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Avaliação do Estado de Trofia do Reservatório de Santa Cruz - RN

Por:   •  6/7/2019  •  Trabalho acadêmico  •  2.685 Palavras (11 Páginas)  •  126 Visualizações

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INTRODUÇÃO

A água é um recurso natural, renovável e indispensável à vida, e de fundamental importância para as atividades econômicas, porém é escassa. Sua demanda, em termos econômicos e populacionais, infere na sua conservação e uso (Esteves, 1998; Bernardi, et al. 2013). Por isso, o manejo adequado deste bem, pode conduzir a excelentes resultados no processo de criação e sustentação, porém seu mau uso provoca uma degeneração grave no meio ambiente que está inserido (PAZ et al, 2000).

O semiárido brasileiro traz consigo a marca da escassez hídrica, proporcionada pela baixa pluviosidade e uma intensa evaporação. É uma região caracterizada pelo clima seco, estendendo-se por 1,03 milhão de km² correspondendo a 12% do território total do país. Compreendido por 1262 municípios distribuídos nos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e Minas Gerais, tem por característica geral uma pluviosidade média igual ou inferior a 800mm e déficit hídrico acima de 60% (IBGE, 2017).

Para minimizar o déficit hídrico que atinge a região, algumas medidas governamentais são realizadas, como por exemplo a implementação de infraestruturas que sejam capazes de manter o abastecimento humano, como também na irrigação e abastecimento animal. São criados então, reservatórios, seja de pequeno, médio ou grande porte, poços perfurados e em áreas rurais, a construção de cisternas.

Porém, os reservatórios têm por característica o barramento do curso natural do rio, que estoca a água e distribui para a população, isso anula os pulsos de inundações e diminui a estiagem. Sendo assim, a caracterização da represa tem seu lado negativo, por mudar a característica do local natural, transformando o ambiente antes lótico, em lêntico. E esses reservatórios, por serem concebidos para múltiplas finalidades, como irrigação, recreação, pesca e pecuária, acaba afetando a qualidade da água que se tem disponível (BOUVY et al., 2003, p.116).

Entre os principais problemas decorrentes do mau uso da água que afetam os corpos hídricos da região semiárida brasileira, estão: a eutrofização, ocasionada pelo aumento do nitrogênio e fósforo no ambiente aquático, a salinização, decorrente das características hidrogeológicas, climáticas ou manejo inadequado do corpo hídrico e a contaminação por efluentes, agrotóxicos, metais pesados ou outros dejetos (ARAÚJO et al., 2009) A eutrofização surge como uma das principais consequências adversas seja de

processos hidrogeológicos da bacia de drenagem ou em decorrência da contaminação por resíduos oriundos das atividades humanas. Elevados níveis de eutrofização proporcionam a quebra do equilíbrio natural das cadeias tróficas alterando os ciclos biológicos no corpo d’água (CHAPRA, 2008).

Ambientes eutrofizados são oportunos para o surgimento e expansão de florações de microalgas, destacando-se em ambientes de água doce, as cianobactérias. As florações resultam em um desequilíbrio ecológico no qual ocorre o crescimento excessivo do fitoplâncton com predominância de poucos grupos acarretando redução da diversidade biológica fitoplanctônica e origina problemas como a diminuição das concentrações de oxigênio, levando à morte organismos aquáticos, alterações na coloração, sabor e odor das águas (COSTA et al., 2006).  Como muitas espécies são consideradas nocivas, eventos de florações despertam preocupações devido aos riscos à saúde pública, especialmente quando a água do manancial é utilizada para o abastecimento público (Apeldoorn et al., 2007).

Procurando avaliar a saúde dos ambientes de acordo com o grau de eutrofização, Toledo Jr. (1990) criou o Índice do Estado Trófico, posteriormente adaptado por Lamparelli (2004). O Índice de estado trófico (IET) tem por finalidade avaliar a qualidade da água quanto ao enriquecimento por nutrientes, o aumento excessivo das algas e infestação de macrófitas aquáticas. Nesse índice, os resultados são calculados a partir dos valores de fósforo, e devem ser entendidos como uma medida do potencial de eutrofização, já que este nutriente atua como o agente causador do processo. Já os resultados correspondentes à clorofila são considerados como uma medida de resposta do corpo hídrico ao agente causador, indicando assim, o nível de crescimento de algas no local (CETESB, 2004).

Sendo assim, o objetivo desse trabalho é avaliar o padrão de eutrofização nos pontos de coleta, desde a Barragem de Santa Cruz em Apodi/RN, até a região próxima do estuário, em Passagem de Pedra, Mossoró/RN, determinando os impactos causados pela ação antrópica.

Materiais e Métodos

  1. Área de estudo

O estudo foi realizado ao longo do trecho do Rio Apodi-Mossoró, localizado na região oeste do estado do Rio Grande do Norte, no semiárido nordestino. No total foram 8 pontos de coleta (Tabela 1), começando pelo Reservatório de Santa Cruz (Apodi/RN), indo em direção a cidade direção ao estuário na cidade de Mossoró/RN.

Tabela 1: Pontos de amostragem. Fonte: Autoral.

Pontos

Local

Coordenadas Geográficas

P1

Santa Cruz Sup.

LA 5º 45' 38,7" - LO 37º 48' 03,5"

P2

Santa Cruz Meio

LA 5º 45' 38,7" - LO 37º 48' 03,5"

P3

Santa Cruz Fundo

LA 5º 45' 38,7" - LO 37º 48' 03,5"

P4

A Jusante

LA 5º 45' 46,9" - LO 37º 48' 01,7"

P5

Barr. de Genésio

LA 5º 57' 24,2" - LO 37º 45' 03,5"

P6

Arte da Terra

LA 5º 11' 08,0" - LO 37º 20' 33,1"

P7

P. Pedras-Mont

LA 5º 09' 24,1" - LO 37º 16' 37,4"

P8

P. Pedras-Jus

LA 5º 09' 19,1" - LO 37º 17' 09,7"

[pic 1]

Figura 1: Pontos de amostragem georreferencia e ortorretificada, na Bacia do Rio Apodi/Mossoró. Fonte: Autoral, Google Earth Pro.

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