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A INTENÇÃO DE RUPTURA

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Por:   •  23/3/2014  •  1.246 Palavras (5 Páginas)  •  379 Visualizações

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A Intenção De Ruptura

Esta perspectiva surge a partir da crise final da ditadura, quando o movimento operário, constituído em sujeito político, emerge no cenário político-social, na passagem dos anos 70 para os 80. Este processo se refrata no interior do Serviço Social no Congresso da Virada (III Congresso de Assistentes Sociais do Brasil) no ano de 1979. Obviamente, este processo, que emergiu no Serviço Social, já tinha um acúmulo realizado nos anos sessenta e também, ainda que em circunstâncias totalmente desfavoráveis, nos anos setenta, como ficou patente com a experiência do Método B.H. Existe aqui uma relação explícita, entre os interesses das classes sociais subalternas, e sua expressão teórica na teoria social crítica, particularmente, na tradição marxista.

No marxismo entendido como filosofia de práxis, há a concepção de que o conhecimento está ligado aos interesses das classes sociais. Neste sentido o marxismo seria a forma de consciência teórica dos interesses históricos da classe operária. Ou seja, existe aqui uma relação consciente entre a teoria social e a prática de uma determinada classe social. Postula-se assim, a relação entre o trabalho de conhecer a realidade e a da sua transformação, na trilha das Teses sobre Feuerbach, em particular a tão citada tese No. 11: "Os filósofos têm apenas interpretado o mundo de maneiras diferentes; a questão, porém, é transformá-lo." Neste sentido, o marxismo não é uma teoria social no sentido tradicional da palavra, ela é uma teoria sui-generis, já que não postula que o filósofo deva se afastar dos interesses mundanos, num processo de catarse ou purificação, como na filosofia tradicional desde a época dos gregos (para estes pensadores a teoria era contemplação, ausência de movimento).

Dai a relação do marxismo com o processo de reorganização da classe operária nos último anos da década dos anos setenta, e com o surgimento dos sindicatos autodenominados autênticos que depois conformariam o PT e a CUT. Nesta perspectiva se opera com uma relação consciente com o movimento operário (esta é sua particularidade). O papel da teoria é tornar consciente, unitário e coerente os interesses da classe operária. Este papel da teoria se desenvolve através da prática política, na intenção de construir aos trabalhadores como sujeitos políticos. Existe, portanto, uma intencionalidade na teoria crítica, que é voltar para a prática dos trabalhadores, esclarecendo-os dos seus "verdadeiros" interesses, para que assim possam agir na direção da sua emancipação. Existe uma ruptura com o mito da neutralidade, e uma tomada de partido em favor dos interesses dos trabalhadores (ao mesmo tempo que os próprios assistentes sociais se descobrem como trabalhadores). Nas outras perspectivas a relação do Serviço Social com as classes sociais é negada ou ocultada.

No caso do marxismo, como filosofia da práxis, que assume explicitamente os interesses da classe operária, precisa explicar como é possível que esse ponto de vista particular, possa ser superior aos outros pontos de vista, no sentido de ser mais universal, a pesar de ser também um ponto de vista particular, corporativo. A resposta está no lugar que a classe operária ocupa na história das sociedades de classe. Ela seria a última das classes sociais. A sua emancipação da exploração da qual é objeto, não daria lugar a um outro regime de exploração. Ou seja, ela (a classe operária) não se transformaria numa outra classe exploradora. A sua emancipação significa o fim do regime de exploração do "homem pelo homem", porque daria lugar a um regime sem classes sociais antagônicas. A própria classe operária vai deixar de existir, em tanto classe social.

Por esta razão, a classe operária é potencialmente portadora de um interesse universal, porque está interessada na sua emancipação e na emancipação da sociedade. Não tem outra classe para explorar. Ela é portadora de um interesse universal ou emancipatório. Existe nela a perspectiva da totalidade (universalidade). Por isto, a pesar, de defender os seus interesses particulares de classe, ao mesmo tempo, ela é potencialmente portadora de um interesse universal. Na ditadura isto ficou claro: ao mesmo tempo que a classe operária lutava pelo seu emprego e salário, também lutava pela democracia e a liberdade. É claro que o interesse universal da classe operária pode não se realizar, dai que seja necessário esclarecer que ela (a classe operária) é portadora "em potencial" de um interesse emancipatório. Por causa desta articulação entre o interesse particular e o interesse universal é que, do ponto de vista do conhecimento, opera-se com a perspectiva da totalidade concreta. Totalidade não quer dizer todo, quer dizer analisar a sociedade de um modo unitário e não fragmentário, a relação entre o singular e o universal que se exprime na particularidade dos fatos sociais. A articulação entre as diferentes instâncias ou momentos

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