A ORIGEM DO TECIDO MUSCULAR

ORIGEM DO TECIDO MUSCULAR

1- RESUMO

Com exceção de alguns músculos lisos o sistema muscular tem origem no folheto embrionário mesoderma. A célula primordial muscular é o mioblasto, que se diferencia para a formação dos três tipos de musculatura: esquelética, cardíaca e lisa.

A musculatura esquelética tem origem no mesoderma e ocorre em torno do 28º dia de gestação. A maioria dos músculos esqueléticos se origina das regiões dos miótomos dos somitos.

A maioria dos músculos terminam seu desenvolvimento na fase de gestação, mas existem alguns que terminam seu desenvolvimento até o primeiro ano de vida da criança. Depois da musculatura formada, os músculos começam a se expandir na largura e no comprimento para acompanhar o desenvolvimento esquelético.

Com a falha do desenvolvimento embrionário de algumas dessas musculaturas, podem ocorrer anomalias como: síndrome de Poland, músculo solear acessório, distrofia muscular, artrogripose múltipla congênita e o torcicolo congênito, lesão ocorrida em um parto mal sucedido.

2- EMBRIOLOGIA DO SISTEMA MUSCULAR

O sistema muscular é originado do folheto germinativo mesoderma e é divido em: muscular esquelético, muscular cardíaco e muscular liso.

As células precursoras das fibras musculares são os mioblastos, durante o desenvolvimento embrionário essas células sofrem diferenciação e dão origem aos diversos músculos do corpo.

Os músculos podem ter contrações voluntárias como esquelético, ou involuntárias como o liso e o cardíaco, características geradas no desenvolvimento embrionário, na qual, os músculos involuntários recebem inervação do sistema nervoso autônomo.

2.1- Embriologia do músculo esquelético

O desenvolvimento do sistema embrionário muscular inicia-se na camada do mesoderma, fig. I (camada do meio dos três folhetos embrionários). As células musculares embrionárias chamadas de mioblastos são derivadas do mesenquima (tecido conjuntivo embrionário), assim como da crista neural, derivam as células mesenquimais da cabeça. O mesenquima é também responsável pela formação da musculatura da face e do pescoço.

Os mioblastos que formam os músculos esqueléticos do tronco vêm do mesoderma, da região do miótomo dos somitos e os músculos dos membros inferiores e superiores desenvolvem-se das células precursoras nos brotos dos membros. O início da formação muscular (miogenese) acontece com alongamentos dos núcleos e dos corpos celulares das células mesenquimais, ao tornarem-se diferentes são chamadas de mioblastos.

Os mioblastos, que são células primordiais, se fundem para formar estruturas cilíndricas, alongadas e multinucleadas, ou seja, miotubos. A continuação do crescimento muscular durante o desenvolvimento resulta da junção de mioblastos e miotubos. Os miofilamentos crescem no citoplasma dos miotubos durante ou depois da junção dos mioblastos, desenvolvendo as miofibras que são organelas características das células musculares esqueléticas.

Como são longas e estreitas, as células musculares normalmente são chamadas de fibras musculares. Na diferenciação os miotubos ficam envolvidos pelas lâminas que separam do tecido conjuntivo externo. Os fibroblastos produzem estas camadas externas chamadas de perimísio, epimísio e endomísio.

A maioria dos músculos esqueléticos são formados antes do nascimento, e os restantes se formam até o fim do primeiro ano de vida. Depois da formação de todos os músculos eles iniciam sua expansão, aumentam a largura e o comprimento para acompanhar o crescimento esquelético.

2.1.1- Miótomos

Os miótomos, que são segmentos de somitos apresentam uma divisão das regiões pré-óticas, occipitais, cervicais, torácicas, lombares e caudais, vão originar a maioria dos músculos esqueléticos fig. II. Normalmente cada porção do miótomo de um somito apresenta uma divisão dorsal (epiaxial) e uma divisão ventral (hipoaxial). Assim, os mioblastos das divisões epiaxiais dos miótomos formam os músculos segmentares na maior parte do eixo do corpo bem como os músculos extensores do pescoço e da coluna vertebral. No entanto, os músculos extensores dos miótomos sacrais e coccígeos degeneram e alguns músculos da cabeça e do pescoço são derivados do mesoderma dos arcos faríngeos.

Figura I – Os três folhetos embrionários, evidenciando o mesoderma que dará origem ao sistema esquelético

Figura II- Divisão dos miótomos que darão origem a maioria dos músculos esqueléticos.

3- ANOMALIAS NO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO DO SISTEMA MUSCULAR

Durante o desenvolvimento embrionário muscular e no momento do parto podem ocorrer algumas alterações que ocasionarão deformidades e doenças nos recém nascidos, dentre elas destacam-se: a síndrome de Poland, torcicolo congênito, o aparecimento do músculo solear acessório, artrogripose múltipla congênita e distrofia muscular.

3.1- Síndrome de Poland

A síndrome de Poland ocorre geralmente em indivíduos do sexo masculino e é caracterizada pela ausência ou subdesenvolvimento do músculo peitoral maior. A incidência é maior do lado direito do corpo e em alguns casos ocorre a Sindactilia nas mãos.

A causa da doença ainda está sendo discutida, mas a teoria mais aceita é que ocorra no 46º dia do desenvolvimento embrionário, devido à falta de fornecimento de sangue para as artérias subclávias.

Síndrome de Poland

3.2 Torcicolo Congênito

É uma doença caracterizada pela lesão do músculo esternocleidomastóideo durante o nascimento. O indivíduo possui uma inclinação e uma rotação