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A reestruturação do sistema capitalista mundial

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Por:   •  3/11/2013  •  Artigo  •  555 Palavras (3 Páginas)  •  912 Visualizações

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Segundo Hobsbawm (1995, 2009), muitas vezes, a sociedade só identifica os períodos excepcionais da história justamente quando eles entram em declínio.

Pode-se dizer que assim ocorreu com os anos de “ouro do capitalismo”. Sua exuberância foi verdadeiramente percebida nos conturbados anos da década de 1970, a partir da crise que abala todo o sistema capitalista mundial e a partir da qual se tem uma profunda reestruturação com significativas mudanças no setor produtivo, com a introdução de novas tecnologias e novas formas de organização da produção: no setor financeiro, com a desregulamentação financeira e, em nível do Estado, com a implementação das políticas neoliberais.

Desta forma, os anos de 1970 podem ser tomados como um ponto de inflexão para o entendimento dos acontecimentos do fim do século XX e início do terceiro milênio. A importância desta década é percebida e ressaltada por muitos autores (HOBSBAWM, 1995; 2009; CASTEL, 1995; ARRIGHI, 1997; OFFE, 1997; KURZ, 2004 e outros).

A partir dos anos de 1950, pode-se dizer que se tornou real a sociedade do pleno emprego, pensada e planejada para recuperar-se do pós-guerra, criando um mercado consumidor necessário à produção em massa e detendo o avanço do socialismo ao estabelecer uma política de compromisso entre capital e trabalho que, pouco a pouco, constituiu-se no Estado do bem-estar social.

Em tal período pode-se dizer que houve um movimento em direção à chamada economia mista, o Estado passou a agir como interventor e regulador da atividade econômica, propiciando um bem estar para a população e incentivando, ainda, a geração de um mercado de consumo em massa, necessidade essa tão bem analisada por Antonio Gramsci (1988, p.375-407) já no célebre Americanismo e Fordismo.

Para Gramsci, portanto, questões de família, de formas de coerção moral, de sexualidade, de consumismo e de ação do Estado estavam todas vinculadas ao esforço de forjar um tipo particular de trabalhador que fosse mais adequado ao novo tipo de trabalho e de processo produtivo demandado pelo fordismo. Deste modo, o fordismo significou, para além de um modo de organização do processo produtivo, a reorganização de um modo de vida. Os novos métodos de trabalho tornaram-se inseparáveis de um modo específico de viver, de pensar, de sentir a vida, estabelecendo, portanto, uma nova organização do trabalho; um novo tipo de trabalhador; consumo em massa; nova organização familiar e até uma nova personalidade.

No final dos anos 1960 e início dos anos 1970 houve, portanto, um esgotamento da capacidade de aumentar a produtividade com a base técnica do fordismo: tornou-se incompatível assegurar aumento da acumulação com aumentos salariais e bens sociais. Instaurou-se, então, a famosa crise dos anos 1970 com algumas características marcantes e resoluções práticas que foram, efetivamente, tomadas no sentido de tentar resolver os problemas advindos da crise.

Na produção verificou-se a resistência dos trabalhadores ao trabalho na linha de montagem, o chamado esgotamento do modelo fordista. A monotonia e a alienação do trabalho expressaram-se no absenteísmo, na displicência, nas paradas de produção, no trabalho mal feito, nas peças defeituosas e no desperdício, elevando o custo da produção. Na tentativa de solução, as empresas buscaram melhores condições de exploração das oportunidades organizacionais e tecnológicas, oferecidas pelo avanço da automação baseada na microeletrônica, e pelos novos modos de “produção flexível”. Houve também todo o movimento de enriquecimento das tarefas e dos grupos de trabalho semi-autônomos. O que, na prática, significou uma intensificação do trabalho.

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