Antropologia Numa Era De Confusão
Casos: Antropologia Numa Era De Confusão. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Leliii • 14/5/2014 • 1.178 Palavras (5 Páginas) • 275 Visualizações
“ANTROPOLOGIA NUMA ERA DE CONFUSÃO”
A antropologia sempre procurou entender a natureza humana e as variedades da cultura humana. Acredito que a antropologia emana de um impulso tão antigo quanto a humanidade, da curiosidade sobre os outros povos combinada com a instropecção a nosso próprio respeito, quem quer que acreditamos ser. Ela deriva da especulação sobre a natureza humana, sobre o que significa ser mulher ou homem, e de um desejo de entender a variedade da cultura humana.
Neste texto o autor ainda relata, que gosta de fazer a reconstrução da antropologia com Heródoto, escolhe-o como o primeiro ancestral por causa de seu relativismo e considera o relativismo fundamental para a boa antropologia, diz respeitar o tipo de relativismo de seus antecessores e contemporanêos é um relativismo que suspende o juízo sobre os costumes de outros povos para melhor compreender seus modos de vida e, tanto quanto possível, sem preconceitos. Este entendimento não se apressa em julgar, mas também não foge ao julgamento. Seu propósito é melhorar nossa capacidade de fazer julgamentos fundamentados.
Porém, tal relativismo sempre gerou oposição, mesmo na época de Heródoto. Para um pensador grego do século V a.c era necessária uma notável tolerância para observar que os arquiniimigos dos gregos, os persas, consideravam seu próprio modo de vida superior ao daqueles. Além disso, Heródoto observava que toda sociedade possuia suas próprias vantagens e desvantagens e que não deveríamos nos precipitar em julgar os outros povos segundo nossos próprios padrões. Foi por isso criticado por Plutarco, acusado de simpatizante dos bárbaros.
È claro, então, que a batalha em torno do relativismo cultural no pensamento ocidental começou há muitos séculos. A teoria da evolução social foi apresentada como sendo preconceituosa e baseada em poucas evidências, inclusive com uma inferência racista em uma época de dominação européia. Nos Estados Unidos, Franz Boas e seus discípulos eram os que insistiam na necessidade de um melhor trabalho de campo para dar base a uma antropologia cultural empiricamente fundada que, por sua vez, mostraria a debilidade das teorias sociais evolucionistas. Na Europa Ocidental, uma nova geração de antropólogos também insistiam em um melhor trabalho de campo a serviço de uma antropologia social científica que também desconfiava da teoria evolucionista.
O enfrentamento entre antropólogos culturais e antropólogos sociais estendeu-se por décadas em meados do século XX, mas foi eventualmente abandonado. Passou a ser, em geral, aceito que a antropologia cultural incluía o estudo da estrutura e que a antropologia social inevitavelmente se ocupava da cultura.
Enquanto isso, a idéia de cultura passou a ser adotada por outras disciplinas e se tornou parte tanto do discurso. Nos últimos anos, a cultura parece estar em toda parte. È como se cada grupo ou categoria de pessoas tivesse uma cultura. Infelizmente, esse amplo interesse pela idéia de cultura, que poderia ter anunciado uma nova era em que o estudo da cultura ocupasse um lugar central nas ciências sociais e nas humanidades, surgiu exatamente quando os antropólogos começavam a ter séries dúvidas sobre o conceito.
Foi no meio desse processo de instropecção e conscientização que o conceito central da antropologia-cultura- também começou a ser atacado. A cultura sempre foi notoriamente difícil de definir, mas a maioria dos estudiosos a concebia como um conjunto padronizado e coerente de idéias que constituíam a visão de mundo de si mesmo de um dado povo. . Entretanto, os críticos diziam que a cultura não era claramente demarcada, tanto em termos conceituais quanto em termos demográficos. O que quer dizer que as idéias num sistema cultural não seriam necessariamente coerentes nem consistentes. Como consequência, também não seriam necessariamente sistemáticas, nem serviriam como modelo para o pensamento e a ação.
Assim, a despeito do fato de que cultura era um conceito central da antropologia sociocultural, ele teria sido mal construído e mal utilizado pelos próprios especialistas que o empregavam. Eles não teriam analisado a cultura como processoo, como debate, como campo de contestação. Não teriam levado na devida conta o fato de que as idéias de uma cultura se confundiam com as de outras culturas, assim como de que os portadores de uma cultura não eram um grupo claramente delimitado. De modo análogo, podemos adotar uma nova abordagem à cultura que
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