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Abordagem Contingencial

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Por:   •  8/6/2014  •  2.275 Palavras (10 Páginas)  •  1.258 Visualizações

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INTRODUÇÃO

Este trabalho irá tratar da Teoria da Abordagem Contingencial, sua definição, características, a origem dela através das diversas pesquisas, as variáveis internas e externas que influenciam na tomada de decisão do gestor, o seu desenho organizacional (estrutura), o tipo de homem, a estratégia organizacional, as suas principais contribuições para a administração, a apreciação crítica e sua relação com a logística na atualidade.

Mostraremos a relação dessa abordagem contemporânea, com ênfase no contexto da logística, onde temos situações adversas que necessitam de tomadas de decisões ágeis fundamentadas por estratégias eficazes criadas pelo gestor. Cabe ressaltar que esta teoria nos parece ser a mais apropriada para o ambiente organizacional atual, que se torna vulnerável as constantes inovações tecnológicas e oscilações dos fatores econômicos e sociais.

TEORIA DA ABORDAGEM CONTINGENCIAL

DEFINIÇÃO:

A Abordagem Contingencial (ou Teoria das Contingências) é a abordagem que enfatiza que não há nada de absoluto nas organizações, ou seja, tudo é relativo.

“Significado de Contingência: eventualidade, algo incerto, que pode acontecer ou não.”

Essa teoria explica que existe uma relação entre as variáveis do ambiente externo (economia, governo, legislação, fatores culturais / sociais, questões ambientais, etc) e as técnicas administrativas de gestão mais apropriadas para o alcance dos objetivos da organização.

As variáveis do ambiente também podem estar ligadas ao fator TECNOLOGIA que influencia consideravelmente nas organizações da atualidade. As inovações tecnológicas variam com rapidez e acabam se tornando um fator estratégico de competição entre as empresas e Nações. Aquela organização que estiver mais bem preparada para se adaptar rapidamente à essas contingências, será mais competitiva e terá mais chances de obter sucesso em suas atividades.

Segundo essa abordagem, não há um único modelo ideal de administração, já que são as variáveis externas que ditam o tipo de gestão específica para cada situação. É necessário que o gestor tenha capacidade de lidar com diversas situações, percebendo qual linha de raciocínio adotar para cada obstáculo que for enfrentar. Por esse motivo, o planejamento passa a ser á curto prazo, preferencialmente diário. O gestor passa a desenvolver diversas estratégias para lidar com os fatores que modificam as variáveis internas da organização (variáveis dependentes),ou seja, o trabalho , as pessoas e a estrutura organizacional como um todo.

CARACTERÍSTICAS DA ABORDAGEM:

Forte ênfase no ambiente e na tecnologia;

Sistema aberto e flexível;

Poder descentralizado (gerentes e supervisores);

Não há forma ideal de administrar;

Necessidade de adaptar o planejamento da gestão conforme às necessidades do ambiente;

Necessidade contínua de adaptação do modelo administrativo e das pessoas.

CARACTERÍSTICAS DO GESTOR CONTEMPOR NEO:

Dinâmico: facilidade de adaptação às mudanças;

Criativo;

Competitivo;

Informatizado: voltado para inovação tecnológica e pesquisa;

Motivado: precisa motivar a equipe à frente das situações adversas;

Visão com perspectiva;

Preocupação com as questões sócio ambientais.

ORIGEM:

A Teoria da Abordagem Contingencial surgiu a partir de 1960, através de diversas pesquisas realizadas na busca de modelos de organizacionais mais eficazes em determinados tipos de indústrias. Essa abordagem absorveu as principais contribuições das teorias anteriores e empregou-as na formação de uma abordagem mais complexa e atualizada. Permitiu assim, uma visão conjunta e abrangente com maior maleabilidade e adaptação das organizações e da Administração como um todo.

Como principais pesquisadores desta abordagem podemos citar:

Alfred D. Chandler

T. Burns e G. M. Stalker

F. E. Emery e E. L. Trist

Lowrense e Lorsch

Joan Wood Ward

ORIGENS DA TEORIA DA CONTINGÊNCIA

A Teoria Contingência é também denominada Escola Ambiental e surgiu a partir de várias pesquisas que procuraram verificar os modelos de estruturas organizacionais mais eficazes em determinados tipos de empresa.

1. Pesquisa de Chandler sobre Estratégias e Estrutura

A pesquisa de Chandler foi sobre a estratégia e estrutura da organização. Demonstra como a estrutura das organizações é relacionada com a estratégia de negócios. A estrutura da organizacional corresponde ao desenho da organização, isto é, forma organizacional que ela assumiu para integrar seus recursos, enquanto a estratégia corresponde aos recursos para atender às demandas do ambiente. Para Chandler, as grandes organizações passaram por um processo histórico que envolveu quatro fases distintas:

Acumulação de recursos: nesta fase as empresas preferiram ampliar suas instalações de produção a organizar uma rede de distribuição. A preocupação com matérias-primas favoreceu o crescimento dos órgãos de compra e aquisição de empresas fornecedoras que detinham o mercado de matéria-prima. Daí o controle por integração vertical que permitiu o aparecimento das economias de escala.

Racionalização do uso dos recursos: as empresas verticalmente integradas tornaram-se grandes e precisavam ser organizadas, pois acumularam mais recursos do que era necessário. Os custos precisavam ser contidos por meio da criação de uma estrutura funcional, os lucros dependiam da racionalização da empresa e sua estrutura deveria ser adequada às oscilações do mercado. Para reduzir os risco das flutuações do mercado, as empresas se preocuparam com o planeamento, organização e coordenação.

Continuação do crescimento: a reorganização geral das empresas na segunda fase possibilitou um aumento da eficiência, fazendo a diferença de custo entre as várias empresas diminuírem. Daí a decisão para a diversificação e a procura de novos produtos e novos mercados

Racionalização do uso de recursos em expansão: a ênfase reside na estratégia de mercado para abranger novas linhas de produtos e novos mercados. Os canais de autoridade e de comunicação da estrutura funcional, inadequados para responder à complexidade crescente de produtos e operações, levaram à nova estrutura divisional departamentalizada. Cada linha principal de produtos passou a ser administrada por uma divisão autónoma e integrada que envolvia todas as funções de staff necessárias. Daí a necessidade de racionalizar a aplicação dos recursos em expansão, a preocupação crescente com o planeamento de longo prazo, a gestão voltada para objectivos e a avaliação do desempenho de cada divisão.

2. Pesquisa Emery e Trist sobre Contextos Ambientais

Para Emery e Trist, existem quatro tipos de contexto ambiental, cada qual propiciando determinada estrutura e comportamento organizacional. Os quatro tipos de contexto ambiental são:

Ambiente tipo 1: meio plácido e randômico

É o meio ambiente mais simples e tranqüilo. Ambiente homogêneo, cada organização não pode afetar outras organizações do ambiente nem pode sozinha influenciar o mercado. Os objetivos dessas organizações são estáveis, distribuídos ao acaso (randomicamente) sem contexto entre as partes.

Ambiente tipo 2: meio plácido e segmentado

Corresponde ao modela da “competição imperfeita”, na qual os produtos ou serviços oferecidos pelas organizações concorrentes são diferenciados. São empresas que se dedicam a um tipo de produto na qual há um mercado competitivo. Como exemplo temos siderúrgica, cimento etc.

Ambiente tipo 3: ambiente perturbado e reativo

As organizações são do mesmo tamanho, tipo, objetivos, dispondo das mesmas informações e pretendendo o mesmo mercado. Corresponde ao “mercado oligopólico” dos economistas, cuja característica primária é o fato de que, como são poucas as organizações, as atividades resultantes, surgem as rivalidades, tomando necessário o conhecimento das reações dos rivais.

Ambiente tipo 4: meio de campos turbulentos

O ambiente tipo 4 caracteriza-se pela complexidade, turbulência e dinamicidade. Entretanto, esta dinamicidade não é causada pela presença de outras organizações, mas pelo complexo campo dinâmico de forças existente no próprio ambiente.

3. Pesquisa de Burns e Stalker sobre as Organizações

Burns e Stalker, dois sociólogos, pesquisaram 20 indústrias inglesas para verificar a relação entre práticas administrativas e ambiente externo dessas indústrias. Encontram diferentes procedimentos administrativos nas indústrias e as classificaram em dois tipos:

Sistemas Mecanicistas ou mecanístas – as tarefas são divididas por especialistas. Cada indivíduo executa sua tarefa sem a menor noção das demais tarefas da empresa. A cúpula tem a responsabilidade de cuidar do relacionamento entre as tarefas. As atribuições de cada função são claramente definidas. A interação é vertical entre superior e subordinado. As operações são reguladas por instruções, regras e decisões emitidas pelos superiores. A hierarquia de comando decorre da suposição de que todo conhecimento sobre a firma e suas tarefas só se encontra na cúpula da empresa. A administração ocorre por uma hierarquia rígida e opera um sistema de informação vertical descendente e ascendente.

Sistemas orgânicos – são sistemas adaptáveis a condições ambientais instáveis, quando os problemas e exigências de ação podem ser fragmentados e distribuídos entre especialistas em uma hierarquia definida. As pessoas realizam suas tarefas específicas à luz do conhecimento que possuem das tarefas da empresa em sua totalidade. Os trabalhos são flexíveis em termos de métodos, obrigações e poderes, pois devem ser continuamente redefinidos por interação com outras pessoas que participam da tarefa. A interação é lateral e vertical. A comunicação entre as pessoas de categorias diferentes se dá mais por meio da consulta lateral do que do comando vertical. Não se atribui onisciência aos superiores.

4. Pesquisa de Lawrence e Lorsch sobre Ambientes

Lawrence e Lorsch fizeram uma pesquisa sobre o defrontamento entre organizações e ambiente que provocou o aparecimento da Teoria da Contingência. O nome Teoria da Contingência derivou dessa pesquisa. Preocupados com as características que as empresas devem ter para enfrentar com eficiência as diferentes condições externas, tecnológicas e de mercado, fizeram uma pesquisa sobre dez empresas em três diferentes meios industriais – plásticos, alimentos empacotados e recipientes (containers). Os autores concluíram que os problemas básicos são a diferenciação e a integração.

a. Diferenciação. A organização é dividida em subsistemas ou departamentos, cada qual desempenhando uma tarefa especializada para um contexto ambiental também especializado. Cada subsistema ou departamento reage somente àquela parte do ambiente que é relevante para a sua própria tarefa especializada. Se houver diferenciação nos ambientes de tarefa aparecerão na estrutura e na abordagem dos departamentos. Do ambiente geral emergem ambientes de tarefa, a cada qual correspondendo um subsistema ou departamento da organização.

b. Integração. Refere-se ao processo oposto à diferenciação e é gerado por pressões vindas do ambiente da organização no sentido de obter unidade de esforços e coordenação entre vários departamentos. A empresa que mais se aproxima das características requeridas pelo ambiente terá mais sucesso do que a empresa que se afasta muito delas.

c. Teoria da Contingência. Em função dos resultados da pesquisa, os autores formularam a Teoria da Contingência: não existe uma única maneira melhor de organizar; ao contrário, as organizações precisam ser sistematicamente ajustadas às condições ambientais.

5. Pesquisa de Joan Woodward sobre tecnologia

Joan Woodward, socióloga industrial, organizou uma pesquisa para avaliar se a prática dos princípios da administração, propostos pelas teorias administrativas se correlacionavam com o êxito do negócio. As empresas foram classificadas em três grupos de tecnologia e produção, a saber:

a) Produção unitária ou oficina: a produção é feita por unidades ou pequenas quantidades, o processo produtivo é menos padronizado e menos automatizado. É o caso da produção de navios, aviões, locomotivas, geradores e motores de grande porte.

b) Produção em massa ou mecanizada: a produção é feita em grande quantidade. A produção é feita em uma linha de montagem, requer maquias e linhas de produção ou montagem padronizadas, como empresas montadoras de automóveis e de brinquedos.

c) Produção em processo ou automatizada: produção em processamento contínuo em que um ou poucos operários monitorizam um processo total ou parcialmente automático de produção. É o caso das refinarias de petróleo, cimento, produção química ou petroquímica.

CONCLUSÃO

A Teoria da Contingência enfatiza o mais recente estudo integrado na área da administração, é sem dúvida a mais eclética de todas, pois além de considerar as contribuições das diversas teorias anteriores, consegue coordenar os princípios básicos, como: as tarefas, a estrutura, as pessoas, a tecnologia e o ambiente. Dentro de seu estado, as teorias administrativas anteriores são colocadas à prova, suas conclusões são confirmadas (cada uma de acordo com sua época, necessidade, ambiente, interação, compatibilidade, etc.), atualizadas, ampliadas, integradas dentro de uma abordagem mais complexa, permitindo assim uma visão conjunta, abrangente, com maior maleabilidade e adaptação para cada organização e para a administração como um todo.

A abordagem contingencial mesmo tendo analisado outras escolas como a Teoria Clássica ou a Teoria de Sistemas, aceitou suas premissas básicas, mas adaptou-as a outros termos pois nela nada é absoluto ou universalmente aplicável, tudo é composto de variáveis sejam situacionais, circunstanciais, ambientais, tecnológicas e econômicas, divergindo em graus de variação.

De todas as Teorias administrativas, a abordagem contingencial enfoca as organizações de dentro para fora colocando o ambiente como fator primordial na estrutura e no comportamento das organizações. De um lado o ambiente oferece oportunidades e recursos, de outro impõem coações e ameaças à organização. É neste ponto que a tecnologia torna-se também uma variável importante para o ambiente. Dela depende os conceitos de oportunidades tanto fora como dentro da organização, já que interfere na coerência dos membros internos para obter e se adaptar à coesão com características externas do ambiente. Cada organização requer sua própria estrutura organizacional dependendo das características de seu entorno e de sua tecnologia.

Assim, para a teoria da Contingência, os dois grandes desafios para as organizações modernas são o ambiente e a tecnologia. A partir da teoria da Contingência, a variável tecnológica passou a assumir um importante papel na teoria administrativa. Em resumo, a tecnologia provavelmente será um fator para a terceira revolução industrial, aliada ao ambiente e a forma como as organizações e a própria Administração saberão utilizar e adaptar estes dois importantes fatores face à globalização de todos os conceitos organizacionais. É neste âmbito que a teoria da Contingência tem muito ainda a ser estudada e atualizada confirmando que a Administração deve muito a seus conceitos e há muito que adaptar-se a estudos cada vez mais complexos para o êxito dela própria.

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