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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NAS AFECÇÕES NEUROLOGICAS

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Por:   •  15/2/2014  •  2.485 Palavras (10 Páginas)  •  9.701 Visualizações

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ASSISTÊNCIA DO TÉCNICO DE ENFERMAGEM NAS AFECÇÕES NEUROLÓGICAS

A Neurologia Clínica é a especialidade médica voltada ao estudo, diagnóstico e tratamento das doenças que comprometem o sistema nervoso (cérebro, medula espinhal, raízes nervosas e nervos) e músculos (doenças musculares - miopatias).

Dentre as diversas doenças diagnosticadas e tratadas por neurologistas, encontra-se com maior freqüência:

 Doenças Cerebrovasculares (popularmente conhecidas como "Derrame");

 Cefaléias e Enxaquecas (Dores de Cabeça);

 Epilepsias (Convulsões)

 Doença de Parkinson;

 Doença de Alzheimer

 Doenças Desmielinizantes (como Esclerose Múltipla)

 Doenças dos nervos periféricos (neuropatias periféricas);

 Miopatias (doenças musculares);

 Meningites e encefalites;

 Doenças infecciosas do sistema nervoso;

 Entre outras.

Abaixo veremos algumas das doenças neurológicas acima citadas:

ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC)

Entre as doenças neurológicas, o grupo de maior incidência quanto à mortalidade é o dos acidentes vasculares cerebrais (AVC), causados pela irrigação sangüínea anormal do cérebro. Os AVCs agrupam uma série de processos de mau prognóstico, produzidos por interrupção do fluxo sangüíneo ao encéfalo. Entre eles figuram a trombose (formação de um coágulo sangüíneo no interior de um dos vasos que irrigam o cérebro, com mortalidade de vinte por cento dos pacientes, aproximadamente); a embolia (brusca obstrução de um vaso por ação de um corpo estranho na corrente); e a hemorragia cerebral (derrame sangüíneo no cérebro), quase sempre em conseqüência de arteriosclerose e hipertensão arterial.

Classificação: AVCI (Acidente Vascular Cerebral Isquêmico)

AVCH (Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico)

Fatores de Risco:

Os fatores de risco para o AVC são semelhantes aos da hipertensão arterial, da angina e do infarto do miocárdio, tendo em vista que a patologia básica é o ateroma. Esses dizem respeito à história familiar e à idade, associados à hipertensão arterial, diabetes, obesidade, tabagismo, colesterol alto, Cardiopatias, sedentarismo, estresse, alcoolismo.

Manifestações Clínicas:

As manifestações estão diretamente relacionadas com a extensão e a localização do acidente no cérebro. O AVC é identificado quando o indivíduo apresenta déficit neurológico de início abrupto, caracterizado por disfunções motoras, sensitivas e autônomas, como: disartria, disfagia, diplopia, desequilíbrio, perda

Do tônus postural e da consciência, cegueira transitória, parestesia, paresia, hemiplegia. Podem ocorrer, ainda, cefaléia occipital grave, tonteira, vômitos, confusão mental e alteração da memória.

Tratamento:

Fisioterapia, cirurgias nos casos de AVCH e Oxigenioterapia. Definir através de exames qual o tipo de acidente vascular ocorreu, para melhor direcionar o trata-mento. A extensão da lesão também influenciará no tratamento proposto. É feito mediante a utilização de trombolíticos, que têm a finalidade de realizar a “quebra” dos êmbolos, de agentes antiagregantes e de anticoagulantes, em casos dos AVC provocados por trombose.

Assistência de Enfermagem:

São direcionadas de acordo com as manifestações neurológicas apresentadas pelo cliente, com o grau de comprometimento e com a resposta deste ao tratamento. De uma forma geral, o indivíduo com AVC precisa dos seguintes cuidados:

Suporte emocional - os acompanhantes devem ser orientados a não deixarem este cliente sozinho, e, para tanto, um plano conjunto de assistência deve ser garantido, possibilitando a continuidade dos cuidados a serem prestados no processo de recuperação. Além da companhia, é fundamental repassar confiança, otimismo, dar carinho. É importante que o cliente participe do maior número de decisões possíveis sobre o encaminhamento do seu tratamento;

Prevenção de acidentes decorrentes da incapacidade motora - os objetos de uso pessoal devem ser colocados ao seu alcance, do lado não afetado; a cama deve ser mantida em posição baixa e travada, com as grades de proteção elevadas, e a restrição ao leito, quando indicada, deve ser rigorosamente observada. Cliente e familiares precisam ser alertados quanto ao risco de queda e, conseqüentemente, lesões podem ocorrer;

Realização de exercícios passivos e ativos - a deambulação precoce e auxiliada precisa ser estimulada, sendo também indispensável promover a integração do cliente e seus familiares com a equipe de fisioterapia para compreensão e realização dos exercícios necessários à recuperação de sua autonomia e força motora, o mais rápido possível;

Aplicação de estratégias de comunicação adequadas ao grau de lesão identificado - a pessoa pode apresentar dificuldades de dicção, fala ou compreensão. No entanto, a comunicação poderá ser feita, utilizando-se cartões com figuras que representem ações da vida diária e/ou quadros com letras e números, e, nesse caso, é preciso fornecer a ela lápis e papel para a escrita, quando possível, ser atencioso e dar tempo suficiente para que possa formular as respostas verbais e não-verbais.

Monitorização cardíaca de oxímetro de pulso.

Monitorização de pressão arterial.

Aferir sinais vitais com maior freqüência.

Balanço hídrico.

Observar, comunicar e anotar nível de consciência.

Observar, comunicar e anotar queixas álgicas.

Realizar mudança de decúbito.

Auxiliar nos cuidados de higiene.

Auxiliar na alimentação.

Administrar medicamentos.

DOENÇA DE PARKINSON

A doença de Parkinson é um distúrbio neurológico progressivo que afeta os centros cerebrais responsáveis pelo controle e regulação dos movimentos. É uma patologia que se desenvolve após os 50 anos, e é o segundo distúrbio neurológico mais comum no idoso.

É decorrente da diminuição dos níveis de dopamina (substância produzida no cérebro que tem função de realizar a neurotransmissão).

Manifestações Clínicas:

Tem como característica principal a bradicinesia (lentidão dos movimentos), e ainda se manifesta através de tremores em repouso, movimentos involuntários contração ou rigidez muscular. Pode-se observar também uma diminuição do fluxo cerebral, o que acarreta a demência.

A face pode ser afetada e torna-se pouco expressiva, podendo ser comparada a uma máscara, devido a uma limitação da musculatura facial. A fala apresenta um tom monótono e lento, com palavras mal articuladas (disartria) e há excesso de saliva em decorrência da falta de deglutição espontânea. Há perda dos reflexos posturais; a cabeça fica inclinada para frente e a marcha prejudicada. A perda do equilíbrio pode ocasionar quedas freqüentes.

Tratamento:

O tratamento da doença de Parkinson baseia-se em facilitar a transmissão da dopamina e inclui drogas anti-histamínicas, que possuem discreto efeito sedativo e podem auxiliar na diminuição dos tremores. Administrar drogas anticolinérgicas, que são eficazes para o controle dos tremores e rigidez, e a Levodopa®, que é o agente mais eficaz para o tratamento do mal de Parkinson.

Assistência de Enfermagem:

Orientar a realização de exercícios para aumentar a força muscular, melhorar a coordenação, a destreza e diminuir a rigidez muscular; Incentivar ingestão hídrica e a dieta à base de fibras para reduzir os problemas de constipação, decorrentes da debilidade da musculatura intestinal e da utilização de algumas drogas no tratamento; Atentar para o risco de aspiração brônquica, devido à diminuição do reflexo de tosse; orientar a pessoa para se alimentar em posição ereta, sendo a dieta de consistência semi-sólida e os líquidos mais espessos. O controle de peso, semanalmente, é importante para avaliar se a alimentação tem sido suficiente. O estímulo ao autocuidado, certamente, reduzirá sua dependência na realização de atividades diárias, sendo necessário algumas adaptações em casa; manter espaços livres para deambulação; Colocar grades na cama e adaptar um acessório (por ex. um lençol amarrado no pé da cama), permitindo que a pessoa o utilize como apoio para se levantar.

SÍNDROME DE ALZHEIMER

Também conhecida como demência senil de Alzheimer, envolve o declínio progressivo em áreas responsáveis pela percepção e conhecimento, significando para a pessoa prejuízo em sua memória, na sua capacidade de julgamento, afeto, deterioração intelectual, desorganização da personalidade e aumento da incapacidade de exercer as atividades diárias.

Fisiopatologia:

Esse declínio é causado pela interrupção da transmissão das mensagens, entre as células nervosas, que são passadas por agentes químicos ou neurotransmissores. Acredita-se que nessa doença ocorreria a ausência de um neurotransmissor específico, atrofia do córtex cerebral e modificações nas células nervosas. A prevalência da doença de Alzheimer é mais alta do que se esperava. Ela ocorre entre 10% a 15% em pessoas com idade acima de 65 anos; em pessoas com mais de 75 anos, a incidência é de 19%, e com idade acima de 85 anos, essa porcentagem é de 47%6.

Tratamento:

Por se tratar de uma doença que não tem cura, o tratamento medicamentoso está relacionado ao controle de sinais e sintomas decorrentes das alterações comportamentais, como a agitação e confusão mental, com a utilização de haloperidol (Haldol®). Seus efeitos colaterais tais como agitação motora, sintomas parkinsonianos, hipotensão ortostática, retenção urinária e sedação, deverão ser monitorizados.

Cuidados de Enfermagem:

As ações de enfermagem estão diretamente relacionadas ao grau de demência e dependência que o indivíduo apresenta. Deve-se atentar para as alterações do pensamento, criando mecanismos que ativem a memória, mantendo uma conversa simples e agradável e, se possível, proporcionar maneiras de orientá-lo em relação ao tempo com a utilização de calendário e relógios. É importante cuidar da segurança em relação ao risco de queda, sendo necessário manter as camas baixas e com grades elevadas, as luzes acessas durante a noite e livres as áreas para a deambulação. Tais informações deverão ser repassadas aos familiares que irão cuidar, em casa, do portador do mal de Alzheimer, pois a hospitalização somente ocorrerá em casos de complicação do quadro clínico.

É importante orientá-los desde o momento da internação, solicitando, se possível, que participem dos cuidados que estão sendo prestados, intensificando o treinamento no instante em que a alta for programada. A morte em pessoas com doenças demências está relacionada à pneumonia, desnutrição e desidratação.

CONVULSÃO

Descarga bioenergética emitida pelo cérebro que provoca contrações musculares gerais e generalizadas. Ataque episódico, que resulta da alteração fisiológica cerebral e que clinicamente se manifesta por movimentos rítmicos involuntários e anormais, que são acompanhados de alterações do tônus muscular, esfíncteres e comportamento.

Crise convulsiva: Termo usado para designar um episódio isolado. Crise convulsiva é um quadro caracterizado pela contratura involuntária da musculatura com movimentos desordenados, generalizados ou localizados, acompanhada de perda dos sentidos.

Distúrbio convulsivo: É um distúrbio crônico e recorrente.(epilepsia).

Fisiopatologia Das Convulsões

Seja qual for a causa, ou o tipo de crise convulsiva, o mecanismo básico é o mesmo.

Há descargas elétricas:

- De origem nas áreas centrais do cérebro (afetam imediatamente a consciência);

- De origem numa área do córtex cerebral (produzem características do foro anatômico em particular);

- Com início numa área localizada do córtex cerebral e alastrando-se a outras porções do cérebro.

Manifestações Clínicas:

Convulsões Generalizadas. Estas convulsões ocorrem em qualquer idade, em qualquer momento. O intervalo entre as crises varia bastante. Ocorre mordedura da língua, incontinência urinária e fecal. Cessados os movimentos convulsivos ocorrem relaxamento e estado de sonolência.

Ações de Enfermagem:

A enfermagem tem que ser capaz de atuar rapidamente, no entanto, tem que ser um bom observador. Pois esta observação poderá ser inicio de um diagnóstico correto. Há ações que devem ser feitas imediatamente, tais como:

- Proteger a pessoa durante a convulsão:

- Deitar a pessoa (caso ela esteja de pé ou sentada);

- Afrouxar roupas apertadas;

- Remover objetos;

- Sustentar com delicadeza a criança.

- Manter vias aéreas desobstruídas:

- Aspirar secreções se necessário;

- Administrar terapêutica anticonvulsivante e chamar médico de serviço;

- Observar crise convulsiva.

ESCLEROSE MÚLTIPLA

A esclerose múltipla é uma doença caracterizada por zonas isoladas de desmielinização nos nervos do olho, no cérebro e na medula espinhal. O termo esclerose múltipla é dado pelas múltiplas áreas de cicatrização (esclerose) que representam os diversos focos de desmielinização no sistema nervoso.

Sintomas mais freqüentes da esclerose múltipla:

Entorpecimento

Debilidade,

Lentidão

Formigueiro

Dificuldades em andar ou manter o equilíbrio

Tremor

Alterações visuais

Visão dupla

Dificuldade para atingir o orgasmo,

Falta de sensibilidade na vagina,

Impotência sexual nos homens.

Incontinência fecal e urinária, obstipação.

Enjôo ou vertigem

Rigidez, instabilidade, cansaço anormal.

Os sintomas aparecem, geralmente, entre os 20 e os 40 anos e as mulheres sofrem da doença com uma freqüência algo superior à dos homens. A desmielinização costuma aparecer em qualquer parte do cérebro ou da medula espinhal e os sintomas dependerão da área afetada.

Tratamento

Um tratamento relativamente recente, o interferom beta em injeções, reduz a freqüência das recidivas. Outros tratamentos prometedores, ainda em investigação, consistem noutros interferons, mielina oral e copolímero 1, que ajudarão a evitar que o organismo ataque a sua própria mielina.

Os sintomas agudos podem controlar-se com a administração, durante breves períodos, de corticosteróides como a prednisona, administrada por via oral, ou metilprednisolona, por via endovenosa; Embora os corticosteróides possam reduzir a duração das crises, não atrasam a debilidade progressiva a longo prazo. Os benefícios dos corticosteróides podem ser contrariados pelos muitos efeitos secundários potenciais que eles produzem quando se tomam durante períodos prolongados.

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