As Consequências do Neonazismo
Por: Raissa Raquel • 22/8/2021 • Pesquisas Acadêmicas • 2.438 Palavras (10 Páginas) • 186 Visualizações
Neonazismo e LGBTQIA+fobia
Homossexuais na Alemanha nazista
Os homossexuais constituíam um dos grupos perseguidos pelo regime nazista. Antes do Terceiro Reich, Berlim era considerada uma cidade liberal, com bares e cabarés frequentados pela comunidade homossexual. Magnus Hirschfeld tinha começado aí, um movimento pelos direitos dos homossexuais durante o virar do século. Contudo, estes movimentos foram duramente reprimidos pelo Partido Nazi.
A ideologia nazi sustentava que a homossexualidade era incompatível com o Nacional Socialismo, já que não permitia a reprodução, necessária para perpetuar a raça superior. A masturbação era considerada perniciosa pelo Reich.
Ernst Röhm, líder da Sturmabteilung (SA), a primeira milícia do Partido Nazi, um dos homens de confiança de Hitler que o ajudou a ascender ao poder, era homossexual e foi assassinado em 1934 na Noite das Facas Longas. O mesmo se passava com outros líderes, como Edmund Heines.
Hitler protegeu, inicialmente, Röhm de outros elementos do Partido Nazi que consideravam a sua homossexualidade como uma violação grave da política fortemente homofóbica do partido. Hitler, mais tarde, ao considerar que está podia ser, de facto, uma ameaça à consolidação do partido no poder, autorizou a sua execução na chamada Noite das Facas Longas. Durante o holocausto, a perseguição continuou tendo muitos sido enviados para campos de concentração. As estimativas sobre o número de homossexuais mortos nos campos variam muito, entre 5 e 15 mil, conforme as fontes consultadas.
O sofrimento dos homossexuais não terminou depois do fim da guerra, uma vez que as leis anti-homossexuais dos Nazis não foram suprimidas, tal como aconteceu com as leis antissemíticas, por exemplo. Alguns homossexuais foram obrigados a terminar a pena a que estavam condenados pelo Governo Militar Aliado do pós-guerra na Alemanha. Outros, ao voltar para casa ou para os seus países de origem, tiveram que manter o silêncio sobre o seu sofrimento por medo de discriminação, pois as chamadas leis sobre a sodomia só acabariam por cair na Europa Ocidental nos anos 1960 e 1970.
Depois da Primeira Guerra Mundial, no período da história alemã conhecido como a República de Weimar, a homossexualidade masculina na Alemanha, particularmente em Berlim, gozava de maior liberdade e aceitação do que em qualquer outra parte do mundo. Contudo, a partir da tomada de poder por Hitler, os gays e, em menor grau, as lésbicas, passaram a ser dois de entre vários grupos sociais a serem atacados pelo Partido Nazi, acabando por ser também vítimas do Holocausto.
A partir de 1933, as organizações gays foram banidas, livros acadêmicos sobre homossexualidade e, mais genericamente sobre sexualidade humana, foram queimados, e alguns homossexuais do Partido Nazi foram assassinados.[2] A Gestapo compilou listas de nomes de homossexuais, que foram obrigados a adaptar-se à norma sexual Nazi.
Estima-se que em 1928 existiam cerca de 1,2 milhões de homossexuais na Alemanha. Entre 1933 e 1945, mais de 100 mil homens foram registados pela polícia como homossexuais (as "Listas Rosa"), e destes, aproximadamente 50 mil foram oficialmente condenados. A maior parte destes homens foram aprisionados, com 5 a 15 mil sendo enviados para campos de concentração. O investigador Ruediger Lautman acredita que a taxa de mortalidade de homossexuais presos em campos de concentração poderá ter atingido os 60%, pois os homossexuais presos nesses "campos da morte" para além de serem tratados de forma extraordinariamente cruel pelos guardas, eram também perseguidos pelos outros prisioneiros.
Depois da guerra, o sofrimento dos homossexuais nos campos de concentração nazi não foi reconhecido em muitos países, tendo algumas potências aliadas recusado a libertação ou repatriação destes homens. Alguns dos que ficaram presos, escaparam e foram de novo presos, baseados em fatos ocorridos durante no período nazi. Apenas nos anos 1980 começaram a surgir governos a reconhecer os homossexuais como vítimas do Holocausto, e apenas em 2002 o governo alemão pediu formalmente desculpa à comunidade gay.
Este período da história mantém-se, contudo, rodeado em controvérsia. Em 2005, o Parlamento Europeu adotou uma resolução relacionada com o Holocausto em que a perseguição nazi aos homossexuais não foi referida.
A perseguição
Embora a homossexualidade masculina houvesse sido mantida na ilegalidade na Alemanha durante o período da República de Weimar, conforme o Parágrafo 175 do Código Penal, os ativistas alemães dos direitos dos homossexuais tornaram-se líderes mundiais nos esforços para reformular as atitudes sociais que condenavam a homossexualidade. Muitos na Alemanha consideravam a tolerância aos homossexuais durante a República de Weimar, como um sinal da decadência alemã. Os nazistas se apresentavam como os defensores da moralidade, aqueles que dariam fim ao "vício " da homossexualidade, como forma de ajudar a vencer a luta racial. Assim que assumiram o poder em 1933, os nazistas intensificaram a perseguição contra homossexuais alemães do sexo masculino. A perseguição ia desde a dissolução de organizações homossexuais até o aprisionamento dos que tinham aquela orientação sexual em campos de concentração.
Os nazistas viam os homossexuais masculinos como fracos e efeminados, incapazes de lutar pela nação alemã. Eles percebiam os homossexuais como improváveis geradores de filhos, incapazes de aumentar a taxa de natalidade alemã. Os nazistas acreditavam que as raças inferiores se reproduziam em maiores números do que os "arianos", e qualquer fator que diminuísse seu potencial reprodutivo era considerado um perigo racial.
Heinrich Himmler, chefe das SS, liderou a crescente perseguição contra os homossexuais no Terceiro Reich. As lésbicas não eram consideradas uma ameaça às políticas raciais nazistas e, geralmente, não eram alvos de perseguição. Da mesma forma, geralmente os nazistas não perseguiam homossexuais estrangeiros, a menos que eles mantivessem parceiros alemães ativos. Na maioria dos casos, os nazistas estavam dispostos a aceitar ex-homossexuais na sua "comunidade racial", desde que eles se tornassem "racialmente conscientes" e desistissem do seu estilo de vida.
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