CARTONA UMA EMPRESA QUE GUARDA EMOÇÕES
Artigo: CARTONA UMA EMPRESA QUE GUARDA EMOÇÕES. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: • 16/11/2013 • 1.579 Palavras (7 Páginas) • 1.106 Visualizações
1 – Introdução
Este case relata o processo de sucessão da segunda para a terceira geração da empresa CARTONA CARTÃO
PHOTO NACIONAL LTDA. Relata os principais momentos da história da empresa e, mais especificamente,
apresenta o contexto em que a empresa estava inserida na época da sucessão, no período de abertura do
mercado, na década de 90, quando a empresa deixou de ser uma indústria orientada à produção, para se
tornar uma empresa orientada ao cliente. Descreve também, o modelo de gestão adotada após a sucessão
– a Gestão Compartilhada, discutindo aspectos importantes deste modelo de gestão. Aponta, ainda, os principais desafios que a empresa enfrenta no momento atual, dez anos após a sucessão, frente a uma nova
mudança no mercado em que atua.
2-Desenvolvimento
A câmera fotográfica apontava diretamente para
eles. Ela bem que podia estar ali para registrar o
momento, afinal, podia-se dizer que aquele era um
momento histórico. Mas não era uma câmera de verdade. Ao menos, não funcionava mais como uma câmera
mera de verdade. Estava ali artisticamente colocada
naquele canto para decorar a sala de reuniões.
A câmera foi trazida para a empresa por Ricardo
Augusto Monegaglia em 1977. Ela havia pertencido a um fotógrafo “lambe-lambe” dos anos 50 que
tirava fotos dos paulistanos na Praça da República.
Ricardo resolveu trazê-la para a empresa porque,
além de se tratar de uma peca de antiguidade com
valor histórico, ela seria um excelente símbolo do
que representava sua empresa - um instrumento
de “captura” das emoções. Isso mesmo, sua empresa, assim como aquela câmera teria a missão
de “guardar” emoções.
O que não se sabia ao certo é se quando Ricardo
a colocou ali, escolheu sua posição com a intenção
consciente de apontá-la para a mesa de reuniões,
como que desejando que ela “capturasse” os episódios mais importantes da empresa, vividos ali
naquela sala ou aquilo era uma simples coincidência. Esse detalhe jamais seria revelado, uma vez
que não havia mais como perguntar isso a Ricardo.
Infelizmente ele estava morto.
Ricardo Monegaglia que havia comandado a empresa ao longo de 30 anos, havia falecido repentinamente num acidente de carro. Agora, o que todos
se perguntavam - funcionários, fornecedores, clientes e concorrentes - era o que seria da empresa.
Naquela manhã, uma terça-feira de fevereiro de
1997, no dia seguinte ao enterro de seu pai, Ricardo Filho, de 28 anos, Rodolpho de 27 anos e Rodrigo
de 26, estavam reunidos na sala de reuniões sob a
mira daquela velha câmera fotográfica que, infelizmente, não poderia registrar aquele que era sim um
momento histórico. Naquela reunião seria decidido
o destino da CARTONA.
Não foi difícil para os irmãos chegarem a um consenso. Nem chegou a passar pela cabeça de nenhum deles alguma dúvida quanto ao caminho
que tomariam. A CARTONA continuaria sua missão. Continuaria a “guardar” emoções. Continuaria a “guardar” as emoções da família Monegaglia, sob a gestão da terceira geração, para que
seus clientes pudessem continuar a “guardar”
suas próprias emoções.
A história da empresa CARTONA CARTÃO PHOTO NACIONAL LTDA. se confunde com a própria história da
fotografia no Brasil.
Inventada na segunda metade do século XIX, a
pequena caixa de madeira capaz de registrar e
reproduzir imagens permitiu que o homem conquistasse um novo passo rumo à eternidade, registrando de forma indelével e permanente tudo
o que parecia ser importante no mundo: retrato
de pessoas, paisagens, monumentos, sítios urbanos e acontecimentos, impondo uma nova visão
de mundo, cujo conteúdo elevado de informações
precisas e realistas possibilitou uma democratização do saber.
Foi em 19 de agosto de 1839 que o físico Arago
deu a conhecer oficialmente, na Academia das Ciências, em Paris, a invenção da fotografia, creditada aos franceses Nicéphore Niepce (1765-1844) e
Louis Mande Daguerre (1781-1851). Vale destacar
que alguns anos antes, em 1832, o francês radicado
no Brasil Hércules Romuald Florence (1804-1879)
descobre, no interior de São Paulo, um processo de
gravação através da luz, que batizou de Photografie,
mas que só foi oficialmente reconhecido 140 anos
depois a partir da publicação do livro do jornalista e
professor Boris Kossoy, “1833: a Descoberta Isolada
da Fotografia no Brasil”
Independentemente das controvérsias sobre a verdadeira autoria da invenção da máquina fotográfica, o fato é que ela foi oficialmente apresentada no
Brasil em 1840, no Rio de Janeiro. Nesta época, o
Brasil, afastado geograficamente das grandes metrópoles europeias que passavam por profundas revoluções culturais e intelectuais, recebia as novidades de forma muito aberta e a fotografia tornou-se
moda num prazo bem curto de tempo. A sociedade
brasileira do período do Império tratou de usufruir
a nova técnica, passando a fotografar e registrar
todas as imagens possíveis. Em especial, D Pedro II
se interessou profundamente pela fotografia e tornou-se praticante e colecionador da nova arte, em
função do que, trouxe para o Brasil os melhores fotógrafos da Europa, patrocinou grandes exposições,
promovendo a arte fotográfica brasileira e difundindo a nova técnica por todo o Brasil.
Os profissionais liberais da época, grandes comerciantes e outras pessoas de uma situação financeira abastada, passaram a se dedicar à fotografia em
suas horas vagas. Para essa nova classe urbana em
ascensão, carente de símbolos que a identificassem
socialmente, a fotografia veio bem a calhar criando-lhe uma forte identidade cultural.
O sucesso da fotografia no Brasil foi tão grande
que, em menos de um século depois, em outubro
de 1920 a Kodak2
instalou seu primeiro escritório
no Brasil.
Apenas sete anos após a fundação da Kodak no
Brasil, em 1927, foi fundada a empresa CARTONA
CARTÃO PHOTO NACIONAL LTDA. por João José
Monegaglia, filho de imigrantes italianos. No início,
aproveitando a grande demanda gerada pela abertura da Kodak e a facilitação do comércio de papéis
fotográficos no Brasil, a empresa iniciou a produção
de capas de cartão para fotografias de formaturas
e casamentos. Com o decorrer do tempo e com a
popularização da fotografia, as capas se transformaram em álbuns fotográficos.
Os primeiros modelos eram conhecidos como Álbuns
de Cantoneira, onde as fotos eram fixadas com cantoneiras que permitiam a fixação de fotos de qualquer tamanho. A partir da década de 50, os fotográficos
profissionais, em grande maioria da colônia
japonesa, começaram a migrar para o varejo dando
origem aos antigos “fotinhos”. Percebendo o crescimento do mercado, em 1954 a
Kodak iniciou a fabricação nacional de papéis fotográficos
preto-e-branco e em 1958, a Fujifilm3
chegou ao
Brasil, país escolhido para abrigar sua primeira filial
fora do Japão. Com duas unidades fabris instaladas
- uma em Caçapava (SP) e outra em Manaus (AM) a
empresa aqueceu o mercado de produtos fotográficos no Brasil e, com isso, houve um grande crescimento da demanda por álbuns para amadores, o que
fez com que a CARTONA aproveitasse esse momento
iniciando um processo de expansão.
Durante a década de 70, a CARTONA lançou no Brasil
os Álbuns de Folhas Autocolantes que apresentam o
mesmo conceito dos álbuns de cantoneira - armazenar
fotos de qualquer tamanho em qualquer posição sem a
necessidade de serem fixadas com as cantoneiras, trazendo, portanto, uma inovação para os consumidores.
Ao final da década de 80 com o advento dos Minilabs,
as máquinas de revelação em 1 hora, criou-se um
padrão de tamanho para as fotografias (10 x 15 cm)
e, mais uma vez, a CARTONA sai na frente e lança no
Brasil os Álbuns de Encaixe (Pocket). Neste momento
ela consolidou definitivamente sua posição de líder
de mercado no segmento Álbuns Fotográficos, posição
que ela continua ocupando até os dias atuais.
O DESAFIO PARA OS PRÓXIMOS CINCO ANOS
Hoje a CARTONA é uma empresa com 79 anos e uma
história de sucesso - está sob o comando da terceira
geração dos Monegaglia e é líder no mercado de Álbuns Fotográficos.
Sobreviveu a um momento histórico da economia nacional na década de 90, passando por uma grande
transição durante o período de abertura do mercado
nacional, deixando de ser uma empresa puramente
industrial e mudando seu foco de produção para distribuição e marketing. Para se ter uma ideia desta
transformação, em 1997, quando os irmãos Monegaglia assumiram, a CARTONA contava com uma equipe
de 35 vendedores e 160 colaboradores de outras áreas. Em 2001, este quadro havia mudado e a empresa
possuía mais de 100 vendedores e 93 colaboradores
de outras áreas. Paralelamente, a área de produção
intensificou a terceirização de muitos processos, o
que possibilitou a redução do quadro fabril. Este movimento expansionista foi a estratégia que os irmãos
Monegaglia adotaram para que a empresa mantivesse sua posição e visibilidade no mercado.
A partir de 2002, detentora de 55% do mercado, a
CARTONA começou a mudar de foco novamente e passou adotar uma estratégia que visa manter sua posisão
atual no mercado e aumentar sua rentabilidade.
Atualmente, além de produzir e distribuir Álbuns Fotográficos, a CARTONA trabalha com mais três linhas
de produtos, Cartona digital (cases para proteção de
câmeras e outras materiais de fotografia), Cartologic
(porta CD e DVD) e Scrapbooks (cartelas adesivas e
folhas decoradas)
3- Consideração finais
No momento, a CARTONA tem dois grandes desafios:
o primeiro é crescer como um todo como empresa e o
segundo é enfrentar uma nova fase de transição buscando se adaptar a um novo momento do mercado
fotográfico marcado pelas inovações tecnológicas que
impactaram profundamente esta área.
Com o avanço da fotografia digital, todo o cenário
do mercado fotográfico está se modificando. As vendas de máquinas fotográficas, acessórios e serviços
correlatos como filmes, revelação, cópias e foto acabamento em geral estão sofrendo uma grande mudança, fazendo com que fabricantes e distribuidores
de impressoras especiais e de softwares destinados
à edição das fotografias e organização de álbuns e
arquivos sofram um enorme impacto.
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