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A humilhação social é um problema político na psicologia

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Por:   •  5/9/2014  •  Tese  •  2.807 Palavras (12 Páginas)  •  249 Visualizações

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UNIVERSIDADE ANHANGUERA UNIDERP

CENTRO DE EDUCAÇÃO À DISTANCIA

3º PERÍODO

CURSO: SERVIÇO SOCIAL

ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA (ATPS)

DISCIPLINA: Psicologia Social

TUTOR À DISTÂNCIA:Helenrose A da S Pedrosa Coelho

RJ –01/05/2014

Humilhação Social – Um Problema Político em Psicologia

Com a pobreza vem também a exclusão social, sentida frequentemente pela classe pobre que é invisível aos olhos da sociedade. A exclusão gera grandes obstáculos sociais, onde o pobre é sempre visto como um ser inferior a prestar serviços e receber ordens com exigências e reclamações, onde o trabalhador é tratado rigorosamente, é angustiante o sentimento de não possuir efetivamente direitos e de não existir no meio de outras pessoas. A humilhação social conhece, em seu mecanismo, determinações econômicas e inconscientes. Deveremos propô-la como uma modalidade de angústia disparada pelo enigma da desigualdade de classes, trata-se de um fenômeno ao mesmo tempo psicológico e político. O humilhado atravessa uma situação de impedimento para sua humanidade, uma situação reconhecível nele mesmo, em seu corpo e gestos, e também reconhecível em seu mundo, em seu trabalho e em seu bairro.

Para o estudo da humilhação social, um dos temas da psicologia social, é necessário entender que trata-se de fenômeno histórico, observado pela exclusão recorrente das classes pobres e desprivilegiadas do ponto de vista da iniciativa e da palavra. Assim, os estudos de Marx (voltados ás determinações econômicas) e de Freud (voltados ás determinações puncionais), contribuem no sentido de contextualizar o homem em situação inter humana, ou seja, o homem havendo-se com outros homens mais do que com mecanismos.

A visão dos bairros pobres parece, às vezes, uma visão de ambientes arruinados: não são bairros que o tempo veio corroer ou as guerras vieram abalar, são bairros que mal puderam nascer para o tempo e para a história. Um bairro proletário não é feito de ruínas, as formas de um bairro pobre não figuram como destroços ou como edifícios decaídos. No bairro pobre, o espetáculo mais parece feito de interrupção, as linhas e as formas estão incompletas, não puderam se concluir. O resultado destas carências e frustrações é que os poderes mesmo da fabricação humana ficam perdidos ou nunca são alcançados; lançam-se em situações sem suporte, gastam-se no ar, sem resposta, são neutralizados. Faltam os instrumentos, faltam os materiais que suportariam o trabalho humano para a configuração de um mundo, para a fisionomia de uma cultura.

A mobilidade extrema e insegura das famílias pobres, migrantes ou nômade-urbanas, impede a sedimentação do passado. Os retratos, o retrato de casamento, os panos e peças do enxoval, os objetos herdados, toda esta coleção de bens biográficos não logra acompanhar a odisseia dos miseráveis. São transferidos, são abandonados ou são vendidos a preços irrisórios. A espoliação econômica manifesta-se ao mesmo tempo como espoliação do passado, não há memória para aqueles a quem nada pertence. Tudo o que se trabalhou, criou, lutou, a crônica da família ou do indivíduo vão cair no anonimato ao fim de seu percurso errante. A violência que separou suas articulações desconjuntou seus esforços, esbofeteou sua esperança, espoliou também a lembrança de seus feitos. Formações culturais muito singulares, uma vez perdidas, não podem mais retornar: não podem prescindir da situação total e estrutural, irreversível, em que eram viáveis. Este costuma ser o saldo das conquistas predatórias; foi como no Brasil se estabeleceu o encontro com os povos nativos e com os povos africanos. Quando duas culturas se defrontam, uma é para a outra como uma revelação. Mas essa experiência raramente acontece fora dos polos submissão domínio. A cultura dominada perde os meios materiais de expressar sua originalidade.

A desigualdade é vista pela sociedade como algo normal, e para determinados indivíduos é obtida socialmente, onde as divisões de classes são determinadas pela classe financeira e questões sociais e políticas. O trabalhador tem que trabalhar porque tudo depende do trabalho, numa cidade em que os laços públicos tendem a perder suas qualidades concretas e humanas, absorvidas que estão por imperativos do mercado. A exploração do trabalho alheio, no qual se depara o trabalho das classes pobres em que o auxiliam, a riqueza é para poucos, na política são excluídos de qualquer ato ou decisões governamentais, onde é necessário suportar a brutalidade humana. O trabalho faz experimentar de uma forma extenuante o fenômeno da finalidade devolvida como uma bola; trabalhar para comer, comer para trabalhar. A grande dor do trabalho manual é que são obrigados a se esforçar por longas horas seguidas, simplesmente para existirem.

A sociedade se afasta da igualdade, onde sempre tem o superior submetendo-se a mandar, onde a classe pobre sofre um grande impacto de maus tratos, e de uma sensação de seres desprezíveis, e aceitam broncas brutais sem poder se defender arriscando-se em perder o cargo, um sofrimento para não desagradar o patrão que por ser superior nunca está errado, como se não fosse suficiente a humilhação e a angústia, os trabalhadores ainda são submetidos a salários baixíssimos por serem desqualificados. O escravo é aquele a quem não se propõe nenhum bem como finalidade dos seus cansaços, a não ser a simples existência. Ele deve então ou ser desapegado ou cair no nível vegetativo. A palavra do empregado, dirigida ao patrão, é a conversa de pequenas consultas ou a conversa defensiva ("Faço isso?"; "Não?"; "Mas foi o senhor quem mandou!"; "Mas o senhor não mandou!"). Ora, a palavra do empregado! Na maioria das vezes, a posição do homem civilizado é simplesmente a de quem foi reduzido ao silêncio, não o silêncio dos mudos, mas dos emudecidos, não o silêncio dos monastérios, mas o silêncio dos que rezam para não perder o emprego, são frequentemente também econômicas. São as frases e as preces do homem reduzido à tarefa ou à força muscular: "Faço o que mandam"; "Deus me dê saúde para trabalhar!”. O melhor a se fazer é deixar que o trabalhador governe seus serviços, de modo em que se sentisse à vontade a prestar suas tarefas diárias de trabalhador, e se “sentir como se estivesse em casa”.

A Desigualdade e

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