A Produção Em Massa De Tradições
Trabalho Universitário: A Produção Em Massa De Tradições. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: danizinha • 17/4/2013 • 964 Palavras (4 Páginas) • 713 Visualizações
FICHAMENTO 3
BRANDI E A RESTAURAÇÃO ARQUITETÔNICA HOJE
A reflexão de Cesare Brandi manifesta uma dívida implícita para com a contribuição teórica de Alois Riegl, mas se nutre, sobretudo, dos aportes – convergentes nos temas da conservação e, no entanto, em si, plenamente autônomos – da experiência crítica pessoal do autor e da sua pesquisa no campo estético. De todo modo, nos enunciados da restauração entendida como "ato de cultura" (Renato Bonelli) e ainda nas afirmações do "restauro crítico" (Bonelli e Roberto Pane) desenvolvidos na Itália, sobretudo em âmbito arquitetônico, aproximadamente de meados do século XX em diante, reconhecem-se posições espontaneamente concordantes que encontraram no pensamento brandiano, motivos de confirmação e de ulterior alargamento conceitual.
Por vários decênios e, em especial, desde a fundação do Instituto Central de Restauração (ICR) em Roma, Brandi, junto com os estudos conduzidos no campo estético e crítico e com as experimentações efetuadas no próprio Instituto, perseguiu a conformação de uma sistemática enunciação teórica do problema do restauro, traduzível numa concreta metodologia e em válidos princípios operacionais.
Dela derivam algumas notáveis definições, como aquela que reconhece a peculiaridade do restauro em relação ao "produto especial da atividade humana a que se dá o nome de obra de arte", distinto "do comum dos outros produtos"; ato diverso de "qualquer intervenção voltada a dar novamente eficiência a um produto da atividade humana" com o objetivo de restabelecer sua funcionalidade. Na restauração, com efeito, as considerações de ordem funcional interessam sobre tudo às "obras de arquitetura e, em geral, os objetos da chamada arte aplicada", representavam apenas "um lado secundário ou concomitante, e jamais o primário e fundamental. Nesse sentido, parece-nos que, como já se acenava na abertura, mesmo no rigor e na originalidade da impostação, a Teoria não se coloque em contraste com as formulações do "restauro crítico", mas resolva algumas de suas indicações num quadro mais amplo, acolhendo muitos aspectos qualificantes e inovadores, como a prevalência dada à instância estética, junto a numerosas objeções contra as consolidadas certezas do "restauro científico" ou "filológico" do início do século XX. Demonstra, ademais, uma particular atenção, em sua explícita referência ao dado ambiental e à ligação entre "espaço físico" e "espacialidade própria da obra", a alguns temas de grande relevo na arquitetura, como a relação entre construção e sítio e, antes disso, entre interior e exterior.
A conceitual unidade teórico-metodológica brandiana e crítica não excetuam o restauro arquitetônico daquele das outras artes e, quando se detém sobre o tema, coloca quando muito uma vinculação a mais: a inalienabilidade do objeto de seu sítio e, possivelmente, a conservação do próprio sítio, entendido como espaço-ambiente. Brandi é um dos ou equíssimos estudiosos que, tratando do conjunto dos bens culturais e das diversas expressões artísticas, não cai no equívoco de uma arte, precisamente a arquitetura, mais facilmente replicável, mais dissimuladamente reintegrável porque "halógrafa", exposta à agressão da poluição e do vandalismo, sujeita às constringentes exigências de uso e de renovação "cíclica", guarnecida de uma figurativizada geométrica, rítmica, em suma, repetitiva e repetível. Muitos, a esse propósito, afirmam que "os capitéis são todos iguais" e que podem ser facilmente refeitos, melhor ainda se for empregado o material original, preferivelmente se for extraído da mesma pedreira; mas resta questionar como agir diante de capitéis de espólio de uma igreja da alta Idade Média, ou daqueles da Velha Sacristia de São Lourenço, em Florença, de invenção brunelleschiana e diferentes
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