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A VOLTA POR CIMA

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Por:   •  22/5/2014  •  396 Palavras (2 Páginas)  •  334 Visualizações

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Cada momento que os antropólogos se tornavam mais autônomos acompreensão do "outro" se tornava mais autônoma e se distanciava doetnocentrismo, se aproximando da relativização. Assim perceberam que a cultura vaisendo moldada por vários fatores, a história deixa de ser única para toda ahumanidade e se torna diferente para cada sociedade diversa, e a importância dadatambém é diferente para cada "eu" ou "outro"Cerca de cinquenta anos depois, ao dar a aula inaugural da cátedra da Antropologia Social no Collège de France, faria uma homenagem a todos os grandes mestres, fundadores e pioneiros da disciplina. Encerrou, porém, sua palestra falando do “outro”. No caso, Lévi-Strauss homenageia os “índios dos trópicos e seus semelhantes pelo mundo afora”, que são, para ele, merecedores de muita ternura. Diz-se, ainda, devedor do que aprendeu com eles, e suas últimas palavras, nesta aula, são para lembrar que destes “outros” gostaria de ser, entre nós, “discípulo e testemunha”.

Tudo isso indica muito daquilo que venho procurando demonstrar deste longo caminho que a Antropologia percorreu no sentido da relativização. Em todos os passos dados por esta “ciência da diferença” você, leitor, pode ter observado a existência constante de uma tentativa, quase um compromisso. Trata-se de escapar ao etnocentrismo, a uma percepção do “outro” que fosse centrada no próprio “eu”. Trata-se, acredito, ao longo de todas as diversas formas de se pensar antropologicamente, de uma busca de compreensão do sentido positivo da diferença. Acho que a Antropologia sempre soube, mesmo em seus momentos mais distantes, que conhecer a diferença, não como ameaça a ser destruída, mas como alternativa a ser preservada, seria uma grande contribuição ao patrimônio de esperanças da humanidade.

Foi este o lado da Antropologia que tentei buscar na medida em que o vejo como o principal motor, a força fundamental, que cedo se instaurou como capaz de contrabalançar o etnocentrismo.

O etnocentrismo está calcado em sentimentos fortes como o reforço da identidade do “eu”. Possui, no caso particular da nossa sociedade ocidental, aliados poderosos. Para uma sociedade que tem poder de vida e morte sobre muitas outras, o etnocentrismo se conjuga com a lógica do progresso, com a ideologia da conquista, com o desejo da riqueza, com a crença num estilo de vida que exclui a diferença.

Mas, a “diferença” é generosa. Ela é o contraste e a possibilidade de escolha. É alternativa, chance, abertura e projeto no conjunto que a humanidade possui de escolhas de existência

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