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As Novas Economias

Por:   •  26/9/2023  •  Projeto de pesquisa  •  1.487 Palavras (6 Páginas)  •  96 Visualizações

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As novas economias e os novos modelos de organizações no contexto dos arranjos produtivos locais (APL)

Em uma contínua tentativa de realizar sua revolução industrial tardia e se posicionar como concorrente direto frente às grandes potências mundiais, as políticas econômicas focam nas grandes empresas como única fonte de inovação, de empregos e, por fim, de fonte de receita pública (CANO, 2012). As grandes corporações são classicamente reconhecidas por empregar uma grande parcela da população (SILVA, 2011).

No contexto das transformações econômicas ocorridas a partir da década de 70, a cadeia produtiva, antes limitada a um único espaço físico, passou a se organizar ao redor do globo. Isso resultou na participação de novas economias e culturas no novo sistema global de produção (BALDWIN, 2013). Como consequência, os empregos se tornaram globalizados e pulverizados, criando uma nova complexidade de gestão e organização (DEDRICK; KRAEMER; LINDEN, 2009).

Abrindo-se para novas e válidas possibilidades de desenvolvimento, passa-se a observar a influência e importância das micro, pequenas e médias empresas no contexto econômico, social e ambiental (URANI; COCCO; GALVÃO, 2002).

Os Arranjos Produtivos Locais (APLs) são aglomerações produtivas de pequenas empresas e sistemas produtivos territorializados que surgiram como conceito e ferramenta de política industrial no Brasil. Eles se assemelham aos Distritos Industriais italianos (BECATTINI, 1994) e aos Clusters industriais (PORTER, 1999), adaptados à realidade brasileira. Os APLs têm como objetivo estimular o desenvolvimento econômico territorial das localidades, combinando a reativação de economias de aglomeração com o suporte das vocações regionais.

O modelo organizacional das empresas sofreu transformações significativas com as novas economias. Enquanto no passado predominava um modelo burocrático com regulamentações rígidas e hierarquias de autoridade, atualmente há uma abordagem mais orgânica. As novas economias enfatizam a flexibilidade, a colaboração, a escalabilidade e o crescimento financeiro como pilares organizacionais. As empresas estão mais abertas à inovação constante e os negócios são diferenciados com características interpessoais. O processo de inovar ainda é considerado um processo complexo e distante para grande parte dos gestores e proprietários de pequenas empresas. A descrição de Schumpeter (1961) para a inovação, determina que tal processo deve gerar como resultado lucro e grande margem de liderança para a empresa que o realizar, indicando sua concepção de que uma pequena, ou até mesmo uma micro empresa, podem desfrutar de tal condição. Acrescenta-se sua posição de que pequenas empresas possuem potencial para romper barreiras e desestabilizar as condições dominantes das grandes empresas (FORSMAN, 2011).

No âmbito da nova economia, concretiza-se em três domínios fundamentais que a caracterizam. Em primeiro lugar, trata-se de um capitalismo informacional (CASTELLS, 2001), na medida em que a produtividade e a competitividade dependem da capacidade de as instituições e as pessoas gerarem, processarem e aplicarem informação baseada no conhecimento. Em segundo lugar, a globalização da economia deve-se ao fato de a produção, o consumo e a circulação de bens, serviços e pessoas estarem organizados à escala global, o qual contempla as instituições, as empresas e as pessoas que dominam os mercados financeiros, o comércio internacional, a produção transnacional, a ciência e a tecnologia e ainda o trabalho especializado (CASTELLS, 2001).  Em terceiro lugar, a economia caracteriza-se por uma configuração em redes de empresas (CASTELLS, 2000), assumindo aqui uma importância particular as empresas multinacionais.

Alguns fatores são fundamentais para definir os APLs: territorialização da produção; economias externas, vantagens competitivas locacionais; inovação e cooperação. O contexto territorial favorece a construção de redes materiais e cognitivas capazes de internalizar as inovações tecnológicas em processos de aprendizagem produtiva localizados, estimulando também a cooperação entre agentes econômicos e sociais. “Afinal, o espaço de produção, ao deixar a fábrica e passar a se referenciar na cidade, ganha uma conotação pública antes inexistente” (URANI; COCCO; GALVÃO, 2002). As economias externas, podem ser definidas como os benefícios coletivos que as empresas auferem em função de sua localização relativa, independentemente de qualquer operação econômico-comercial (MANZAGOL, 1985). As vantagens competitivas locacionais, ou competitividade territorial em aglomerados e APLs, decorrem, segundo Porter (1999), de três grandes aspectos: aumento da produtividade das empresas ou setores componentes; fortalecimento da capacidade de inovação devido à elevação da produtividade; e estímulo à formação de novas empresas, que reforçam a inovação e ampliam o aglomerado.

O termo inovação também tem sido colocado como um dos fatores fundamentais do sucesso de alguns APLs. Segundo Cassiolato e Lastres (2003), a inovação e o conhecimento colocam-se de forma crescente como elementos centrais da dinâmica e crescimento das nações, regiões e setores, no contexto das Tecnologias de Informação e Comunicação. A inovação, do ponto de vista tecnológico, refere-se às mudanças nos processos produtivos e produtos através da inserção de novos equipamentos, novas formas de gestão e organização da Quase integral vertical/QIV nas propriedades e no estilo dos produtos. A inovação, do ponto de vista social, decorre das novas práticas implementadas no sistema produtivo e atreladas às inovações produtivas, estabelecendo mudanças na organização interna e externa das fábricas, nas formas de gestão e governança setor-território dos aglomerados, nas estratégias de seleção e recrutamento da mão de obra, no regime social atrelado ao salariado, na divisão social do trabalho.

A cooperação nos APLs expressa as diferentes formas de colaboração e parceria entre empresas e instituições nos territórios locais. Santos, Diniz e Barbosa (2004) distinguem, em: a) a cooperação coordenada por uma instituição representativa de associação coletiva com autonomia decisória; b) a cooperação caracterizada pela colaboração feita para solucionar objetivos específicos, limitados e sem autonomia decisória, independentemente da negociação e do objetivo predefinido das partes.

Compreendeu-se que estes são peças fundamentais para o crescimento da economia regional, que se bem estruturada contribuem para o todo nacional, de forma sustentável, sendo inclusive considerados os possíveis fatores ambientais positivos. As políticas de desenvolvimento local estão diretamente ligadas a necessidade em se criar representatividades e autonomias de forma regional (ALVARENGA et al., 2013).

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