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A Criança E Seu Desenvolvimento

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Por:   •  16/9/2012  •  1.153 Palavras (5 Páginas)  •  1.674 Visualizações

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A criança e seu desenvolvimento

Durante muito tempo a criança foi vista como um adulto em tamanho reduzido.Ela teria as mesmas habilidades e características do adulto, mas limitadas e deficitárias.Essa percepção, profundamente difundida em épocas passadas e ainda hoje com alguma aceitação, deve-se à tendência do homem de atribuir os próprios traços a outros seres.Para o homem primitivo até as plantas e animais tinham mente, sentimentos,desejos.

De fato, não só a criança pensa de modo diferente, percebendo o mundo de maneira diversa da do adulto, não só a lógica da criança se baseia em princípios qualitativamente diferentes, que se caracterizam por grande especificidade, como ainda, sob muitos aspectos, a estrutura e as funções de seu corpo diferem grandemente das do organismo adulto. (VYGOTSKY; LURIA, 1996, p.153).Para esses autores, a diferença entre a criança e o adulto começa na percepção desorganizada do recém-nascido: não há percepções isoladas e o mundo dos objetos sensíveis é caótico para ela. Provavelmente as primeiras coisas que a criança começa a perceber mais isoladamente e a destacar sejam a posição de seu corpo, os estímulos internos (como a fome), e o bem estar físico.

As habilidades para relacionar e compreender o mundo que a rodeia vão sendo progressivamente construídas pela criança, através da interação social e conseqüente amadurecimento das funções psicológicas.

Assim começa a criança a ingressar na vida. Contudo, seria espantoso que esse ser, ao estabelecer suas primeiras relações com o mundo, tivesse, no grau mais insignificante, os mesmos atributos que tem o adulto, isto é, que possuísse132as características que só surgem no processo de prolongada adaptação. Por outro lado, seria errado pensar que a criança, tendo já coberto uma certa distância no caminho do desenvolvimento (caminho muito específico, diverso do do adulto),não possui forma alguma de atividade neuropsicológica, por mais primitiva que seja.”(op.cit:156).

Há leis específicas regendo o pensamento da criança: a lógica é primitiva,assim como o comportamento. Não houve ainda cotejos graves com a realidade. O

pensamento da criança, quando verificado, testado, confrontado com a realidade, não é preciso nem eficiente; sua função não é, como no caso do pensamento do adulto, a de organizar as ações no mundo, e não é necessariamente fiel à realidade, confundindo-se com os conteúdos fantasiosos.

Segundo Piaget, o pensamento infantil caracteriza-se pelo egocentrismo e primitivismo. Isso pode ser observado nas falas das crianças de 3 a 7 anos: a chamada fala egocêntrica, que não exige um interlocutor. A função desse tipo de linguagem não é a de comunicação: é, principalmente, o planejamento de determinadas ações de iniciativa própria.” (VYGOTSKY; LURIA, p.164). Diferente do adulto, que em geral tem seu pensamento vinculado e orientado para a realidade, servindo-o na organização das atividades no mundo exterior para atingir determinada meta, o pensamento da criança a ajuda a criar um mundo no qual todas as necessidades são satisfeitas.

O desenvolvimento da consciência e do pensamento abstrato depende do desenvolvimento da linguagem, só possível se a criança interage com os membros mais capazes de seu grupo cultural. A linguagem, sistema simbólico por excelência, contém todos os conceitos, idéias e pensamentos; pode representar todo o universo, e as representações de uma cultura podem estar contidas na vida psíquica dos membros desta cultura. Nessas representações estão incluídos os princípios e as normas que orientam a moral vivida.

A criança, à medida em que cresce física e intelectualmente, desenvolve-se moral e emocionalmente. Na medida em que seu meio social apresentar ações instrutivas com relação à regras e preceitos, a criança internalizará o seu significado.Segundo os sociólogos BERGER e LUCKMANN (1994), a aprendizagem dos modos da cultura da qual a criança faz parte, incluindo as normas, valores e princípios,é um processo que não se restringe à capacidade intelectual, mas exige a participação da emoção.

De fato, há boas razões para se acreditar que sem essa ligação emocional com os outros significativos o processo de aprendizado seria difícil, quando não de todo impossível. A criança identifica-se com os outros significativos por uma multiplicidade de modos emocionais. Quaisquer que sejam, a interiorização só

se realiza quando há identificação. A criança absorve os papéis e as atitudes dos outros significativos, isto é, interioriza-os, tornando-os seus. (BERGER;LUCKMANN, 1994, p.176).133 RATNER (1995), teórico adepto da abordagem vigotskiana, distingue as emoções primitivas, naturais e involuntárias do bebê, das emocões socialmente construídas de um indivíduo participante de um grupo cultural; para ele, as reações emocionais maduras dependem de significados sociais atribuídos às coisas.” (RATNER, 1995, p.143). As emoções refinadas, denominadas e passíveis de controle se desenvolvem a partir da construção da consciência, através do trabalho, da linguagem e das interações sociais.Para Vygotsky, citado em Piaget, Vygotsky e Wallon”, a consciência organiza-se dinamicamente, envolvendo o afeto e o intelecto. A teoria vigotskiana assume uma perspectiva monista, oposta à qualquer espécie de divisão entre as dimensõeshumanas:corpo/alma,pensamento/linguagem,

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