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Base histórica da epidemiologia

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Por:   •  3/4/2014  •  Artigo  •  1.841 Palavras (8 Páginas)  •  571 Visualizações

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ARTIGO

Bases históricas da Epidemiologia

* Departamento de Medicina Pre- Naomar de Almeida Filho*

ventiva da UFBA.

O presente ensaio tenta sistematizar uma série de

informações esquemáticas sobre a história da Epidemiologia,

a fim de compreender a sua evolução enquanto disciplina

articulada ao desenvolvimento histórico dos principais

movimentos sociais na área da saúde. Discute-se as raízes

da Epidemiologia a partir do tripé Clínica-Estatística-

Medicina Social, o seu desenvolvimento inicial subsidiário

à Saúde Pública, a sua constituição ideológica e o seu

avanço técnico no bojo do projeto preventivista.

Finalmente, a Epidemiologia moderna é vista como uma

disciplina que retorna às suas raízes históricas e políticas no

movimento da Saúde Coletiva, opondo-se, a nível teórico,

às pressões para torná-la um mero instrumento

"método-lógico " da pesquisa clínica.

Recebido para publicação

em 06.03.85

A primeira medicina do coletivo é a Medicina Veterinária.

Foucault5 nos conta que a Academia de Medicina de Paris,

fundadora da Clínica moderna no século XVII, organiza-se

a partir da Ordem Real para que os médicos estudassem a

epidemia que periodicamente dizimava o rebanho ovino,

com graves perdas para a nascente indústria textil francesa.

Pela primeira vez, conta-se doenças no esforço de sua eliminação.

Foucault não nos diz se os insignes doutores obtiveram

algum resultado. O fato é que, em se tratando de humanos,

a "ciência clínica" começa reforçando mais ainda o

estudo do unitário, o caso.

No âmbito político, o século XVII testemunha o aparecimento

do Estado moderno. Especificam-se os conceitos de

Estado, Governo, Nação e Povo. A idéia de que a riqueza

principal de uma nação é o seu povo, aliada ao dado objetivo

de que o poder político é o poder dos exércitos, faz com

que seja necessário contar o povo e o exército, ou seja, o

Estado. A medida do Estado, a Estatística, o povo como

elemento produtivo, o exército como elemento beligerante,

precisam não apenas do número mas também da disciplina

e da saúde. Estas são as bases da "aritmética política" de

William Petty (1623-1697) e dos levantamentos pioneiros

da "Estatística Médica de John Graunt (1620-1674)8.

Durante o século XVII, o poder político da burguesia

emergente consolida-se pela "restauração", como na Inglaterra

e Alemanha, ou pela "revolução", como na França e

nos Estados Unidos. Diferentes tipos de intervenção estatal

sobre a questão da saúde das populações ocorrem no

período. Na Inglaterra, o "movimento hospitalista" e o

assistencialismo antecedem uma medicina da força de

trabalho já parcialmente sustentada pelo Estado em áreas

urbanas. Na França, com a Revolução de 1789, implanta-se

uma "medicina urbana" a fim de sanear os espaços das cidades,

disciplinando a localização de cemitérios e hospitais,

arejando as ruas e construções públicas e isolando áreas

"miasmáticas"5. Na Alemanha, Johann Peter Franck

(1745-1821) sistematiza as propostas de uma "Política

Médica", baseada na compulsoriedade de medidas de controle

e vigilância das doenças, sob a responsabilidade do

Estado, junto com a imposição de regras de higiene individual

para o povo14.

Em 1825, P.C. Alexandre Louis (1787-1872) publica em

Paris um estudo estatístico de 1960 casos de tuberculose.

Médico e matemático, Louis é também o percursor da avaliação

de eficácia dos tratamentos clínicos utilizando os

métodos da Estatística17. A abordagem de doenças pelo

"método numérico" influencia o desenvolvimento dos primeiros

estudos de morbidade na Inglaterra e nos Estados

Unidos, origem da Saúde Pública9. Alguns dos discípulos de

Louis iniciam o movimento da Medicina Social na França.

A Revolução Industrial e sua economia política trazem o

fato e a idéia da força de trabalho. A formação de um proletariado

urbano, submetido a intensos níveis de exploração,

expressa-se como luta política sob a forma de diferentes

socialismos, ditos utópicos porque iniciais. O desgaste da

classe

...

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