Análise do filme Entre os muros da escola
Resenha: Análise do filme Entre os muros da escola. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: 393910 • 14/11/2013 • Resenha • 687 Palavras (3 Páginas) • 1.250 Visualizações
Avaliação: muito bom
O longa-metragem Entre os Muros da Escola (Entre les Murs, França, 2008), dirigido por Laurent Cantet, assemelha-se, em alguns pontos, com outro filme francês que retrata o cotidiano escolar, Nosso Professor é um Heroi (1996), mas o primeiro ganha por conter muito mais significados e realismo. O filme pode ser analisado por dois prismas principais: a questão da educação em si e o reflexo da mesma como um panorama da sociedade francesa contemporânea.
François Bégaudeau na sala de aula: cenário majoritário
Ficando, literalmente, entre os muros de uma escola pública da periferia parisiense, retrata-se um ano letivo de alunos da sétima série. Focando na aula do professor de língua francesa, François (François Bégaudeau), docente que já trabalha na escola há alguns anos, acompanhamos os conflitos que ocorrem entre alguns alunos e alunas – aquelas “figuras carimbadas” – e o professor, por praticamente qualquer coisa.
À primeira vista, diante de tantos atritos, atestamos os problemas na convivência em sala de aula e na relação professor-aluno, obstáculos que podem ser facilmente comparados com a realidade brasileira. A questão não é só uma dificuldade de se ensinar, mas principalmente no de construir um sentido para tudo aquilo: por que a escola? Esse questionamento tem se mostrado bastante presente no panorama educacional, configurando o que se conhece pela crise do ensino e suas derivações: má qualidade, “fracasso escolar”, gestão administrativa deficiente, pouco investimento etc.
A questão de como ensinar diante da diversidade de alunos e dos problemas da escola
No filme, logo após a reunião que abre o ano letivo, vemos um professor veterano com a lista de alunos indicando “esse é bonzinho, esse não é bonzinho, esse não é nem um pouco bonzinho”. A lista não surpreende pela quantidade de alunos classificados como “maus”, e sim pela construção a priori da imagem dos alunos, o que certamente influencia na maneira como o professor vai lidar com os mesmos.
Vemos, para citar algumas cenas, os estudantes questionando por que o professor François sempre utiliza nomes americanos, como Bob, para servir de exemplo em frases de língua francesa, em vez de nomes africanos ou asiáticos. Isso faz muito sentido no quadro francês, em que há uma miscigenação muito grande. Essa questão fica muito clara no filme e é justamente neste ponto em que ele extrapola os “muros da escola”.
Os professores reunidos: entre crises, preconceitos, desencantos e também vontade
Há outras partes interessantes: a aluna que não se interessa nem um pouco pela leitura do Diário de Anne Frank, adotado pelo professor, e diz ter lido, se interessado e entendido A República, de Platão. Assim como uma outra aluna, muito quieta, que passa invisível ao espectador o filme todo e diz não ter aprendido nada no final do ano letivo.
É possível ministrar um curso inteiro sobre educação apenas usando o conteúdo do filme. Por isso, para não me alongar muito nas questões levantadas, vou comentar alguns pontos da produção.
François na literatura,
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