A volta da qualidade
Seminário: A volta da qualidade. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: deiseana • 17/9/2013 • Seminário • 1.602 Palavras (7 Páginas) • 390 Visualizações
A volta da qualidade
Primeiro, foi a indústria. Agora, as empresas de
software querem aumentar a produtividade e, principalmente,
reduzir as falhas em seus produtos
Roberta Paduan
Os senhores voariam em meus aviões se eles tivessem a mesma confiabilidade
que um sistema de informática?"
A
pergunta formulada por William Boein
g, fundador da maior fabricante de aviões do mundo, feita no começo dos anos
50, reflete bem o descrédito em relação aos programas de computador existentes naquela época. Hoje, os aviões não
apenas são construídos
,
mas voam graças a sistemas computacionais
que não podem falhar
--
afinal, não dá para
imaginar a hipótese de o piloto olhar para o co
-
piloto com cara de espanto, dizendo: "Xi, deu pau".
No entanto, meio século depois, a frase de Boeing poderia ser aplicada por executivos de muitos outros setores
da
economia, que ainda sonham com o dia em que seus sistemas corporativos serão tão confiáveis quanto os usados em
aviões. A maior parte da indústria tecnológica permanece bem longe dos rígidos padrões de qualidade estabelecidos
pelo setor aeronáutico. Ce
rca de 55% de todo trabalho realizado pela área de desenvolvimento de software de uma
empresa é destinado à correção de erros detectados em sistemas já em funcionamento. Na prática, tais sistemas são
consertados em pleno vôo. A estimativa é do Instituto de
Engenharia de Software (SEI), órgão criado pelo
Departamento da Defesa americano e operado na prestigiada Universidade Carnegie Mellon.
Não é à toa que as empresas destinam tantos esforços às correções. A produção de software está entre as atividades
mai
s artesanais do planeta. Programadores trabalham basicamente com criatividade. São uma espécie de artistas high
tech e, como todo artista, não costumam seguir regras de produção. Embora os principais avanços tecnológicos dos
últimos 50 anos tenham sido fru
to de fagulhas de inspiração, é preciso muito trabalho cerebral para transformá
-
las em
código de computador. E é aí que mora o perigo. "A questão não é limitar a criatividade de quem cria e escreve os
programas", diz Juliana Herbert, doutora em qualidade d
e software da Universidade do Vale do Rio do Sinos (Unisinos),
de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. "É preciso ter método."
A solução para isso é a criação de modelos que se transformem em certificados de qualidade. Na indústria do software,
o mais conc
eituado deles é o CMM (Capability Maturity Model, algo como modelo de maturidade da capacidade de
desenvolvimento). Sua criação, não por acaso, está ligada à indústria da aviação. Na década de 80, quando a
informática começou a chegar aos aviões, a Força A
érea Americana criou uma avaliação dos fornecedores de software.
Foi desse trabalho que surgiu o certificado de qualidade CMM, emitido pelo SEI.
Além dos Estados Unidos, a certificação CMM foi amplamente adotada na Índia, hoje um grande pólo exportador de
tecnologia, e vem chegando com força total ao Brasil. Até agora, apenas 13 empresas brasileiras conseguiram a
certificação, mas praticamente toda indústria de software tenta enquadrar
-
se nessa espécie de ISO tecnológico. Nesse
estágio está a subsidiária d
a Dell Computers, além das nacionais Datasul e Vesta. No Rio Grande do Sul e em Minas
Gerais, algumas empresas estão trabalhando em grupo para baratear os custos da consultoria necessária à
implantação do padrão.
"As empresas querem o CMM porque têm de re
solver um problema cultural dessa área: os estouros de prazo e
orçamento", afirma a gaúcha Juliana Herbert, diretora do ESICenter. Ligado ao Instituto Europeu de Software,
equivalente ao SEI americano, o ESICenter está instalado na Unisinos, na Grande Port
o Alegre. Ao lado das poucas
empresas brasileiras que dão consultoria para a implantação do CMM, apenas o ESICenter e a subsidiária da empresa
americana ISD são autorizadas a aplicar as avaliações do certificado.
Trabalhar dentro do padrão CMM significa s
eguir um guia que estabelece passos que visam aumentar a produtividade
e eliminar
--
ou, pelo menos, minimizar
--
a existência dos defeitos no fim do desenvolvimento. Para a Orbitall, empresa
controlada por Citibank,
...