A Nova BNCC – Reforma no ensino médio ou na formação dos professores?
Por: Ines Cristina • 28/5/2018 • Resenha • 1.042 Palavras (5 Páginas) • 411 Visualizações
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Inês Cristina de Castilhos Pauli. 14/08/2017
Resenha da palestra do Professor Dr. Nélio Bizzo, realizada às 17h do dia 10/08/2017.
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A nova BNCC – Reforma no ensino médio ou na formação dos professores?
O professor Nélio Bizzo fez uma brilhante palestra, conseguindo demonstrar que a reforma do ensino médio, na verdade, se trata de “tudo”, menos de uma reforma do ensino. Também não compreende como a mídia registra 72% de aprovação, já que os registros no site do MEC mostram números inversos com grande grau de reprovação à reforma. A proposta nada mais é do que uma reedição das diretrizes curriculares nacionais de 1998 que revelaram que já tínhamos uma diretriz baseada em competências e habilidades e com divisão em áreas do conhecimento.
Com o propósito de desviar a atenção e deixar alguns analistas da área de educação “atordoados” o professor Nélio citou com precisão o fato do governo enfatizar o “notório saber”, no anúncio da reforma, como que pregoando o fim da docência, mas na verdade, nas palavras do professor, não passou de um “boi de piranha” para desviar a atenção do assunto mais importante, visto que o notório saber se refere apenas ao ensino técnico, e profissionais deste nível já são bastante utilizados nesta área.
O professor diz que a falência do atual ensino médio, no Brasil, refletida em resultados negativos nos leva a crer que tudo está errado e deveria ser revisto. Porém propõe uma reflexão: Qual o meteoro que caiu na educação brasileira no período de 20 anos? Como resposta percebemos que seriam as diretrizes de 1998, que são muito parecidas com a atual versão, logo, novamente seria um “fracasso” se basearmos somente nesta reforma a garantia do sucesso.
Durante os períodos posteriores ao ano de 1998 se institucionalizou que formação deveria ser atrelada as diretrizes do ensino médio e que o despreparo dos professores é de responsabilidade das instituições de formadoras de nível superior. Diversas instituições privadas e públicas criaram cursos de formação de professores por área da BNC/1998, muitos problemas ocorreram nos cursos, o que acabou tornando-os inviáveis.
Qual a urgência para a aprovação MP 746 já que não traz novidades significativas e as ideias são velhas. Desde 1978 se tenta organizar as licenciaturas por “áreas de conhecimento” e não por especialidade.
O professor levanta outros temas para a reflexão como o contexto privatista da educação, defendido pela bancada no congresso que representa este setor, que retiraram o artigo que determinava que o lucro na educação era proibido, com isso, a iniciativa privada poderá operar o mercado lucrativo que é a educação, da maneira que melhor lhe convier. Já se observa através das mídias, geralmente no caderno de negócios, poderosas empresas do setor da educação com demonstração de lucros líquidos muito acima da média de qualquer outro setor, e também das aquisições de institutos superiores de educação, o que demonstra como a educação do Brasil é um grande negócio, especialmente pelos financiamentos a estudantes do tipo FIES, onde o governo arca com os prejuízos da inadimplência, enquanto as universidades recebem o dinheiro pontualmente, limpo e ainda por cima, garantidos pelo constituição, com previsão de sucessivos aumentos, pois esta verba está fora dos congelamentos previstos na “PEC do fim do mundo”.
O professor Nélio Bizzo relata um acontecimento muito estranho, segundo o professor na meta 15 apareceu misteriosamente o item V que versa sobre profissionais graduados que tenham feito complementação pedagógica conforme o disposto pelo CNE. Ele relembra como constantemente o professor é convocado para fazer cursos, sem os quais ele não teria permissão para lecionar. Nenhum outro profissional necessita complementação formativa na sua área como o professor, citou como exemplo o médico, será que quando há uma reforma no ensino da área de medicina, ele precisa novamente fazer uma complementação? Agora com uma base unificada, provavelmente os professores serão convocados a fazerem uma complementação, e pior, haverá uma maior desvalorização doeste profissional, pois como no conceito privatista o sinônimo de uma educação de qualidade é o saber do conteúdo, cursinhos rápidos, com foco exclusivo no conteúdo a ser transmitido, habilitará professores para assumirem áreas que não são as suas.
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