A Linguagem e Língua
Por: Ana Clara Condé • 22/2/2016 • Projeto de pesquisa • 1.811 Palavras (8 Páginas) • 915 Visualizações
Linguagem e Língua
A linguagem é um produto da cultura, o que significa que ela é aprendida, transmitida de geração a geração. A língua é uma forma de linguagem, um dos instrumentos de interação sociocomunicativa. Caracteriza-se pelo dinamismo e pela heterogeneidade, variando no tempo, no espaço e na hierarquia social, pela ação de seus falantes. Pelos usos diferentes que os falantes fazem dela, a língua passa a existir como um conjunto de falares diferentes, cada um com suas peculiaridades em relação a alguns aspectos linguísticos. Ao mesmo tempo, esses falares são semelhantes entre si, pois constituem uma língua.
Todos os países tem sua língua oficial, que e instituída como tal por decisão governamental. Essa é a língua utilizada pelo governo na condução de seus trabalhos e que não coincide, necessariamente com a língua materna, aquela geralmente, aprendida em ambiente familiar. Há, no mundo atualmente, cerca de três mil línguas. Além dessas, há entre sete e oito mil dialetos, que são variantes de um idioma.
No Brasil, a língua oficial e a língua portuguesa, mas é importante ter a clareza de que somos um país multilíngue, pois temos as línguas indígenas (eram mais de mil quando os portugueses chegaram as nossas terras: hoje, não chegam a duzentas), as línguas de origem africanas, ainda praticadas pelos quilombolas, e as línguas dos imigrantes, que vieram principalmente, da Europa e da Ásia. Além dessas, há as chamadas línguas de fronteiras, que são as praticadas por diferentes etnias em contato – índio, espanhóis, árabes, portugueses, alemãs, entre outros.
A língua portuguesa, que se formou na península ibérica, região em que hoje se encontram a Galiza e Portugal, é uma língua de origem latina, assim como o galego, o castelhano, o francês, o italiano e o romeno. Formou-se a partir do latim vulgar falado pelos povos que habitavam a parte ocidental de península ibérica. Está, hoje entre as dez línguas mais faladas no mundo.
Variedades Linguísticas
Embora o português seja a língua oficial de Portugal e do Brasil, apresenta singularidades em um e em outro país. São diferenças de pronuncia, de significado de estrutura gramatical. Quanto á ortografia, está sendo implantado o Acordo que unifica a grafia do português não apenas em Portugal e no Brasil, mas também em outros países Lusófonos, Guiné-Bissau, Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.
As variantes linguísticas não são compartimentadas. Elas não são matematicamente delimitadas, pois o tempo todo em nosso cotidiano interagiu e nos deslocamos rapidamente de um ambiente ao outro, de uma situação comunicativa a outra, com diferentes papeis sócias, e a linguagem que utilizamos varia de acordo com as necessidades comunicativas da nossa fala e da nossa escrita. No trabalho, se você estiver, por exemplo, em uma reunião com novos clientes que acaba de conhecer e que desejam saber detalhes dos produtos e serviços de sua empresa, provavelmente terá de optar pela variedade de prestigio- norma padrão. Com seus amigos, é possível que você faça uso de uma linguagem em que a presença de gírias seja mais profusa: com seus avós, comparativamente a esses colegas, talvez você monitore um pouquinho mais sua linguagem, etc. É fato que, hoje, a ideia de que só existe uma variedade linguística recomendável, que seria a norma padrão, está perdendo a força. Também está claro que a linguagem “menor”, exclusiva de uma classe baixa escolaridade, permeia a comunicação de pessoas de todas as classes sociais, mesmo das mais escolarizadas. Os meios de comunicação contribuem para isso, pois incorporam á linguagem vários termos de língua falada, em uma tentativa de aproximação da variedade linguística da grande massa de consumidores. Como têm amplo poder de alcance, esses meios disseminam usos, contribuindo para a incorporação á língua de forma antes consideradas menos prestigiadas. Portanto, está claro o caráter dinâmico da língua. Ela não é um código autônomo, estruturado como um sistema abstrato, preexistente e exterior ao falante. Ela é construída/ reconstruída a todo instante, influenciada por fatores sociais e históricos, alterando-se conforme se alteram as praticas social e as condições de produção dos textos, sejam eles orais ou escritos.
Consciente da heterogeneidade da língua, o ideal é que você domine suas variedades, para que possa adequá-las á situação de comunicação em que estiver inserido.
EXEMPLOS:
1) Condo é hora de cumê, nóis come...
Condo é hora de bebê, nóis bebe...
Condo é hora de drumi, nóis drome...
Conde é hora de amá, nóis ama...
Conde é hora de trabaiá...
Hummmmmmmmm...
Aí... nóis tudo manda i-meius.
2) Nascentes na Gíria dos 60
Não entendi bulhufas dessa jogada de fazerem o papai aqui apresentar o seu Antenor Nascentes, um cara tão crânio, cheio de mumunhas, que e manjado até na Europa. Estou meio cabreiro até achando que foi crocodilagem do diretor do curso, o professor Odorico Mendes, para eu entrar pelo cano.
O seu Antenor Nascentes é um chapa legal, é bárbaro e, em filologia, bota banca. Escreveu um dicionário etimológico que é uma lenha. Dois volumes que vou te contar. Um deles é desta idade... Mais grosso que trocador de ônibus. O homem é o Pelé da gramatica, está mais por dentro que bicho de goiaba. Manda brasa, professor Nascentes!
Língua é objeto de investigação científica
A cada dia os estudantes têm demonstrado mais curiosidade pelo campo de estudo da linguística. O interesse vem revelar tanto o desconhecimento dessa área do saber como o seu crescente prestígio, que já a faz sair de relativa obscuridade.
A linguística lança sobre o idioma, seu objeto de estudo, o olhar da ciência, com seu método investigativo de observação dos fenômenos e total ausência de preconceito, condições preliminares para a busca do conhecimento. Essa isenção, aliada à disposição de descobrir o real funcionamento das línguas e os fatores intralinguísticos e extralinguísticos que o regem, faz que a linguística não trabalhe com os conceitos de “certo” e “errado”.
Elabora uma gramática descritiva em lugar de uma gramática prescritiva. Por ser uma ciência, a linguística não é sensível às preocupações com o suposto risco de “decadência“ do idioma, visto que, por sua natureza, a língua só assimila as transformações que lhe são úteis e necessárias. Assim, a defesa intransigente da norma culta - o padrão dos estratos mais bem-sucedidos na sociedade - entendida como o único modelo de correção, pode levar ao reforço de certos preconceitos associados a usos linguísticos próprios de camadas economicamente desfavorecidas.
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