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ANÁLISE DO GRUPO DE TRABALHO AGGRAVATES GIL VINCENT

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Por:   •  14/9/2014  •  Projeto de pesquisa  •  3.875 Palavras (16 Páginas)  •  705 Visualizações

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ANÁLISE DA OBRA ROMAGEM DOS AGRAVADOS DE GIL VICENTE

20:14 LITERATURA 24 comments

Obra representante do Humanismo na lista de leituras da Universidade Estadual do Pará - UEPA para o PRISE e PROSEL/2014, Romagem dos Agravados representa um desafio para leitores jovens do primeiro ano do ensino médio. Essa postagem tem por objetivo auxiliar o aluno que se dispunha a estudar essa obra tão distante de nosso momento e de nossa cultura atual. Tomei como texto base de Felipe-Antonio Fernandes Diez, da Universidade de Coruna (A ROMAGEM DOS AGRAVADOS DE GIL VICENTE: ASPECTOS ECDÓTICOS E APROXIMA<;ÁO LITERÁRIA1 Filipe-António Fernández Diez Universidade da Coruñ) publicado no endereço eletrônico http://ruc.udc.es/dspace/bitstream. Vamos primeiramente situar a obra dentro do Humanismo.

• O HUMANISMO: século XV - Ano de 1400 e início do Século XVI

O HOMEM É A MEDIDA DE TODAS AS COISAS

No século XV começa a acontecer uma verdadeira reviravolta na Literatura. O pensamento religioso que dominou a Idade Média começa a ser substituído por uma revalorização da Antiguidade Clássica elaborada pelo Renascimento. O Humanismo, iniciado na Itália, corresponde ao período de transição entre a Era Medieval e a Era Clássica (para a literatura e demais artes, na história temos a transição da Idade Média para a Idade Moderna). Os humanistas trocam as ideias de teocentrismo (teo= deus) pelo antropocentrismo (antropo=homem). O homem passa a ser o centro do intersere para as reflexões.

As ideias do Humanismo vão favorecer um reflorescimento da Literatura portuguesa. Três gêneros literários ganham bastante destaque nesse momento em Portugal: o lírico, o historiográfico e o dramático. É nesse último gênero, o dramático, que se situa Gil Vicente (1465-1537), que é considerado o primeiro dramaturgo (quem escreve peças teatrais) de Portugal, e talvez, o maior de todos. Gil Vicente estreia no ano de 1502, nas celebrações do nascimento de dom João III, futuro rei de Portugal.

• O Teatro Vicentino: a obra de Gil Vicente pode ser dividida em três fases

_ A primeira fase (1502 a 1508): peças predominantemente religiosas, mas que já se percebe influências do espirito humanista de seu tempo, pela presença de certo paganismo em uma atmosfera sacra geral da obra.

_ A segunda fase ( 1508 a 1516): além da crítica religiosa passa a fazer a critica social.

_ A terceira fase (1516 em diante): momento mais alto da obra de Gil Vicente. Pertencem a esse período suas obras-primas, como a trilogia das barcas (Auto da barca do Inferno, Auto da barca da glória e Auto da barca do Purgatório) e a Farsa de Inês Pereira. "A crítica dos costumes alcança seu ponto mais alto e do clero à plebe, todas as camadas sociais são exemplos de como o ser humano, representado por tipos sociais específicos, se comporta em desacordo com princípios morais nobres, como os do cristianísmo, que só aparentemente moldam aquela sociedade. [...] a farsa é mais direta e seu humor, na obra de Gil Vicente, tem o mesmo poder satírico e moralizante observado nos autos.". (BARRETO).

ROMAGEM DOS AGRAVADOS (CLIC AQUI PARA ACESSAR A PEÇA)

Apresentada no ano de 1933, ao já então rei de Portugal, D. João III, quando do nascimento de seu filho o infante D. Felipe, a obra pertence à terceira fase do teatro vicentino.

• CLASSIFICAÇÃO DA OBRA: farsa de caráter satírico, apesar de aparecer no livro das Tragicomédias. Romagem dos agravadossignifica romaria dos ofendidos. A fala inicial de Frei Paço é a chave da sátira da Romagem.

• PERSONAGENS: Frei Paço, João Mortinheira e Bastião seu filho, Bereniso e Colopêndio fidalgos, Marta do Prado e Branca do Rego regateiras, Cerro Ventoso, Frei Narciso, Aparício Eanes e sua filha Giralda, Domicília e Dorosia freiras, Hilária e Juliana pastoras.

CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS DA OBRA: a peça é formada por 1110 versos em redondilhas maior, divididos em estrofes de cinco versos cada, exceto a canção que fecha a peça, com o seguinte esquema de rimas ABBAB.

Fellipe-Antonio observa as seguintes características na peça:

• As personagens como tipos prefigurados e já conhecidos do público (lavradoras, pastoras, freiras, freires, fidalgos, regateiras ...);

• A acumulação de casos que dão corpo as personagens;

• as personagens desfilam a moda de procissão dando ao título da peça uma nova dimensão expressiva;

• As personagens que se incorporam à cena são apresentadas por outra já conhecida (Frei Paço)

Veja

"Entrará logo um vilão - A

chamado João Mortinheira -B

agravado em grã maneira. - B

Quero ver sua paixão - A

assentado nesta cadeira." - B (v.v. 55-60)

Marcamos nessa estrofe, com letras maiúsculas em vermelho o esquema de rimas. Fazendo a escansão dos versos temos:

1 2 3 4 5 6 7

"En /tra/ rá / lo/ go um/ vi/ lão/ - A

1 2 3 4 5 6 7

cha/ ma / do / João/ Mor / ti/ nhei / ra -B

1 2 3 4 5 6 7

a / gra / va / do em/ grã/ ma/ nei / ra. - B

• O nome das personagem tem uma carga expressiva que descreve de ante-mão o caráter da personagem, e/ou a verdade ou falsidade de seu agravo (sua ofensa), com é o caso de "Dorósia", que lembra "dor".

• Frei Paço funciona como elemento motor da obra. Sempre anunciando a próxima personagem e dialogando com elas. Ele faz a fala inicial apresentando a peça.

Observe:

"O auto que ora vereis

se chama irmãos amados

Romagem dos Agravados

inda que alguns achareis

que

...

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