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A Caminhada do Companheiro

Por:   •  8/4/2018  •  Dissertação  •  1.729 Palavras (7 Páginas)  •  3.127 Visualizações

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Trabalho relativo à primeira instrução do grau de Companheiro Maçom

“ A caminhada do Companheiro ”

ARY SILVEIRA

Companheiro Maçom

Fevereiro

2018

Para iniciar uma caminhada devemos antes saber aonde queremos chegar. Conhecendo nosso objetivo presumiremos como será esse caminho. Como nos faz refletir uma frase inspirada no filósofo Séneca1: “O barco que não sabe aonde quer chegar, nenhum vento pode ajudar”.

O Companheiro deve buscar o mesmo lugar que todos os maçons almejam, ou seja, trabalhar com o objetivo de “tornar feliz a humanidade, pelo amor, pelo aperfeiçoamento dos costumes, pela tolerância, pela igualdade e pelo respeito à autoridade e à crença de cada um2”. Para tanto deve vencer pequenos obstáculos diários.

Nossas metas são divididas ao longo da jornada. Em cada fase o maçom trabalhará para cumprir finalidades específicas, sempre direcionado ao objetivo último. A cada degrau na Escada de Jacó ele aperfeiçoará determinados atributos, percorrendo um caminho que o dotará de capacidade para alcançar esse fim.

Percebemos que a primeira instrução que consta do Ritual do Companheiro Maçom4, proporciona ensinamentos acerca do Painel da Loja de Companheiro. A interpretação das alegorias nos fornece o balizamento para o caminho rumo a exaltação, ou seja, o reconhecimento de que estamos prontos a novos desafios, preparados para aprimorar novos atributos.

O painel da loja de Companheiro representa simbolicamente a jornada que deve ser trilhada pelos irmãos do 2º grau. A instrução ocupa-se em interpretar o painel, transmitindo, na exata medida, os ensinamentos que devem ser buscados para nossa evolução, no intuito de contribuir para o progresso da humanidade.

A primeira instrução se encerra alertando ao Companheiro da necessidade de interpretar as alegorias em busca do caminho: “Esta primeira instrução vos aponta o caminho que tendes a seguir para chegardes, como nossos Irmãos, a tomar parte dos trabalhos dos Mestres.”

Pelas alegorias pode-se resumir que o Companheiro deve trilhar no estudo e compreensão de seus deveres e obrigações para com Deus, para consigo próprio e para com seus semelhantes. Não olvidando de sempre continuar os trabalhos que realizou como Aprendiz, ou seja, continuar a lapidar o próprio espírito, cabendo ainda incentivar sua curiosidade, seu interesse e sua vontade de aprender, sobre os aspectos importantes da humanidade, das ciências e das artes.

D´Elia Junior assim resume “o importante trabalho do Companheiro seria de prover o próprio regresso ao estudo do Homem, de suas Ciências e Artes; mas, sem deixar de continuar a aperfeiçoar sua espiritualidade, porque somente assim se completa: “Assim é que deve fazer!”5

Não podemos deixar de registrar que o caminho do Companheiro começa a se descortinar na sessão de elevação. O Irmão, ainda na condição de Aprendiz, antes mesmo de realizar as viagens, inicia um processo de mudança. Neste momento lhe é dito que deverá procurar na ciência, a sua interpretação moral e, principalmente espiritual, para poder penetrar o espírito da nossa instituição, posto que se tornou digno de ser um “verdadeiro obreiro da inteligência”.6

Esta passagem ressalta a importância do estudo para a inteligência e a sua importância para nossa instituição: “a vida é a faculdade de resistir à morte, a inteligência é a função ativa da alma, tanto quanto o sentimento e a vontade. Desta engrenagem, orgânico-espiritual, nascem as faculdades de pensar, de compreender, de agir, brotam as ideias, a memória e o raciocínio que nos conduzem à perfectibilidade, isto é, ao engrandecimento da alma pelos pensamentos e pela dedicação útil ao progresso e ao bem-estar da humanidade.”6

Diferentemente do Aprendiz, o Companheiro é estimulado a buscar o progresso por intermédio da ciência, de estudo e de ensinamentos. E deve fazer a transição do plano físico para o plano espiritual. As viagens realizadas por ocasião da elevação já iniciam a preparação do Companheiro para a nova realidade.

Para Camino, “Cinco situações são evidenciadas nessas viagens iniciáticas: a primeira, é consagrada aos cinco sentidos do homem; a segunda objetiva o estudo das cinco ordens arquitetônicas: dórica, jônica, coríntia, compósita e toscana; a terceira é dedicada às artes liberais: gramática, retórica, lógica, música e astronomia; a quarta simboliza a dedicação à memória dos grandes filósofos do passado: Sólon, Sócrates, Licurgo, Pitágoras e da inscrição I.N.R.I.*; a quinta e última viagem é dedicada à glorificação do trabalho.”7

Aliado ao conhecimento por meio do estudo, o Companheiro se valerá das ferramentas de seu grau. São estes instrumentos que possibilitarão construir a sí próprio com inteligência. A frase “Conhece-te a ti mesmo", aforismo grego que revela a importância do autoconhecimento, bastante conhecida no ramo da Filosofia, ainda será um guia e deverá ser empregada ininterruptamente pelo Companheiro, pois conhecendo as entranhas de sua alma saberá melhor empregá-las.

Acerca dos ensinamentos da primeira instrução, verificamos que é conduzida pelo Venerável Mestre com auxílio dos irmãos vigilantes e orador. As diretrizes para o Companheiro vão sendo esclarecidas paulatinamente. Da entrada do templo, vencendo a escada em caracol e chegando à câmara do meio, os Irmãos ensinam os mistérios do grau, mostrando ao Companheiro por onde poderá encontrar progresso.

O Venerável Mestre inicia a instrução indicando que devemos ter atenção as colunas do Templo de Salomão. Posto que “Na Força e na Beleza eu apoiarei esta minha casa, a fim de que ela se mantenha firme para todo o sempre”. Desta forma nossa vida, nossos valores, nosso templo interior devem estar baseados na Força, que Deus elegeu como sustentação e na Beleza que é a graça e que adorna todas as nossas ações.

O local das colunas, na entrada do templo, alerta que o início do progresso deve ser fundamentado nas bases eleitas pelo G.´.A.´.D.´.U.´. Para construção do templo interior devemos sedimentar essas bases, para assim iniciar os trabalhos.

O trabalho árduo, contínuo, incerto, sinuoso é representado pela escada em caracol. O ritual ensina que após possuir a base, conquistada pelos trabalhos de Aprendiz, materializada com o conhecimento da palavra de passe, ao Companheiro é permitido continuar sua caminhada.

Diante da escada, ainda que incerto sobre o caminho, o Companheiro estudando, esforçando-se, aliado a razão e a ciência, com paciência e perseverança no caminho, escutando seu coração, estará progredindo para o aprimoramento moral.

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