A relação trabalho e educação na sociedade capitalista: alguns apontamentos sobre educação profissional.
Por: escosta • 8/3/2017 • Resenha • 696 Palavras (3 Páginas) • 664 Visualizações
Yamanoe, M.C. P. (S/d). A relação trabalho e educação na sociedade capitalista: alguns apontamentos sobre educação profissional.
Erbena S. Costa
Com esse trabalho Yamanoe (s/d) objetivou apresentar algumas reflexões acerca da relação entre trabalho e educação na sociedade capitalista indicando uma discussão conceitual dessas categorias inserindo-as historicamente e buscando entende-las na sociedade de classe. A autora discute ainda as políticas para a educação profissional no Brasil a partir da década de 1990 como expressões dessa relação, buscando compreender as proposições da formação de trabalhadores inseridas nessas políticas e sua possível relação com a categoria como principio educativo. Yamanoe busca compreender as categorias de trabalho e educação tanto ontologicamente quanto historicamente a fim de problematizar nesse processo a questão da educação profissional.
A autora parte do pressuposto de que trabalho e educação possuem uma relação de identidade uma vez que são atividades inerente aos seres humanos e que se relacionam diretamente. E afirma que a essência humana é produzida pelo trabalho e transmitida pela educação. Traz a luz a contribuição de Gilberto Alves (2007) que ao discutir o liberalismo e a produção da escola moderna ressalta que pedagogos burgueses – Pestalozzi, Basedow, Filangieri e Herbart – defenderam a necessidade de se adequar a educação dos jovens às suas origens sociais deixando claro a disputa de classes presente no capitalismo.
Para explicitar a relação trabalho e educação, a autora parte do entendimento de que a sociedade é resultado das relações de produção da humanidade e que o ser humano ultrapassa sua condição natural e adequa a natureza às suas necessidades por meio do trabalho e afirma que o trabalho se constitui como categoria central para a compreensão de todas as praticas sociais, incluindo a educação. Nessa perspectiva o trabalho é uma condição que distingue os seres humanos de outros animais. Nessa lógica concordo com a fala da autora ao dizer que os animais se adaptam a natureza enquanto o homem se adapta a si por meio do trabalho, criando a condição social.
A autora apresenta o fato de que Saviani (2007) discorre sobre a separação entre o trabalho e a educação, pois o mesmo afirma que a partir do escravismo foi possível identificar duas modalidades de educação: uma para os homens livres e outra para os escravos, sendo que para os primeiros a formação privilegiava as atividades intelectuais para os demais o aprendizado do trabalho no próprio trabalho que a meu ver não considero educação e sim o treinamento para uma atividade específica. Com isso ocorreu o processo de institucionalização da educação e a classe proprietária que tinha acesso à escola passa a deter também o conhecimento. Dessa forma conforme argumenta Lombardi (2008) citado por Yamanoe (s/d) a institucionalização da educação, ou seja, a sua separação da pratica produtiva, coincidente com a divisão de classes demarcou a existência de caminhos diferenciados para as classes.
É perceptível que a relação entre trabalho e educação estabelece um debate complexo no campo das políticas educacionais, em especial no que concerne a educação profissional. O Brasil herdou do capitalismo ocidental as bases estruturais e apresenta historicamente politicas educacionais marcadas pela divisão de classes em se assenta.
Concordo com a autora quando diz que a discussão em torno da integração curricular e do trabalho precisam ser ampliadas e debatidas pois no texto se problematizou apenas algumas questões sobre a relação trabalho e educação, indicando a necessidade de uma analise consistente principalmente no que concerne a educação profissional.
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