: A CLÍNICA DE PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: AnaGuerra • 20/8/2013 • 3.868 Palavras (16 Páginas) • 1.068 Visualizações
A Clínica de Psicomotricidade Relacional
The Relational Psychomotricity Clinic
2008
Ana Elizabeth Luz Guerra¹
RESUMO
O presente artigo versa sobre a Clínica Psicomotora Relacional, campo que se utiliza do saber prático e teórico da Psicomotricidade Relacional para promover a saúde emocional de crianças e adolescentes que lidam com algum tipo de sofrimento psíquico. Em primeiro momento aborda-se as especificidades do atendimento a crianças e o elo entre seus sintomas e a dinâmica familiar. A seguir, ressalta-se que a clínica da Psicomotricidade Relacional com adolescentes é o espaço para a elaboração dos lutos infantis, o reencontro com o desejo, a retificação da própria subjetividade. Por fim, enfatiza-se que a unidade corpo e psiquismo narram a historia desejante do sujeito e, através da linguagem do corpo, do jogo simbólico e das relações transferenciais, as crianças e adolescentes elaboram seus conflitos e encontram uma outra amarração subjetiva que não a sintomática.
PALAVRAS-CHAVES: Psicomotricidade Relacional. Clínica. Crianças. Adolescentes.
ABSTRACT
The present article addresses about the Relational Psychomotricity Clinic, field that utilizes the practical and theoretical knowledge of Relational Psychomotricity to promote the emotional health of children and teenagers that deal with any kind of psyche suffering. In a first moment, it is talked about the children attendance specificities and the link between their symptoms and the familiar dynamic. Then, it is supplemented that the Relational Psychomotricity Clinic with teenagers is the space for children mourning elaboration, the remeet with desire, the rectification with their own subjectivity. Finally it emphasizes that the unit body and psyche tells the desirable story and, through body’s language, the symbolic game and the transferable relationships, children and teenagers elaborate their conflicts and find another non symptomatic subjective knotting.
KEY WORDS: Relational Psychomotricity. Clinic. Children. Teenagers
O Ser Humano em seu processo de evolução psíquica sente-se inserido em mundo familiar, escolar e em uma sociedade, que lhe proporciona inúmeras possibilidades de existência. O seu existir depara-se com complexidades, a partir do momento da concepção até a vida adulta. Um número significativo de pessoas neste processo de nascer, crescer e morrer, constroem uma história desestruturada psiquicamente ou mesmo frágil de significado. Neste sentido se faz necessário oportunizar um espaço para que a criança, o adolescente ou o adulto possam ressignificar sua existência. (GUERRA, 2008).
Um trabalho desenvolvido exclusivamente com crianças e adolescentes que são encaminhados pelos pais, escola, médicos ou outros profissionais quando apresentam um sofrimento psíquico, é o que se pretende com uma Clinica de Psicomotricidade Relacional. (GUERRA, 2008).
A criança e o adolescente são conduzidos pelos caminhos do corpo em direção ao desconhecido (causa do sintoma) que o faz sofrer. (GUERRA, 2008).
Na clínica de Psicomotricidade Relacional abre-se, segundo Jerusalinski (2004, p.14), “o espaço do que se ignora no destino de uma criança, para além da doença que a afete ou do limite que sua deficiência lhe trace”.
A Psicomotricidade Relacional na clínica, segue pelo brincar e o corpo, movido pelo desejo, vai desbloqueando pelo próprio movimento, os caminhos que o seu interior determinar, mantido em seu espaço seguro e motivado para expansão do seu imaginário. (CARVALHO,1997, p.82b). No jogo simbólico a criança e o adolescente percebem seu corpo como semelhante e, ao mesmo tempo, diferente porque está fora do outro. (GUERRA, 2008).
O ato de brincar é muito importante para a constituição subjetiva do sujeito graças ao seu caráter simbólico que o impulsiona rumo à subjetividade. O brincar na Psicomotricidade Relacional remete o sujeito numa determinada direção da cura, pois possibilita que a criança e o adolescente alcancem o saber sobre o seu corpo e sua representação simbólica. O corpo é um mistério. Ele não é só fisiologia, ele é desejo. (GUERRA, 2008).
Auxilia-se as crianças e os adolescentes a exprimirem a sua vida pulsional e a elaborarem seus conflitos. Possibilita-os se expressarem, imaginarem e viverem cenas e brincadeiras que passam à guisa de seus fantasmas, estabelecendo elos entre os elementos conscientes e inconscientes de suas diferentes produções que os psicomotricistas relacionais irão ajudá-los a descobrir. Trata-se de atualizar um passado que não é passado. Só depois de se revisitar as próprias origens é que não se está fadado à repetição dos sintomas. (GUERRA, 2008).
Está vinculada a uma queixa específica, ou seja, situa-se em relação ao pedido de ajuda, mas não perde de vista o seu aspecto preventivo, pois busca detectar a dificuldade da criança e do adolescente, sem esquecer de seu potencial para se desenvolver. A Psicomotricidade Relacional trabalha antes de tudo, com o que a criança e o adolescente sabem fazer. (GUERRA, 2008). Lapierre e Aucouturier (1988, p.19) ensinam: “Queremos trabalhar com o que há de positivo na criança; nós nos interessamos por aquilo que ela sabe fazer, e não pelo que ela não sabe fazer”.
Parafraseando Násio pode-se afirmar que escuta do psicomotricista relacional gera um novo sentido no grupo quando habitada por um desejo de receber o impacto de uma corporeidade sintomática. É uma escuta, acima de tudo, transferencial, ou seja, a escuta do psicomotricista relacional segue o desejo de entrar no psiquismo do outro a ponto de encarar ali o sintoma, de se fazer o núcleo do sofrimento. Quando o desejo do psicomotricista relacional está presente e identificado com a causa do sofrimento, o psicomotricista relacional é levado a decodificar e fazer surgir essa decodificação na ação que se desenrola na relação com os pacientes. O psicomotricista relacional precisa se identificar com o próprio sintoma, com a própria demanda, que torna a energia psíquica em ação para que ele venha a decodificar. A boa escuta e a boa decodificação não são encontradas nos livros e na racionalidade do pensamento. Ela surge do improviso, se o psicomotricista relacional souber se alojar inicialmente no núcleo psíquico do sintoma. Identificando-se com o núcleo do sofrimento, a decodificação acontecerá, fornecendo assim um substituto à dor
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