ATPS Fundamentos Históricos Teóricos E Metodológicos Do Serviço Social II
Trabalho Universitário: ATPS Fundamentos Históricos Teóricos E Metodológicos Do Serviço Social II. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: famoa • 21/5/2014 • 3.430 Palavras (14 Páginas) • 644 Visualizações
INTRODUÇÃO:
O Serviço Social é hoje uma profissão reconhecida e com um mercado de trabalho bem amplo na atualidade, mas para que tenha chegado neste nível passou por uma trajetória bem complicada. Sabe-se que os Assistentes Sociais têm como compromisso profissional a busca pela equidade social, orientando a população na garantia de seus direitos. Tarefa nada fácil nos dias de hoje, mas isso foi bem mais difícil em tempos passados, ou melhor, houve um tempo em que o processo não era esse. Portanto, busca-se nesta pesquisa contar como se deu esse processo, seu início, contexto histórico, personagens e características, de forma que alcance a compreensão do surgimento e desenrolar do Movimento de Reconceituação do Serviço Social que teve como objetivo a qualificação, reconhecimento, legalização e legitimação dessa profissão tão importante para a sociedade, especialmente para as classes menos favorecidas intelectualmente e financeiramente.
UM MOVIMENTO EM QUESTÃO
Este ensaio intenta observar de forma ampla e clara o processo de renovação do Serviço Social no Brasil entre os anos 60 e 80, denominado de Teorização, considerando as forças inspiradoras do Movimento de Reconceituação do Serviço Social e toda a sua complexidade dentro do contexto social em que estava inserida. Para tal propósito, neste estudo trataremos de todo concomitante de transformações econômico-sociais e políticas e suas consequências na vida cultural brasileira.
No final da década de 50 e no início da década de 60 há uma crise dos padrões de acúmulos capitalistas, tendo como exemplo desenvolvimentista do governo de Juscelino Kubitscheck (JK), onde tal crise foi marcada pela internacionalização da economia e pelo fortalecimento do setor privado e do capital internacional. A profissão do Serviço Social se apresenta no Brasil sob o regime autocrático burguês, beneficiando a classe burguesa numa sociedade onde o capitalismo é absoluto. Sempre contando com o apoio da Igreja Católica, o trabalho do Assistente Social é exercido de maneira assistencialista, firmando a premissa de que este profissional faz caridade.
A partir da década de 50, o Serviço Social passa a ter um significado maior no momento em que a ONU e outros grupos internacionais passam a arranjar e divulgar o Desenvolvimento de Comunidade (DC) a fim de unificar a população e os planos nacionais e regionais de desenvolvimento.
Empenhados e comprometidos com essa nova perspectiva, os Assistentes Sociais passam a assumir o posicionamento dos cristãos de esquerda e entram no Movimento de Educação de Base (MEB), organizado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, onde se dá início a um trabalho de alfabetização, seguido por uma motivação popular e um movimento de sindicalização onde se dá a aplicação por parte dos profissionais do Serviço Social da cultura popular de Paulo Freire. Estando o Brasil a passar por um Regime Militar, comparado ao Regime Totalitário da Alemanha de 1964 à 1985, evidentemente caracterizado pela total falta de democracia, a censura, perseguições políticas, repressão e suspensão dos direitos constitucionais, há a conscientização dos Assistentes Sociais em relação a necessidade do Movimento de Reconceituação do Serviço Social.
Movidos pelo anseio de renovação, em resposta contra a alienação e a rede de relações entre o profissional e a sociedade, esses profissionais passam a repensar suas práticas e dão início ao Movimento de Reconceituação. Em 1964, quando o Presidente João Goulart apresentou um projeto de reformas econômicas e sociais que visava a garantia de melhores condições de vida nas diversas camadas populares e a promoção da emancipação econômica brasileira, estratégia que não tinha o intuito de romper a hierarquia de classes, ainda assim, todo este processo de reforma aborreceu os conservadores capitalistas, pois os mesmos tinham medo que a nação vivenciasse um regime socialista, providenciando a derrubada de João Goulart por meio de um golpe militar.
A partir deste momento as eleições para cargos mais importantes, como presidente, foram suspensas, bem como muitas liberdades individuais e se dá início a um longo período da ditadura militar que é considerado um dos acontecimentos mais marcantes da história recente do Brasil. É importante se ater no fato de que neste mesmo período iniciou-se a articulação do Movimento de Reconceituação do Serviço Social na América Latina, mostrando fundamentalmente a longa insatisfação dos profissionais que se davam conta de suas limitações teórico – instrumentais como político- ideológicas instituindo-se uma perspectiva de mudança social, devido à conscientização da exploração, opressão e dominação, tendo este histórico do regime militar pautando-se na Doutrina de Segurança Nacional e Desenvolvimento, no antimarxismo e no pensamento católico conservador.
Os reflexos resultaram na desmobilização e mudança dos movimentos políticos que se fortaleciam no período populista, tais como o MEB (Movimento de Educação de Base), sindicalismo rural e movimentos de alguns segmentos da categoria dos Assistentes Sociais que atuavam buscando os interesses dos setores populares sendo que após o Golpe Militar de 64, o espaço de atuação desses profissionais se limita na execução das políticas sociais em expansão dos programas de Desenvolvimento da Comunidade e na eliminação da resistência cultural que representasse obstáculos ao crescimento econômico e integração aos programas de desenvolvimento do Estado.
Também neste período, a política social torna-se uma estratégia para minimizar as consequências do capitalismo monopolista marcado pela super exploração da força do trabalho e pela grande concentração de renda. Em 1965, o Brasil sediou em Porto Alegre o I Seminário Regional Latino-Americano de Serviço Social, desempenhando ao lado da Argentina, Chile e Uruguai, um papel de destaque na articulação das inquietudes profissionais do Continente. Dentro deste contexto, o Serviço Social é remetido a assumir uma prática com tendências modernizadoras. Logo o Processo de Renovação do Serviço Social passa a assumir três pontos: Perspectiva Modernizadora, Perspectiva de Reatualização do Conservadorismo e Perspectiva da Ruptura.
Baseando-se nestas perspectivas os Assistentes Sociais começam a desenvolver um intenso processo de discussões internas na busca de um novo perfil profissional e de uma identidade com as classes trabalhadoras já que essa formação profissional é pautada pela eficiência e modernização da profissão, considerando-se fundamental o planejamento, a coordenação, a administração, a capacitação profissional para atuação a nível micro
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