AMBIENTE DE NEGOCIO NO BRASIL
Ensaios: AMBIENTE DE NEGOCIO NO BRASIL. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: marielizete • 12/5/2014 • 498 Palavras (2 Páginas) • 220 Visualizações
SOBRE A SOLIDARIEDADE NEGRA.
Tanto nas grandes propriedades rurais, quanto nas minas e cidades, os escravos buscaram fazer do trabalho um momento especial para forjar laços de solidariedade.
Para o africano novo, o trabalho era o primeiro canal de entrada na comunidade escrava.. Entre os companheiros buscavam alguma cumplicidade quando precisassem fugir das vistas dos senhores e feitores para descansar, visitar parentes em outras localidades, divertir-se ou cumprir alguma obrigação religiosa. Era com os companheiros de trabalho que freqüentemente contavam quando faziam escolhas mais arrojadas, como fugir para um quilombo ou rebelar. Nas cidades os escravos de ganho se reuniam em torno dos “cantos” de trabalho, ou seja, o grupo de trabalho reunido em determinado local. Os cantos chegavam a reunir dezenas de escravos da mesma etnia ou nação. Cada canto estava sob a liderança de um chefe, chamado capitão do canto, que era escolhido pelos próprios membros do grupo. Enquanto aguardavam a clientela para realizar algum serviço, os ganhadores, sentados em tamboretes ou na calçada, trançavam pequenos cestos, esteiras e chapéus, faziam gaiolas e pulseiras. Por vezes os barbeiros ambulantes vinham fazer-lhes a barba, as negras lhes vendiam mingau de milho e de tapioca. Aos forros juntavam-se sempre os escravos do mesmo ofício e as amizades assim forjadas no trabalho eram sólidas, duradouras e estiveram na origem de inúmeras sociedades religiosas que promoviam a alforria e amparavam os mais idosos e doentes. Existiam as “juntas”, que eram associações criadas com o fim de formar uma poupança em dinheiro para empréstimo aos que se encontravam em dificuldade financeira ou precisassem comprar carta de alforria. Estas organizações foram fundamentais também para que muitos destes trabalhadores não caíssem na mendicância quando perdiam as forças para trabalhar. A junta era presidida por um líder que cuidava de guardar e anotar as quantias depositadas e retiradas. Os membros se reuniam geralmente aos domingos, para retirar e depositar dinheiro e discutir negócios. Muitos africanos utilizaram essas associações para retornar à África. Além da identidade étnica, o que muitas vezes unia os escravos era o fato de compartilharem os mesmos locais de trabalho e pertencerem ao mesmo senhor. No Rio de Janeiro os escravos da Alfândega dividiam-se em grupo de cinco ou seis para puxar, empurrar e transportar cargas pesadas. Os escravos que trabalhavam em grupo cuidavam uns dos outros e se ajudavam mutuamente para cumprir as exigências dos senhores ou dos clientes. Era nesses locais que ocorriam os contatos, circulavam as notícias, conversava-se sobre os caprichos e birras dos senhores, e se discutia principalmente sobre a escravidão no Brasil.
As comunidades negras dividiam-se, assim, em diversos grupos, que em alguns casos hostis em relação aos outros. A administração pública muitas vezes acirrou essas rivalidades, tentando impedir a criação de uma frente comum contra a sociedade escravista. Entretanto, o mundo das ruas e do trabalho criava possibilidades imensas de alianças entre escravos de origens e profissões diversas,
essas alianças contaram muito quando os escravos fugiam para os quilombos ou se rebelaram contra a dominação escravista.
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