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A ECONOMIA AÇUCAREIRA NA BAHIA: UMA ANÁLISE HISTÓRICA

Por:   •  19/4/2019  •  Abstract  •  2.281 Palavras (10 Páginas)  •  233 Visualizações

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A ECONOMIA AÇUCAREIRA NA BAHIA: UMA ANÁLISE HISTÓRICA

A história da economia do açúcar na Bahia, começa junto com a implantação do governo geral em 1549, devido ao fracasso das capitanias hereditárias e a necessidade de defesa da colônia.

Segundo o historiador Stuart B. Schwartz:

“O fracasso generalizado do sistema de capitanias levou a coroa portuguesa a procurar uma nova estratégia para defender suas possessões na América. Ordenada por D. João III, em 1549, uma grande expedição liderada pelo primeiro governador-geral, Tomé de Souza uma semideserta capitania da Bahia. Logo de início, ficou patente que a criação de uma indústria açucareira era interesse primordial do governo sediado na Bahia.  O regimento de trazido por Tomé de Souza incluía diretrizes específicas relativas ao estabelecimento e regulamentação de engenhos de açúcar...”

Não se sabe ao certo a origem da produção da cana-de-açúcar, mas sabe-se da sua expansão para Ásia, África, Europa, Ilhas Atlânticas (Açores e Madeira) e principalmente o seu desenvolvimento na América portuguesa. Com a implantação do governo geral, a expedição que chegou a Bahia, além de garantir a defesa do território teria que povoar a colônia e torná-la produtiva e lucrativa, é nesse contexto que o regime de sesmarias é estabelecido em benefício da economia açucareira. Esse regime caracteriza-se pela doação de terra pela coroa portuguesa “a quem tivesse condições de equipar um engenho no prazo de três anos“ (Stuart, 1985), deviam residir, estimular povoamento e garantir segurança tanto aos moradores quanto ao engenho onde habitavam.

Os governos de Tomé de Souza e Mem de Sá (1558 – 1572) destacam-se nesse período como pioneiros na implantação de engenhos na Bahia. Em meados de 1500, por volta de 1560, engenhos já funcionavam em áreas mais próximas a Salvador como é o caso de Paripe, Pirajá, Matoim e Cotegipe. E nesta busca por produtividade e lucro foram-se descobrindo e explorando novas terras, principalmente no governo de Mem de Sáque explorou muito a faixa litorânea da baía, a norte e a oeste e também mais para o interior da baía chegando assim ao Recôncavo através dos rios Paraguaçu, Subaé e Sergipe, região esta onde a economia açucareira da Bahia se consolidaria como grande potência.

O Recôncavo baiano oferecia ótimas condições climáticas e geográficas para a cultura da cana-de-açúcar, “índice pluviométrico apropriado e solos excelentes, especialmente o negro e argiloso massapê e a sua conexão direta com a Baía De Todos os Santos” facilitando assim o transporte.

A relação Salvador x Recôncavo transformou a região tornando-a economicamente importante, era o centro da produção do açúcar e grande produtora de gêneros alimentícios no período colonial.

O Recôncavo também funcionou como entreposto comercial para o principal porto da colônia – produzia e abastecia com itens de primeira necessidade e com produtos para exportação, como destaca o historiador Stuart B. Schwartz:

“O Recôncavo conferiu a Salvador sua existência econômica e estimulou a colonização e o desenvolvimento do sertão; seus senhores de engenho dominavam a vida social e política da capitania por toda sua história. Falar da Bahia era falar do Recôncavo, e este foi sempre sinônimo de engenhos, açúcar e escravos.”

OS ENGENHOS DE AÇÚCAR E O RECÔNCAVO BAIANO

“O açúcar foi o principal produto de exportado pelo país no período colonial, e a produção açucareira conferiu a Bahia, e principalmente ao Recôncavo baiano, sua razão de ser...” (Stuart B. Schwartz)

A comercialização do açúcar do Recôncavo foi fundamental para determinação da sociedade baiana, seu modo de viver e a relação com a capital da colônia durante todo este período foi ditado pela vida que acontecia nos engenhos.

Entende-se como engenho “o mecanismo utilizado para moer a cana, porém o processo não para por aí, com isso o termo Engenho passou a denominar a propriedade rural onde todas essas atividades produtivas aconteciam (...) O engenho também pode ser descrito como primeiro grande complexo associado a uma atividade produtiva e além disso, pela sua arquitetura materializavam a verdadeira síntese da sociedade brasileira de então...” (Arquitetura Na formação do Brasil)

De uma maneira geral esse complexo produtivo era composto por uma fábrica, casa-grande, capela e senzala. A maneira como estas edificações eram dispostas nos terrenos variavam a depender da topografia, da fonte de energia que movia o engenho e as vezes dependia também da vontade do seu senhor.

Os primeiros registros feitos por holandeses no Brasil, que se tem conhecimento sobre como esta implantação e ocupação acontecia. E de uma maneira geral eram desta forma:

A casa-grande situada a meia encosta e com fachada principal voltada para a fábrica; a fábrica situada em nível inferior, localização determinada pela proximidade que esta deveria ter da fonte de energia que movia o complexo e a grande maioria dos engenhos utilizavam-se das rodas d’água; a capela estava localizada em nível igual ao da casa grande ou superior e um pouco afastada dela.

Obedecendo essa lógica, o primeiro edifício a ser implantado era a fábrica e a senzala, caracterizando assim a função primordial do engenho que era a produção. É importante ressaltar que a casa-grande era sempre implantada em cota superior à da fábrica destacando assim o papel de fiscalização da produção pelo senhor de engenho. Cada edificação desempenhava uma função no complexo açucareiro:

A fábrica era onde todo o processo produtivo acontecia, em sua maioria eram edifícios de forma retangular coberto e apoiado em colunas de tijolos. A senzala era sempre térrea e dividida em cubículos e sem janelas.

A casa do proprietário ou casa-grande como ficou conhecida a partir do século XIX, apresentava algumas particularidades; esta casa a depender da proximidade que tinha da cidade poderia ser mais simples ou não; e, por fim, a capela. Esta edificação não apresentava características muito diferentes das demais existentes em áreas rurais do país. Possuíam nave, capela-mor e sacristia, algumas eram mais ricamente decoradas com altares, púlpitos e tribunas mas isso não deve ser entendido apenas como ostentação, no período colonial toda a vida social se desenvolvia nos ofícios e festejos religiosos.

Se, em um primeiro momento os edifícios deste complexo eram dispostos isoladamente no terreno obedecendo sua hierarquia e função, a partir do século XVIII, esses edifícios começam a se associar, principalmente em Pernambuco e na Bahia.

Esta associação acontecia de várias formas: capela e casa-grande; casa-grande e fábrica, contudo é importante ressaltar que mesmo com estas associações o acesso privativo a família do senhor de engenho a capela estava mantido.

Seguindo esse contexto de entendimento espacial dos engenhos, a sua ocupação e seus edifícios ao longo do tempo fica mais claro a percepção dessa ocupação na região mais importante da produção açucareira da Bahia, se não do Brasil – o Recôncavo.

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