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Análise Da Saúde Coletiva No Contexto Da Pandemia

Por:   •  3/11/2024  •  Trabalho acadêmico  •  3.129 Palavras (13 Páginas)  •  17 Visualizações

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Joice dos Santos Ferreira Rezende

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  1. INTRODUÇÃO

A saúde coletiva é uma área de saúde pública que se concentra no estudo e na promoção da saúde de grupos de pessoas, comunidades e população em vez de indivíduos isolados. Ela se baseia em abordagens preventivas e intervencionistas para melhorar a saúde e o bem-estar de um grande número de pessoas. Em momentos de crise de saúde global, como a pandemia de COVID-19, a saúde coletiva desempenha um papel crucial na compreensão, prevenção e resposta a doenças que afetam comunidades inteiras (Chu et al., 2020; Estrela et al., 2020).

Dentro desse contexto, a questão que norteia esse estudo é: ‘Como a pandemia de COVID-19 afetou a saúde coletiva, e quais são as estratégias eficazes para fortalecer os sistemas de saúde e promover o bem-estar da comunidade diante de futuras crises sanitárias?”. A justificativa para esse tema é de que a pandemia de COVID-19 é um evento global sem precedentes que impactou profundamente a saúde coletiva em todo o mundo. Compreender suas implicações e desenvolver estratégias para lidar com futuras crises sanitárias é fundamental. Este estudo é relevante para orientar políticas públicas, melhorar a preparação para pandemias e promover a saúde da população.

A pandemia de COVID-19, causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, tem sido uma das crises de saúde mais sérias e desafiadoras dos tempos modernos. Ela não apenas ressaltou a importância da saúde pública, mas também evidenciou a necessidade de uma abordagem abrangente de saúde coletiva para compreender, prevenir e mitigar os impactos dessa doença em escala global (Lana et al., 2020).  

Sendo assim, o presente estudo tem como objetivo geral investigar o impacto da pandemia de COVID-19 na saúde coletiva, compreendendo suas consequências e identificando estratégias para mitigar os efeitos negativos. Já os objetivos específicos  englobam: investigar as principais medidas de controle e prevenção durante a pandemia de COVID-19; Avaliar o impacto da pandemia na distribuição e acesso aos serviços de saúde. A metodologia utilizada é uma revisão bibliográfica, de cunho descritivo-qualitativo, no qual foram usados artigos acadêmicos retirados das bases de dados do Scielo, PubMed e Google Acadêmico, além de documentos oficiais relacionados ao assunto.

  1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Principais medidas de controle e prevenção da Covid-19

As intervenções não farmacológicas representam um conjunto de abordagens de saúde pública que atuam em níveis individuais, ambientais e comunitários. No âmbito individual, essas disciplinas englobam práticas como a higienização das mãos, o respeito à etiqueta respiratória e a adoção do distanciamento social. O distanciamento social, por sua vez, engloba medidas como o isolamento de indivíduos com casos confirmados, a quarentena aplicada a pessoas que tiveram contato com casos confirmados e a opção voluntária de evitar locais com aglomerações de pessoas (Qualls et al., 2020 ).

Ainda segundo o autor supracitado, uma outra medida de caráter individual envolve o uso de máscaras, uma prática recomendada para indivíduos com infecção por coronavírus comprovada ou suspeita, bem como para aqueles que cuidam desses pacientes. No entanto, é importante observar que a Organização Mundial da Saúde (OMS) não recomenda o uso de máscaras por pessoas assintomáticas, uma vez que não há evidências sólidas que respaldem sua eficácia na redução da transmissão da gripe. Além disso, o uso de máscaras por pessoas sem sintomas pode criar uma falsa sensação de proteção. É relevante destacar que, até o momento, a eficácia do uso de máscaras por indivíduos assintomáticos na prevenção da transmissão da COVID-19 ainda carece de estudos conclusivos.

Intervenções ambientais incluem práticas como a ventilação e exposição à luz solar de ambientes, bem como a realização regular de limpeza em superfícies e espaços, procedimentos que desempenham um papel fundamental na erradicação do vírus conforme apresentado por Qualls et al., (2020). Tanto o SARS-CoV-2 quanto o vírus da influenza têm a capacidade de manter sua estabilidade fora do corpo humano, permanecendo viáveis ​​em aerossóis e diversas superfícies por até três dias, um exemplo disso é o plástico e o aço inoxidável conforme evidenciado por Van Doremalen et al., (2020).

É de extrema importância direcionar uma atenção especial à higienização de itens e áreas de contato frequentes, como botões de elevador, corrimãos, apoios em veículos de transporte público, maçanetas de portas, teclados de máquinas de pagamento com cartão, smartphones e estações de trabalho. A contaminação desses objetos e superfícies pode afetar um papel significativo na disseminação do vírus. Portanto, a manutenção da limpeza e higiene dessas áreas é fundamental para reduzir o risco de transmissão.

Segundo os autores Minayo e Freire (2020):

Estamos todos sob a mesma tempestade e participamos do mesmo esforço coletivo para não deixar a população à deriva. Mas não estamos no mesmo barco. A desigualdade social encontrada no Brasil é um terreno fértil para a disseminação da COVID-19, dificultando o isolamento social, restringindo acesso a insumos básicos para higiene e proteção, e dificultando a própria assistência aos serviços de Saúde. A disparidade entre o número de leitos e respiradores per capita na rede pública e privada gera distorções que dificultam a distribuição eficaz de recursos, contribuindo para a mortalidade.

As medidas comunitárias representam iniciativas adotadas por gestores, empregadores e líderes comunitários com o propósito de preservar a saúde da população. Estas medidas envolvem a limitação das atividades de instituições educacionais, como escolas e universidades, a suspensão de eventos sociais, esportivos, culturais, e o controle da operação de meios de transporte público, bem como a restrição de acesso a locais de grande concentração de pessoas, como teatros, cinemas e estabelecimentos comerciais que não desempenham funções essenciais. Essas ações são fundamentais para mitigar a disseminação do vírus e proteger a comunidade em geral.

O momento de início e a extensão das intervenções não farmacológicas comunitárias podem ter um impacto significativo. Identificar o momento mais seguro para iniciar essas intervenções é um desafio complexo, pois a implementação precoce pode causar impactos adversos nas esferas econômicas e sociais, sem necessariamente proporcionar benefícios imediatos à saúde pública. Além disso, à medida que o tempo avança, existe o risco de uma “fadiga de intervenção” gradual e um potencial aumento na adesão da população a essas medidas. Em contrapartida, a aplicação dessas medidas depois de uma propagação extensiva da doença pode restringir os ganhos em termos de saúde pública. É crucial que as intervenções sejam aplicadas cedo o suficiente para evitar o rápido aumento inicial no número de casos e que sejam mantidas pelo tempo necessário para abranger o pico da curva epidêmica, conforme previsto (Qualls et al., 2020).

No Brasil, no dia 06 de fevereiro de 2020, foi promulgada a Lei nº 13.979, que estabelece diretrizes para o combate à epidemia de COVID-19 e lista intervenções não farmacológicas que podem ser aprovadas. As Unidades da Federação (UFs) iniciaram a adoção dessas medidas a partir da segunda semana de março de 2020. Alguns exemplos notáveis ​​incluem o estado do Rio de Janeiro (por meio do Decreto nº 46.970, de 13 de março de 2020) (Governo do Estado do Rio de Janeiro, 2020), o Distrito Federal (conforme previsto pelo Decreto nº 40.520, de 14 de março de 2020) (Governo do Distrito Federal (BR), 2020), a cidade de São Paulo (com base no Decreto nº 59.283, de 16 de março de 2020) (Prefeitura de São Paulo (SP),2020) e o estado de Santa Catarina (regido pelo Decreto nº 515, de 17 de março de 2020) (Governo do Estado de Santa Catarina, 2020). Posteriormente, essas jurisdições promulgaram decretos adicionais estabelecendo medidas mais restritivas em resposta à evolução da epidemia conforme observado por Qualls et al. (2020). Vale ressaltar o estado de São Paulo, o mais populoso do país, que implementou medidas rigorosas de quarentena a partir de 24 de março de 2020 (Governo do Estado de São Paulo, 2020). É importante considerar que as ações de combate à epidemia devem ser dinâmicas e sujeitas a revisão e adaptação à medida que a situação epidemiológica evolui.

É relevante ressaltar que ao implementar intervenções não farmacológicas específicas, é essencial levar em consideração as condições de vulnerabilidade de grupos populacionais particulares. Isso inclui, mas não se limita a moradores em situação de rua, população carcerária, idosos que vivem em instituições (como mencionado pelo Governo do Estado de São Paulo, 2020), bem como indivíduos que residem em ambientes com aglomeração de pessoas, falta de ventilação adequada, ausência de fornecimento de água canalizada, migrantes, pessoas com necessidades especiais, aqueles que vivem sozinhos e outros grupos semelhantes.

Impacto Da Pandemia Na Distribuição E Acesso Aos Serviços De Saúde

A pandemia de COVID-19 teve um impacto significativo no funcionamento dos sistemas de saúde, que tiveram que se adaptar às novas necessidades surgidas devido às situações que emergiram nos locais de prestação de serviços de saúde. Consequentemente, os profissionais da área da saúde sustentam que à medida que a pandemia avançava, novas demandas de atendimento surgiram a surgir.

Segundo Oliveira (2020), ao longo da pandemia, os profissionais de enfermagem enfrentaram o desafio de estabelecer novas unidades em tempo recorde e realocar locais de atendimento. A alta demanda de pacientes gravemente afetados pela COVID-19 foi realizada na alocação exclusiva de todos os leitos de UTI da instituição em questão para esses pacientes, o que, por sua vez, impactou a assistência a pacientes com outras condições médicas, que, de certa forma, passou a receber um cuidado menos prioritário.

A intensidade e a flutuação da demanda durante a pandemia de Covid-19 exerceram um impacto direto nas necessidades de capacidade dos sistemas de saúde, desempenhando um papel crucial nas decisões para ajustar essas capacidades e atender à crescente procura. Como indicado por Sabbadini et al. (2007), nas unidades de saúde, tanto nas instalações de atendimento primário quanto nas hospitalares, os pacientes passaram a buscar atendimento sem agendamento prévio, enfatizando a importância de examinar os padrões e o comportamento da demanda. Essa compreensão é fundamental para o desenvolvimento de estratégias operacionais que permitam uma gestão eficaz da capacidade dos recursos disponíveis. De repente, a rotina dos serviços de saúde passou por transformações significativas, com unidades de terapia intensiva sobrecarregadas e um aumento específico no número de pacientes em estado grave conforme destacado por Oliveira (2020).

A velocidade com que a comunidade científica respondeu à pandemia desencadeou a necessidade de transformações substanciais nos serviços de saúde. Novas diretrizes e procedimentos fornecidos que serão rapidamente incorporados às equipes de saúde, com destaque para os profissionais de enfermagem (Oliveira et al., 2020).

O estudo de Oliveira et al. (2021) também enfatizou a adoção e ilustração de novos protocolos durante a pandemia. Para os participantes desse estudo, esses documentos desempenharam um papel crucial para tornar padrão e servir como orientação durante a prestação de cuidados aos pacientes. O uso de protocolos no campo da assistência à saúde demonstrada será oportuno e eficaz na organização do trabalho, conforme indicado por Arantes et al. (2021).

Diante das profundas mudanças nos procedimentos dos profissionais nos serviços de saúde, surge a necessidade de capacitação. Essas transformações representam mudanças substanciais na forma de prestar assistência e gerenciar os serviços de saúde. Como apontado por Oliveira et al. (2021), a evolução das práticas de trabalho, que se adaptaram às situações da pandemia, destacou a importância de oferecer treinamentos aos profissionais de saúde. Esses treinamentos foram concebidos com o objetivo de aprimorar a capacidade dos serviços de saúde para atender de forma eficaz e eficiente às novas demandas que surgiram na decorrência da pandemia.

Nesse contexto, a incorporação de treinamentos práticos como parte integrante da rotina dos serviços de saúde, não apenas em tempos de pandemia, mas como uma prática contínua, pode ser um elemento fundamental para promover mudanças positivas na rotina dos profissionais. Isso ajuda a evitar a insegurança diante de novas abordagens na prestação de cuidados de saúde (Oliveira et al., 2021).

De acordo com o autor Diogo et al., (2020) em um contexto de pandemia, os profissionais de saúde, em particular aqueles que atuam na enfermagem, enfrentam transformações substanciais em seus ambientes de trabalho. Isso se manifesta especialmente na extensão das jornadas de trabalho, nas constantes mudanças nas equipes de saúde e na reorganização dos serviços para acomodar os diferentes circuitos de assistência a pacientes com COVID-19 e aqueles com outras condições. Essas adaptações geraram um aumento significativo no estresse, na incerteza e até na sensação de impotência entre esses profissionais, que se encontram imersos em um ambiente complexo, em constante evolução e repleto de desafios inesperados. Todas essas situações conferem a essa experiência uma carga emocional profundamente significativa.

Ainda conforme o autor mencionado, os enfermeiros desempenharam um papel essencial no desenvolvimento de estratégias para apoiar a gestão das emoções de suas equipes. Isso inclui a promoção da motivação, a resolução de conflitos, o investimento em formação e a capacitação, o fornecimento de apoio, a garantia da segurança e o estímulo à inovação.

Já o autor Almeida (2020) salienta que, nesse contexto, a administração dos serviços de enfermagem durante a pandemia exigiu habilidade de enfrentar desafios emocionais, gerenciando as emoções de maneira eficiente e flexível. A capacidade de adaptação dos enfermeiros diante das novas demandas, a aderência às medidas de proteção e a capacidade de resposta às necessidades crescentes que surgiam a cada instante foram elementos cruciais para o sucesso da estratégia soviética.

Os serviços de saúde enfrentam a necessidade de ajustar-se às exigências impostas pela pandemia, um desafio que recai significativamente sobre o setor de gestão em enfermagem. Diariamente, essas equipes de gestão tiveram que implementar mudanças rápidas e constantes para atender às novas descrições da pandemia, que permearam os sistemas de saúde com demandas em constante evolução. A pandemia da COVID-19 modificou os enfermeiros um ambiente de trabalho caracterizado por mudanças extremamente ágeis e impactantes, expondo-os a um cenário complexo, dinâmico e imprevisível. Gerenciar essa situação tornou-se uma tarefa cotidiana que fornece respostas rápidas e adaptativas, conforme enfatizado por Diogo et al. (2020).

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