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Análise do filme "Xingu"

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Por:   •  16/5/2013  •  Resenha  •  1.653 Palavras (7 Páginas)  •  1.614 Visualizações

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Análise do filme Xingu

O filme “Xingu”, retrata a história de três irmãos pertencentes à classe medida de São Paulo – Orlando, Cláudio e Leonardo – que se juntaram à expedição Roncador – Xingu, que percorreu regiões inexploradas do Brasil Central. No livro “Vítimas do Milagre” de Shelton H. Davis é descrito o contexto em que a expedição está inserida. Diz ele: “Nessa época, alguns nacionalistas temiam que uma das conseqüências da II Guerra Mundial fosse um grande deslocamento de colonos europeus pra o interior do Brasil. Em resposta a esses temores, o Governo Vargas organizou a Expedição Roncador – Xingu, para construir uma série de campos de pouso de emergência entre Manaus e o Brasil Meridional”(página 74). Essa passagem é retratada no filme, com a chegada de aviões com mantimentos e abertura de campos de pouso.

O contato com os índios foi pacífico, porém o homem branco trouxe muitas doenças que quase dizimou a população indígena. Retratada no filme, com a luta dos irmãos por remédios e a enfermidade do Cacique e sua posterior morte. O feito foi muito celebrado na imprensa da época, como mostrado no filme, o que chamou a atenção das pessoas para a política indigenista, inclusive dos poderosos.

No livro “O Xingu dos Villas-Bôas” de Orlando Villas-Bôas Filho, o pensamento e o ideal dos irmãos é retratado. Diz ele : “Toda e qualquer análise da obra dos irmãos e da política indigenista por ele proposta deve levar em conta o contexto de conflito interétnico existente no Brasil de então, bem como as variáveis envolvidas no foco político que permitiu a criação do Parque Indígena do Xingu.” O modelo adotado pelos irmãos é o protecionista que compartilha as mesmas ideias do Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, que foi influenciado pelos textos positivistas do filósofo Auguste Conte. Ele foi nomeado o primeiro diretor do novo Serviço de Proteção dos Índios (SPI), que era encarregado de proteger os índios contra atos de perseguição e opressão. Durante esse primeiro período o lema do SPI era: “Morrer se preciso for. Matar, nunca.” Através dessa abordagem pacifista, dezenas de tribos foram postas sob a direção e a proteção da SPI. Inspirado em ideais altamente patrióticos, Rondon considerava os índios como uma parte necessária da riqueza e diversidade cultural do Brasil. Esse modelo protecionista caracteriza-se por proporcionar que as comunidades indígenas deveriam ser protegidas pelo Poder Público contra as frentes de expansão “civilizadas” mediante a criação de reservas nacionais. Essas reservas deveriam possibilitar a reprodução simbólica e material das comunidades, segundo seus usos e costumes, até que a nossa sociedade estivesse apta a recebê-las e elas prontas para ser integradas, sem que isso acarretasse perda de identidade cultural, interferindo o mínimo possível em sua vida e articulação tribal. Esse ideal protecionista é retratado no filme pela forma como os irmãos se preocupavam em entender a língua e os costumes dos indígenas e assim respeitá-la. Porém, esse modelo sofreu diversas críticas por parte dos defensores do modelo integracionista, como os militares após o Golpe Militar e seus imperativos de ordem desenvolvimentista, que partia da premissa de que as comunidades indígenas deveriam ser rapidamente integradas economicamente a sociedade brasileira como contingente de reserva de mão-de-obra para o trabalho, e assim, não se preocupavam com a cultura indígena, muito menos com a integração física dos índios e seu destino na nossa sociedade.

Os irmãos Villas-Bôas através dessa política protecionista e preservacionista puderam aprender toda a riqueza cultural das mesmas, o que os levou a defender não apenas sua integridade física, mas também a integridade cultural, e por muitos interpretado como uma espécie de romantismo ou visão apologética do “Bom Selvagem” por parte deles.

Cláudio e Orlando Villas-Bôas resumem em um parágrafo alguns dos aspectos principais de seu pensamento político acerca da questão indígena do Brasil:

“Em nossa modesta opinião, a verdadeira defesa do índio é respeitá-lo e garantir sua existência de acordo com seus próprios valores. Até que nós, os ditos “civilizados” criemos condições apropriadas entre nós para a futura integração dos índios, qualquer tentativa de integrá-los é o mesmo que introduzir um plano para sua destruição.” Assim no estágio atual de nossa sociedade, a integração do índio não seria viável.

Na realidade, analisando numa perspectiva histórica, o pensamento dos irmãos Villas-Bôas mostrou ser a forma menos agressiva de trato às comunidades indígenas brasileiras no século XX. E o Parque Indígena do Xingu foi o resultado concreto que demonstrou o caráter frutífero do ideário protecionista dos Villas-Bôas como bem adaptado no filme.

Em 27 de Abril de !952, submeteu-se ao Vice-Presidente um documento local pedindo o estabelecimento do Parque Nacional do Xingu. Esse documento reclamava do Governo Federal a separação de uma grande área na parte setentrional do Estado do Mato Grosso para a criação do primeiro Parque Indígena do Brasil. O Parque seria uma experiência incomparável de proteção ás tribos e aos habitats naturais que estas ocupavam.

Segundo Orlando e Cláudio Villas-Bôas, o Governo Brasileiro tinha dois importantes objetivos em mente ao criar o Parque Nacional do Xingu:

1) Construir uma reserva natural onde a flora e a fauna fossem preservadas

2) Estender proteção imediata ás tribos indígenas da região.

No essencial o Parque Nacional do Xingu conscientiza os três princípios de Ron(não sei oq é) proteção eficiente dos grupos indígenas, respeito por sua integridade cultural e assistência nacional desinteressada, como retratado no filme pela festa da criação do Parque junto com os índios.

Porém, nos anos seguintes, o Parque Nacional do Xingu enfrentou duas grandes ameaças. A primeira foi uma tentativa do Governo do Mato Grosso de fornecer concessões de teria no Parque a companhias e especulados imobiliários. Só não foi possível através de uma campanha dos irmãos na imprensa que fez com que o Governo Federal pressionasse o Estado do Mato Grosso para que anulasse os títulos já concedidos. E a segunda foi uma epidemia de sarampo que atingiu e fez com que morresse um crescimento demográfico desses grupos indígenas. Essas duas ameaças foram retratadas no filme pela ação dos madeireiros e seu jogo político, bem como pelas várias ações e a chegada de médicos e enfermeiros ao Parque Nacional

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