A Obesidade no Mundo e no Brasil
Por: Direito Gamaliel • 11/9/2017 • Resenha • 1.711 Palavras (7 Páginas) • 411 Visualizações
Introdução
O corpo “magro” parece ser o único tipo de corpo valorizado e reconhecido na sociedade atual, é o que demonstra os resultados dos estudos no campo da Saúde Coletiva na perspectiva das ciências humanas e sociais, que têm por objeto de estudo a obesidade. O estigma da obesidade baseia-se na supervalorização da magreza transformando a gordura em um símbolo de falência moral e o obeso, além de apresentar um peso socialmente inadequado, carregam também uma marca moral indesejável, atribuindo juízos de valores pejorativos ao excesso de peso, identificando o gordo como preguiçoso e descontrolado. A gordura transforma-se num inimigo incorporado no próprio corpo, ou maior inimiga dos sujeitos. Há então, uma gestão da aparência nos processos de individualização do sujeito, na medida em que ele elege seu corpo e sua aparência, como um valor moral, tornando-os marginalizados e estigmatizados (DURET; ROUSSEL, 2003).
A obesidade no Mundo e no Brasil
Segundo a Organização Mundial de Saúde (1998), o Colégio Americano de Endocrinologia (1998) e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (1998), a obesidade se tornou um problema epidemiológico grave em todo o mundo e a Saúde Coletiva tem sido convocada a pesquisar sobre a questão. A Associação Internacional para o Estudo da Obesidade (IASO), a Força-Tarefa Internacional de Estudo da Obesidade (IOFT) e a Organização Mundial de Saúde (OMS) estimam que haja 1,7 bilhões de pessoas com sobrepeso e obesidade no mundo (DEITEL, 2003). Com relação ao Brasil, a Organização Mundial de Saúde aponta 40,6% da população brasileira com sobrepeso e obesidade em 2007, 51,1% em 2010 e 54,1% em 2014 (WHO, 2007), demonstrando assim um grande aumento da obesidade entre os brasileiros.
O Estigma da Obesidade
Nos processos de difusão dos padrões de beleza atuais, a gordura é reconhecida como algo fora do normal, como uma ameaça à ordem. A busca da “forma perfeita” torna-se um meio de adquirir destaque e valorizações sociais. Busca-se sempre um corpo “perfeito” através de uma competição diária, muitas vezes chamada de “busca pela saúde”.
Quando atribuímos o sinal de descrédito ou algo que precisa ser melhorado à gordura excedente no corpo, criamos uma classificação de inferioridade e de anormalidade para com as pessoas que possuem essa característica. Assim construímos grupos sociais, como a classe dos obesos, e atribuímos aos mesmos o senso de que algo, supostamente, precisa ser modificado ou melhorado, surgindo então o estigma através do sinal corporal de excesso de gordura.
Goffman relata a teoria da identidade social virtual que baseia-se na visão que o obeso tem de si mesmo, à frente de discursos diários ressaltando seu estigma como algo ruim, diferente, anormal, entre outros, criando um imaginário social conforme essas classificações, reconhecendo assim a sua identidade social como algo sem valor.
Este tipo de identidade virtual deteriorada, junto ao estigma, será utilizado pelos indivíduos com preconceito através de termos próprios, que exaltem seu signo depreciativo, como “baleia”, “elefante”, “hipopótamo”, aos indivíduos que sofrem com o bullying. Os estigmas presentes na vida de obesos são disseminados também em ambiente familiar, sendo, dessa maneira, importante incluir todos os membros da família em programas de assistência e acompanhamento de pessoas obesas.
De acordo com a ideia de Maffesoli (1987), o corpo individual só pode ser tratado através do corpo coletivo. A obtenção dos mesmos problemas diante da obesidade torna-se um elo importante da sociabilidade. Há uma ajuda mútua entre os indivíduos que fortalece a saúde do grupo.
O estigma da obesidade na infância e adolescência
Obesidade infantil acontece no momento em que uma criança está sobre o peso padrão para sua idade e altura. As fontes mostram que de acordo com o IBGE, no cotidiano duas em cada seis crianças no nosso país está acima do peso que deveria.
A obesidade infantil trata se de um problema na auto regulação do corpo e na estrutura de impactos ambientais em ligação em interesses da genética individual. Muita causas envolvidas nas mais difíceis interações gene-ambiente que resultam na obesidade e que poderão provocar um balanceado energético positivo em um prazo longo
O estigma criado à obesidade durante o período da adolescência está fortemente ligado ao bullying, como conhecemos este é o ato de violência realizado de maneira repetida e persistente com o uso de termos depreciativos e pejorativos que ocorre com uma maior frequência em escolas, levando a estigmatização das pessoas portadoras de alguma característica diferenciada do padrão eleito pela sociedade. É bem verdade que desde os primórdios a sociedade estipula padrões de beleza e infelizmente as pessoas que não se encaixam nestes padrões acabam sendo taxadas ou rotuladas com termos impróprios, é o que acontece com os obesos por não se enquadrarem nos padrões corporais estipulados pela sociedade que acabam sendo vítimas da estigmatização principalmente em escolas, o que causa a deterioração da identidade virtual real ou seja, como o indivíduo se vê e se reconhece perante a sociedade.
O estigma da obesidade gera fatores prejudiciais ao indivíduo como o desenvolvimento de doenças psicológicas como a depressão, pois o estigmatizado se vê como um ser inútil e inferior aos demais na sociedade, por isso levando-o até a se mesmo mudar de cidade ou fatores mais sérios como a troca do nome. Não é raro encontrar adolescentes portadores de obesidade que abandonaram a escola por motivos de bullying, com a utilizações de títulos vexatórios e brincadeiras de mau gosto alguns alunos levam a vítima a desistência escolar devido ao receio desses acontecimentos acontecerem novamente. O bullying pode acontecer não só na escola, mas também no ambiente familiar com a utilização de apelidos que constrangem o adolescente perante a família, portanto, é imprescindível que a família dos portadores desse estigma e também nas escolas alunos passem por uma avaliação e uma reeducação social voltada para a diversificação e aceitação destes indivíduos.
Estigma da obesidade na terceira idade
É surpreendente o número de idosos que são estigmatizados todos os dias no mundo por estarem acima do peso, e assim são rotulados como pessoas diferente das “normais” sofrendo preconceitos e comportamentos de discriminação.
O envelhecimento é um processo natural onde o sujeito se expressa na sociedade através do seu corpo. Envelhecer no conceito de muitos significa a modificação do comportamento do individuo, porém é necessário que modificar esse estigma de que o idoso é frágil e improdutivo na sociedade. Ainda associado a obesidade na terceira idade, estão os distúrbios psicológicos como a depressão, além de discriminação social que são quatro vezes mais alta em indivíduos nessa faixa etária, partir de 60 anos. Por sentirem se incapazes de exercer o que praticavam antes, tornam se vulneráveis a pessoas preconceituosas que assim como “descartam” algo material, sentem que também podem “descartar” pessoas.
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