AS DOENÇAS OCUPACIONAIS CAUSADAS POR ACIDENTES PERFURO
Por: Lilianagsa • 14/5/2015 • Trabalho acadêmico • 4.545 Palavras (19 Páginas) • 350 Visualizações
RESUMO
Este artigo demonstra a realidade existente atualmente sobre o processo de notificação dos acidentes ocupacionais ocasionados pela exposição a fluidos biológicos no Hospital da Criança Santo Antônio, o possível desconhecimento ou descaso demonstrado pelos trabalhadores acidentados na continuidade do processo de notificação, bem como os desafios enfrentados pelo gestor hospitalar no sentido de orientar e sensibilizá-los, além de oferecer condições necessárias para uma correta e completa notificação, levando em consideração a sua relevância.
PALAVRAS-CHAVE
Doenças ocupacionais, desafio, acidentes, sensibilização, notificação.
INTRODUÇÃO
Este trabalho busca levantar os desafios enfrentados pelo Gestor do Hospital da Criança Santo Antônio - HCSA, frente aos acidentes de trabalho ocasionados pela exposição a fluidos biológicos, bem como o conhecimento dos profissionais de saúde hospitalar quanto a sua própria saúde no desenvolvimento de suas atividades, levando em consideração a relevância da continuidade do processo de notificação dos acidentes de trabalho.
. A escolha da temática deu-se em função de que o trabalhador que presta assistência em saúde, direta ou indiretamente, demonstra preocupar-se muito com o cuidado ao paciente e pouco com os riscos a que está exposto ao prestar este cuidado. A área escolhida foi a hospitalar, por apresentar diversos riscos de acidentes e doenças ocupacionais.
O ambiente de trabalho hospitalar tem sido considerado insalubre, por agrupar pacientes portadores de diversas enfermidades infecto-contagiosas e viabilizar muitos procedimentos que oferecem riscos de acidentes e doenças para os trabalhadores da saúde. Poucos locais de trabalho são tão complexos como um hospital, além de prover cuidados básicos de saúde a um grande número de pessoas, muitos são frequentemente centro de ensino e pesquisa. Como resultado, existe riscos potenciais aos quais os trabalhadores hospitalares podem estar expostos dependendo da atividade que desenvolvem em seu local de trabalho.
O Hospital Santo Antônio atende praticamente a totalidade da população infantil de Boa Vista, e, apesar de todas as precauções com relação à proteção com os profissionais de saúde que atuam nesta unidade, o perigo existe, pois as doenças ocupacionais ou doenças do trabalho são aquelas decorrentes da exposição dos trabalhadores aos riscos ambientais, ergonômicos ou de acidentes. Elas se caracterizam quando se estabelece anexo causal entre os danos observados na saúde do trabalhador e a exposição a determinados riscos ocupacionais. Dessa forma se o risco está presente, uma conseqüência é a atuação sobre o organismo humano exposto, alterando sua qualidade de vida. Essa alteração pode ocorrer de diversas formas, dependendo dos agentes atuantes, do tempo de exposição, das condições inerentes a cada individuo e de fatores do meio em que se vive o trabalhador.
As Doenças Ocupacionais que envolvem a saúde dos trabalhadores da área da saúde são complexas e exige conhecimentos científicos específicos direcionados a área multidisciplinar de saúde do trabalhador os quais são essenciais para a sua segurança profissional. E com esse trabalho veremos se existe algum projeto de implantação da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA, órgão responsável pela fiscalização e, principalmente, detectar os desafios enfrentados pelo Gestor do Hospital da Criança Santo Antônio, frente aos acidentes de trabalho ocasionados por exposição a fluidos biológicos.
ACIDENTE DE TRABALHO: UM BREVE HISTÓRICO
O acidente sempre fez parte do cotidiano dos trabalhadores. No entanto, ganha visibilidade a partir do século XIX, com o avanço do processo de industrialização e das lutas operárias dele decorrentes (Machado,1991). Enquanto fenômeno que rompe com a lógica do trabalho, o acidente sempre existiu. Mais do que isso, podemos afirmar que ligados à dinâmica da sociedade, que está sempre em movimento, acidentes sempre farão parte do cenário social (Freitas,1996).
O significado etimológico do termo acidente está relacionado à idéia de evento fortuito, de acaso, de imprevisto e de fatalidade. Este significado pertence ao senso comum e refere-se aos eventos de natureza geral que se caracterizam pela impossibilidade de controle dos fatores causadores dos acidentes.
Até meados do século XVIII, a compreensão do evento-acidente esteve atrelada às manifestações dos deuses. Incêndios, inundações, furacões, maremotos, fome e epidemias eram compreendidos como manifestações da providência divina (Theys, 1987). A relação do acidente com o trabalho era apenas superficial, ou seja, a fenomenologia do acidente encontrava-se limitada, respaldando-se apenas em modelos descritivos que não abordavam a totalidade do processo produtivo.
Com a Revolução Industrial, através do desenvolvimento científico e tecnológico que veio provocar transformações na sociedade e na natureza, o homem passa a ser o responsável pela geração e pela remediação de seus males. A concepção anterior de acidente torna-se insuficiente porque assim como não existe trabalho em geral, não existe acidente em geral (Oliveira,1989), ou seja, faz-se necessário contextualizar o acidente historicamente. A simples descrição do evento não mais responde a lógica sagrada e com isso as situações de trabalho modificam-se em curto espaço de tempo.
Assim, percebe-se que o perfil e o tipo de acidentes vêm se transformando. Até meados do século XIX, constatavam-se taxas elevadas de acidentes de trabalho em minas de carvão, por exemplo. Em anos recentes, essas taxas, se comparadas àquelas do passado, diminuíram (Theys,1987). Todavia, outros tipos de acidentes vieram a fazer parte do cenário deste século como os acidentes automobilísticos, no Brasil, que a partir da década de 80 foram responsáveis por milhares de mortes.
Ainda que de forma rápida e resumida, este enfoque histórico, visa desmistificar a idéia do acidente como evento fortuito, ao qual o próprio significado etimológico que a palavra tende a estar associada, tomando como exemplo, a definição simplificada que Monteiro (1998) realiza em sua análise do acidente de trabalho.
“Acidente de trabalho é definido como aquele que ocorre pelo exercício do trabalho provocando lesão corporal ou perturbação que cause a morte ou a perda ou a redução da capacidade permanente ou temporária para o trabalho. Ou seja, trata-se de um evento único, subitâneo, imprevisto, bem configurado no espaço e no tempo e de conseqüências geralmente imediatas” (Monteiro, 1998:10)
De acordo com o Decreto 2.172 de 05.03. 1997, que aprova e regulamenta os Benefícios da Previdência Social, em seu artigo 131, acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou redução, permanente ou temporária da capacidade para o trabalho.
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