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A Volta Da Qualidade

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Por:   •  30/8/2013  •  584 Palavras (3 Páginas)  •  414 Visualizações

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Os senhores voariam em meus aviões se eles tivessem a mesma confiabilidade que um sistema de informática?" A pergunta formulada por William Boeing, fundador da maior fabricante de aviões do mundo, feita no começo dos anos 50, reflete bem o descrédito em relação aos programas de computador existentes naquela época. Hoje, os aviões não apenas são construídos mas voam graças a sistemas computacionais que não podem falhar -- afinal, não dá para imaginar a hipótese de o piloto olhar para o co-piloto com cara de espanto, dizendo: "Xi, deu pau".

No entanto, meio século depois, a frase de Boeing poderia ser aplicada por executivos de muitos outros setores da economia, que ainda sonham com o dia em que seus sistemas corporativos serão tão confiáveis quanto os usados em aviões. A maior parte da indústria tecnológica permanece bem longe dos rígidos padrões de qualidade estabelecidos pelo setor aeronáutico. Cerca de 55% de todo trabalho realizado pela área de desenvolvimento de software de uma empresa é destinado à correção de erros detectados em sistemas já em funcionamento. Na prática, tais sistemas são consertados em pleno vôo. A estimativa é do Instituto de Engenharia de Software (SEI), órgão criado pelo Departamento da Defesa americano e operado na prestigiada Universidade Carnegie Mellon.

Não é à toa que as empresas destinam tantos esforços às correções. A produção de software está entre as atividades mais artesanais do planeta. Programadores trabalham basicamente com criatividade. São uma espécie de artistas high tech e, como todo artista, não costumam seguir regras de produção. Embora os principais avanços tecnológicos dos últimos 50 anos tenham sido fruto de fagulhas de inspiração, é preciso muito trabalho cerebral para transformá-las em código de computador. E é aí que mora o perigo. "A questão não é limitar a criatividade de quem cria e escreve os programas", diz Juliana Herbert, doutora em qualidade de software da Universidade do Vale do Rio do Sinos (Unisinos), de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. "É preciso ter método."

A solução para isso é a criação de modelos que se transformem em certificados de qualidade. Na indústria do software, o mais conceituado deles é o CMM (Capability Maturity Model, algo como modelo de maturidade da capacidade de desenvolvimento). Sua criação, não por acaso, está ligada à indústria da aviação. Na década de 80, quando a informática começou a chegar aos aviões, a Força Aérea Americana criou uma avaliação dos fornecedores de software. Foi desse trabalho que surgiu o certificado de qualidade CMM, emitido pelo SEI.

Além dos Estados Unidos, a certificação CMM foi amplamente adotada na Índia, hoje um grande pólo exportador de tecnologia, e vem chegando com força total ao Brasil. Até agora, apenas 13 empresas brasileiras conseguiram a certificação, mas praticamente toda indústria de software tenta enquadrar-se nessa espécie de ISO tecnológico (veja quadro acima). Nesse estágio está a subsidiária da Dell Computers, além das nacionais Datasul e Vesta. No Rio Grande do Sul e em Minas Gerais, algumas empresas estão trabalhando em grupo para baratear os custos da consultoria necessária à implantação do padrão.

"As empresas querem o CMM porque têm de resolver um problema cultural

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