A Gravidez na Adolescencia
Por: Rafaeli Santana • 12/8/2019 • Trabalho acadêmico • 1.303 Palavras (6 Páginas) • 190 Visualizações
Gravidez na Adolescência
Até quase a metade do século XX, a gestação na adolescência não era considerada uma questão de saúde pública, e não recebia atenção de pesquisadores como recebem hoje. No Brasil, isso se tornou mais visível com o aumento da proporção de nascimentos em mães menores de 20 anos, no entanto, apesar do número de mães jovens crescerem, o numero de mães no total, não cresceu tanto, graças a taxa de fecundidade diminuir após os 25 anos de idade.
Com esse crescimento de mães adolescentes os pesquisadores trouxeram algumas questões importantes: É a gravidez uma experiência esperada ou desejada na adolescência? O que ela revela? Quais suas consequências? Houve um aumento acerca das questões que envolvem a adolescência, das quais não se definem apenas a partir de critérios etários ou biológicos.
A adolescência é antes de tudo, um fenômeno social, em que se da a um desenvolvimento no qual se espera certas expectativas acerca do indivíduo que esculpem um modo de ser adolescente. Desta forma, o conceito de adolescência pode mudar ao longo do tempo, segundo Erikson, 1976, com o aumento da industrialização esse período entre a infância e a vida adulta passou a ser entendido como uma etapa de transição, onde a preparação para o trabalho e a construção de um senso pessoal de identidade seriam elementos centrais.
Dentro desse fundamento, a gravidez na adolescência seria considerada uma experiência indesejada, visto que restringiria as possibilidades de exploração de identidade e de preparação para o futuro profissional.
Fatores precursores relacionados à gravidez na adolescência.
Adolescentes mantêm relações sexuais sem cuidados contraceptivos. A iniciação ocorre cada vez mais precoce, devido à mudança dos valores socioculturais. Um grande precursor dessa mudança foi a pílula anticoncepcional, que é considerada a mais eficaz.
Antes o sexo era vinculado somente à procriação, posteriormente é vista sob a ótica do prazer. Desde então, é difícil para o adolescente associar a possibilidade de uma gravidez precoce com sua satisfação sexual, logo não adota um contraceptivo eficaz.
Observa-se que há contradições nos valores relacionados ao corpo, os próprios pares promovem uma sexualidade reprimida dependendo de seus princípios educacionais. Os padrões impostos para cada gênero são distintos.
As meninas se inserem na competência de terem um comportamento passivo, de despreparo ou falta de informação. Ou seja, em sua primeira relação sexual seria comprovado essa determinada conduta de ser passiva. O fato de preparar-se para uma experiência sexual, a menina não é bem interpretada dentro da moralidade feminina que foi imposta. A mulher moralmente correta neste caso, teria sua primeira relação, sem premeditação alguma e de forma inocente. Essa inocência substitui o valor que a virgindade possuía no passado.
Já no âmbito masculino, eles não foram educados a se preocuparem com os cuidados contraceptivos, usar métodos para não se procriar, significa assumir e expressar sua sexualidade.
No ponto de vista cognitivo, adolescentes, particularmente os mais jovens, têm dificuldade em avaliar a extensão e o impacto das consequências do próprio comportamento. Acreditam ser invulneráveis.
Em termos afetivos, a gestação adolescente pode ser associada à crise de dessimbiotização, caracteriza-se pela dificuldade na ruptura do vínculo de dependência simbiótica. A gestante buscaria solucionar esse conflito através da recriação da situação mãe-bebê. Ou seja, a gravidez na adolescência resulta de um processo inconsciente, no qual a jovem transferiria a dependência entre ela e sua figura materna, para com seu filho.
Desejo de ser mãe na adolescência e fatores socioculturais
É perceptível através de estudos relacionado à vontade de ser mãe na adolescência, um certo significado mais complexo e paradoxal. Foi constatado que é entendido como uma experiência gratificante para além do que se considera como situação problema. Para alguns adolescentes a constituição da nova família que a gravidez trouxe é a porta de entrada para o mundo racional de responsabilidades configurando assim um novo status social.
Para acamada socioeconômica menos favorecida, muitas vezes a gravidez é o único projeto de vida viável e valorizado além de uma possível alternativa para lidar com uma sequência de adversidades e situações desfavoráveis presentes em seu contexto sócio afetivo (carências emocionais associadas à maternidade na adolescência/ Reis e Oliveira-Monteiro (2007) totalizou em um estudo com jovens participantes de um programa de inclusão sociocultural, com moradores de uma favela na grande São Paulo, os autores encontraram que, entre as meninas estudadas, "sentir-se só" (24%), "brigas ou tristezas com a família" (23%), "falta de opções na vida" (13%) e "gostar de crianças" (10%) foram as principais razões indicadas para o desenvolvimento de uma gravidez na adolescência. Já entre os meninos, a gestação foi relacionada principalmente com "falta de opções na vida" (25%), "brigas ou tristezas com a família" (15%), "vontade de ter a própria família" (15%), "gostar de crianças" (10%) e a "falta de oportunidades de estudar ou trabalhar" (10%)).
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