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Aids E HIV

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Por:   •  2/10/2013  •  1.292 Palavras (6 Páginas)  •  619 Visualizações

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Pessoas com aids sofrem mais com problemas sociais e psicológicos do que com a ação do HIV no organismo

Pesquisa da Fiocruz mostra que 65% dos pacientes em tratamento avaliam seu estado de saúde como bom ou ótimo. Na população geral, esse índice é 53%. Soropositivos, porém, têm mais depressão e ansiedade

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Um estudo realizado com pessoas em tratamento de aids no Brasil mostra que elas sofrem mais com problemas relacionados à interação social do que com a ação do vírus no organismo. Sessenta e cinco por cento dos entrevistados avaliam seu estado de saúde como bom ou ótimo. O índice é cerca de dez pontos percentuais maior que o da população geral - a diferença persiste mesmo após padronização por sexo e faixa etária. A comparação com portadores de outra doença crônica ou de longa duração surpreende ainda mais. Apenas 27% (um percentual duas vezes menor) desses outros pacientes classificam sua própria saúde como boa ou ótima. Os números fazem parte da pesquisa Percepção da qualidade de vida e do desempenho do sistema de saúde entre pacientes em terapia antirretroviral no Brasil. Na fase de análise, os dados também foram comparados aos da Pesquisa Mundial de Saúde, feita pela OMS em 2003.

A pesquisa foi realizada, pela Fundação Oswaldo Cruz, em 2008, com 1260 pessoas em tratamento antirretroviral. Contou com financiamento da USAID e o apoio do Ministério da Saúde. Seus resultados são representativos de toda a população em tratamento antirretroviral, atualmente em cerca de 200 mil pessoas.

A boa percepção do próprio estado de saúde entre as pessoas com aids contrasta com problemas sociais e psicológicos enfrentados por elas. Nesse ponto, a situação de quem está em tratamento com o coquetel antiaids é pior do que a população geral. Entre as mulheres soropositivas, 33% afirmaram ter grau intenso ou muito intenso de tristeza ou depressão e 47% grau intenso ou muito intenso de preocupação e/ou ansiedade. Entre os homens, o índice é um pouco menor - 23% e 34%, respectivamente.

A Pesquisa Mundial de Saúde fez a mesma pergunta para a população geral e constatou que apenas 15% declararam sentir um grau intenso ou muito intenso de tristeza ou depressão. Preocupação e ansiedade na população geral também foram menores - 23% para o total (28% entre as mulheres e 17% entre os homens).

Esses resultados indicam que, apesar de mais da metade das pessoas autoavaliarem bem sua saúde, uma boa parte ainda não superou os traumas psicológicos causados pelo diagnóstico de HIV/aids. 'O sentimento de tristeza e depressão pode ser explicado pela falta de apoio social, pelo sentimento de discriminação, pelo sentimento de solidão, entre outros, que diferenciam as pessoas com aids da população geral', afirma a coordenadora da pesquisa, Célia Landmann.

Em relação ao estado de saúde, o que se percebe é que o impacto do diagnóstico é tão forte, que após o início do tratamento e a melhora das condições imunológicas, as pessoas se sentem saudáveis novamente. 'Quando fazemos a pergunta, elas acabam por comparar a situação atual ao momento do diagnóstico, o que faz com que boa parte dos pacientes respondam que atualmente sua saúde é excelente ou boa', explica o pesquisador Paulo Borges, que defendeu doutorado na Fiocruz como parte da pesquisa.

Estigma e preconceito - A pesquisa também identificou os impactos positivos e negativos do diagnóstico da aids entre os participantes do estudo. Desses, 38% afirmaram não ter tido nenhum ganho e 43,5% disseram ter, depois do diagnóstico, melhor assistência à saúde. Outros 18,6% afirmaram ter maior suporte social. (veja tabela abaixo)

Principais ganhos relacionados à infecção pelo HIV.

Pacientes de aids, Brasil, 2008

Ganhos Percentual (%)

Maior suporte social 18,6%

Melhor assistência social 43,5%

Envolvimento com organizações civis e sociais 10,4%

Sentimento de ser especial 17,6%

Nenhum 38,0%

Fonte: Percepção da qualidade de vida e do desempenho do sistema de saúde entre pacientes em terapia anti-retroviral no Brasil, 2008

Entre as perdas, a mencionada pelo maior número de pessoas foi a piora das condições financeiras (36,5%), seguida da aparência física (33,7%) - veja tabela. Entre todos esses aspectos, o único relacionado diretamente ao HIV é a piora na aparência física. Todas as outras dependem também de questões sociais.

Principais perdas relacionadas à infecção pelo HIV.

Pacientes de aids, Brasil, 2008

Perdas Percentual (%)

Piora nas condições financeiras 36,5%

Piora na aparência física 33,7%

Discriminação social 20,9%

Perda do emprego 20,6%

Falta de suporte familiar 16,2%

Discriminação familiar 16,2%

Discriminação pelos amigos 15,9%

Perda da independência 15,2%

Fonte: Percepção da qualidade de vida e do desempenho do sistema de saúde entre pacientes em terapia anti-retroviral no Brasil, 2008

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